I-
REFLEXÃO DOMINICAL I-
SE
NÃO VOS CONVERTERDES, IREIS MORRER TODOS DO MESMO MODO
A Escritura conta que Deus mandou a Davi o
profeta Natã. Este entrou em sua casa e disse-lhe: “Dois ho- mens moravam na
mesma cidade, um rico e outro pobre. O rico possuía ovelhas e bois em grande
quantidade; o pobre, porém, só tinha uma ovelha, pequenina, que ele comprara.
Ele a criava e ela crescia junto dele, com os seus filhos, comendo do seu pão,
bebendo do seu copo e dormindo no seu seio; era para ele como uma filha. Certo
dia, chegou à casa do homem rico a visita de um estranho e ele, não querendo tomar
de suas ovelhas nem de seus bois para aprontá-los e dar de comer ao hóspede que
lhe tinha chegado, foi e apoderou-se da ovelhinha do pobre, preparando-a para o
seu hóspede”. Davi, indignado contra tal homem, disse a Natã: “Pela vida de
Deus! O homem que fez isso merece a morte. Ele restituirá sete vezes o valor da
ovelha, por ter feito isso e não ter tido compaixão”. Natã disse então a Davi:
“Tu és esse homem. Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: Ungi-te rei de
Israel, salvei-te das mãos de Saul, dei-te a casa do teu senhor e pus as suas
mulheres nos teus braços. Entreguei-te a casa de Israel e de Judá e se isso
fosse ainda pouco, eu teria ajuntado outros favores. Por que desprezaste o Senhor,
fazendo o que é mau aos seus olhos? Feriste com a espada Urias, o hitita, para
fazer de sua mulher a tua esposa e o fizeste perecer pela espada dos Amonitas.
Por isso, jamais se afastará a espada de tua casa, porque me desprezaste,
tomando a mulher de Urias, o hitita, para fazer dela a tua esposa. Eis o que
diz o Se- nhor: Vou fazer com que se levantem contra ti males vindos de tua
própria casa. Sob os teus olhos, tomarei as tuas mulheres e as darei a um outro
que dormirá com elas à luz do sol! Porque agiste em segredo, mas eu o farei
diante de todo o Israel e diante do sol”. Davi disse a Natã: “Pequei contra o
Senhor”. Natã respondeu-lhe: “O Senhor perdoa o teu pecado; não morrerás.
Todavia, como desprezaste o Senhor com essa ação, morrerá o fi- lho que te
nasceu”. (Cf. 2Sm 12,1-15). Não é difícil que isso aconteça com a maior parte
de nós, religiosos, homens e mulheres dedicados à fé e ao serviço de Deus.
Podemos, com grande facilidade, nos iludir achando que já demos passos
significativos e, por isso, já podemos nos tranquilizar. O resultado disso é
que, tão fácil quanto nos sentimos já realizados, nos colocamos como pessoas
capazes de interpretar os males que acontecem aos outros e considerá-los como
consequências naturais de suas vidas ainda inferiores à nossa. O mesmo não
faríamos se tais males acontecessem em nossas vidas e não na de outros. No
Evangelho desse Domingo Jesus nos alerta de que a conversão é tarefa universal.
Todos temos de nos converter. E se nos esquecemos disse, talvez fosse útil
lembrar do exemplo do Rei Davi, que se considerava muito justo, não obstante o
que fizera com Urias, o hitita. Não tivesse o profeta Natã lhe mostrado, não
através de um julgamento, mas através de uma reflexão, que ele não era tão bom
quanto pensava, Davi continuaria com sua soberba. Natã foi muito sábio quando
fez com que Davi pronunciasse uma sentença de Justiça fazendo com que não
percebesse que estava julgando a si mesmo. É assim que acontece também conosco:
se tivéssemos a consciência do quanto somos limitados, teríamos muito mais
prudência ao julgar as ações de nossos irmãos e nos preocuparíamos mais com a
própria conversão.
Dom Rogério Augusto das Neves Bispo Auxiliar
de São Paulo Vigário Episcopal para a Região Sé
https://arquisp.org.br/wpcontent/uploads/2025/01/Ano-49C-22-3o-DOMINGO-DE-QUARESMA.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário