IV- LITURGIA DA SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO
-
Celebramos hoje a solenidade de São Pedro e São Paulo, as Colunas da Igreja, ou
como nos recorda a oração Coleta para este dia "fundamentos da fé".
Eles não escondem suas falhas, mas a graça de Deus triunfou sobre suas
fragilidades. A festa de São Pedro e São Paulo também pode ser uma ocasião
privilegiada para aprofundar o nosso "ser Igreja. A experiência de fé
deles e, naturalmente, de toda a Igreja ao longo de sua história, tem como
fundamento o encontro com a pessoa de Jesus e se edifica no seu seguimento.
Esse encontro, porém, não é fruto de uma iniciativa humana. É Deus mesmo que
vem ao encontro da sua criatura por excelência, quando a chama para a
existência e à plenitude de vida. Foi assim com Pedro: "Feliz és tu,
Simão, filho de Jonas, porque não foi nem sangue nem a carne que te revelaram
isso". Deus quis se revelar ao ser humano.
-
A primeira leitura (At 12,1-11) nos
apresenta uma cena poderosa: Pedro está na prisão, acorrentado, mas a
comunidade cristã reza insistentemente por ele. E o que acontece? Deus envia um
anjo para libertá-lo. Esse episódio nos ensina que a oração da Igreja tem
poder. Nos momentos de dificuldade, perseguição e incerteza, o povo de Deus é
chamado a se unir em oração, confiando na providência divina. Quantas vezes
também nós enfrentamos "prisões" em nossas vidas: medos, dificuldades
e provações. Assim como a comunidade cristã rezava por Pedro, somos chamados a
rezar uns pelos outros, a sermos Igreja que intercede e cuida dos seus irmãos,
pois a oração nos fortalece e nos mantém unidos.
- Na
segunda leitura (2Tm 4,6-8.17-18), São Paulo, já no final de sua missão,
fala com confiança: "Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a
fé". Ele reconhece que sua força veio do Senhor, que sempre esteve ao seu
lado. Paulo não trabalhou sozinho; ele contou com a graça de Deus e com a
comunidade cristã. A vida de São Paulo nos ensina que ser cristão é perseverar,
mesmo diante das adversidades. Ele nos mostra que amar a Igreja significa
entregar-se totalmente à sua missão. Não podemos ser cristãos isolados, mas
devemos estar inseridos na comunidade, dispostos a dar a vida pelo Evangelho.
-
O Evangelho de hoje nos apresenta um
momento imprescindível no caminho do seguimento de Jesus: a decisão de
conhecê-lo mais profundamente. A pergunta que Jesus dirige aos discípulos, de
forma didática em dois momentos, marca decisivamente esse caminho. Fica claro
que não basta apenas repetir o que os outros afirmam: "Quem dizem os
homens ser o Filho do Homem?" É necessário também expressar, a partir da
convivência com Ele, o que conhecemos sobre sua pessoa e missão.
-
A resposta deve ser pessoal, mas isso não significa intimismo ou espiritualismo
individualista, pois ninguém conhece Jesus sem acolher o testemunho da
experiência dos outros, que, por sua vez, também o encontraram na comunidade,
na Igreja querida e edificada pelo próprio Senhor. É ela o lugar por excelência
do encontro e do conhecimento de sua Pessoa. "E vós, quem dizeis que eu
sou?" Só é capaz de anunciar Jesus aquele que faz uma experiência real com
Ele. Pedro é pescador e rude, negou Cristo três vezes. Já Paulo é perseguidor
dos cristãos. Mesmo assim, Cristo quis contar com os dois para o anúncio do
Reino. Tanto que, no Evangelho que escutamos ontem, na Missa da Vigília, o
Ressuscitado se dirige a Pedro e diz: "Simão, filho de Jonas, tu me amas?
Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15). O pastor é aquele que cuida,
alimenta e dá a vida pelas ovelhas. Essa é a missão de Pedro. Mas por que
Pedro? Por que Paulo? Deus chama os fracos para confundir os fortes, aqueles
que, aos olhos do mundo, parecem não ter utilidade. Deus trabalha nas
fragilidades. A pergunta de Jesus a Simão Pedro deve ter uma profunda ressonância
em todos nós. O decisivo não é o quanto sabemos sobre Ele, mas o significado e
o sentido de sua proposta em nossa vida para o discipulado.
-
Pedro e Paulo sofreram muito por causa do Evangelho. Deram suas vidas por
Cristo. Por isso, celebramos com honra e dignidade neste domingo. Pedro e
Paulo, santos e pecadores, são colunas da Igreja de Cristo. Ele, sim, a pedra
fundamental, sem defeito. Hoje é dia de declarar nosso amor à Igreja. Pedro e
Paulo deram suas vidas por ela, conscientes de que estavam servindo a Cristo.
Diante dos desafios do mundo atual, devemos permanecer firmes na fé, unidos na
oração e comprometidos com a missão da Igreja.
https://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2025/05/29_06_25-1.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário