X-REFLEXÃO DOMINICAL IV
"AS TENTAÇÕES DE
CRISTO"
Em certa ocasião ganhei de um amigo um par de pneus especiais
para colocar no meu carro,, que segundo ele, eram ótimos para rodar no meio da
lama e em estradas de terra de pista irregular, sendo que meu amigo garantiu-me
ainda que não havia obstáculo que os mesmos não ultrapassassem, porque eram
feitos com borracha especial e que tinham uma alta resistência. Confesso que
nunca soube ao certo se todos esses atributos dos pneus era mesmo verdade,
simplesmente porque jamais passei com eles por terrenos ou estradas com essas
características. Da mesma forma, a nossa fé só se pode mostrar verdadeira e
autêntica em sua fidelidade, se for comprovada diante das tentações.
Poderíamos ainda como exemplo, citar o caso de uma pessoa que
está fazendo regime e assegura a todos que já aprendeu a se controlar em
relação aos alimentos, porém, não pode passar diante de uma padaria que acabará
não resistindo aos doces e guloseimas expostas no balcão e deverá, para o seu
bem, manter-se longe das “tentações”. Na vida do cristão isso não pode
acontecer. Jesus Cristo não fugiu das tentações, mas as enfrentou com coragem,
confirmando assim sua total fidelidade ao Projeto do Pai.
Quando temos medo de freqüentar “certos ambientes” ou estar na
companhia de certas pessoas de má fama, estamos manifestando o desejo de correr
das tentações porque no fundo, achamos que talvez o mal presente nelas, tenha
mais força do que a graça de Deus que trazemos conosco. Se Jesus pensasse dessa
forma, com certeza não teria freqüentado a casa dos pecadores e nem andado com
mulheres como Maria Madalena, e nem chamado para o seu grupo pessoas como
Mateus, cobrador de impostos.
Na primeira tentação, o diabo tenta convencer Jesus a tirar
vantagem da sua condição divina “Olha, deixa de ser bobo e use o seu poder
divino transformando essas pedras em pães para saciar a sua fome”. Usar o poder
que algum cargo nos confere, na vida pública, na vida profissional e até mesmo
na comunidade, para beneficiar-se a si próprio, como Jesus, teremos de saber
resistir a essa tentação que é muito forte, pois se ele tivesse caído na lábia
do tentador, não seria realmente um homem, mas teria apenas a aparência humana
e seu sofrimento seria uma grande farsa.
Na segunda tentação está outro grande perigo: ter poder para
dominar a tudo e a todos, ser influente e importante e fazer com que as pessoas
venham todas “comer na palma da nossa mão”, como costuma se dizer para mostrar
a nossa superioridade. Ser o dono da vida das pessoas, mandar e desmandar, o
diabo ofereceu todos os reinos do mundo a Jesus, isso significa dizer que toda
a humanidade estaria submetida a ele, e nesse caso o seu reino seria imposto e
os homens não teriam escolha, seria obrigados a aceitá-lo. Prostrando-se aos
pés do diabo, Jesus estaria aceitando fazer o seu “jogo”, usando o seu método
diabólico. Contrariando a proposta sedutora do diabo, Jesus irá prostrar-se não
a seus pés, mas aos pés dos discípulos, colocando em lugar do Poder o Servir.
Precisamos tomar muito cuidado para que na comunidade não sejamos surpreendidos
cedendo a esta tentação.
E finalmente a terceira tentação: exigir de Deus uma prova do
seu amor para conosco isso é, “poderei me jogar do vigésimo andar de um prédio,
que nada irá me acontecer porque Deus não irá permitir”, foi esse verbo que o
apóstolo Pedro empregou, quando tentou convencer Jesus a fugir do seu destino –
Deus não permita tal coisa, Senhor. Isso é tentar a Deus e colocá-lo á prova!
Nos momentos mais difíceis de sua vida Jesus nunca duvidou do amor do Pai, nem
mesmo quando estava na cruz do calvário, experimentando o fracasso aos olhos
dos seus aos quais tanto amou.
As tentações de Jesus resumem bem, todas as tentações que
enfrentamos nessa vida, sendo ocasiões oportunas para provar a nossa fidelidade
ao projeto de Deus e a nossa capacidade de usarmos com sabedoria a liberdade
que o próprio Deus nos concedeu. É assim que devemos buscá-lo nesta quaresma,
através do jejum, da oração e da esmola, que nos ajudará no processo de
conversão aproveitando ao máximo todos os momentos que a vida nos oferece,
porque como vimos na liturgia da quarta feira de cinzas, este é o tempo
favorável em que o Senhor se deixa encontrar. Importante também lembrar que as
tentações evoluem, quanto mais resistência e força tivermos, mais forte ela irá
voltar, o diabo sempre acha que no segundo embate ele levará vantagem.
O texto afirma que o tentador deixou Jesus para voltar em outro
tempo, que viria a ser na cruz do calvário onde se consolidou a vitória da
Cruz, sinal da Fidelidade de Jesus ao Pai. Portanto, não descuidemos da
retaguarda!
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0304.htm#msg01
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