XII-
SANTO
AGOSTINHO
A Oração de Santo
Agostinho
A oração foi originalmente publicada
em seu livro, Confissões, e além de ser um verdadeiro testemunho, é também um
poema.
Essa oração foi escrita por
intercessão de sua mãe, Santa Mônica, que o fez perceber que estava perdendo
tempo em sua vida com os pecados da carne, ao invés de se dedicar ao espírito.
Depois disso ele mudou completamente
de vida, e o resultado foi essa oração que você vai ver agora.
Tarde Te amei ó beleza tão antiga e tão nova.
Tarde Te amei!
Trinta anos estive longe de Deus, mas, durante esse tempo, algo se movia
dentro do meu coração.
Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não
achava.
Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste
conhecer-Te.
Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu
auxílio.
Tu estavas dentro de mim e eu fora.
Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes,
O ruído incessante dos mares,
O belo e ininterrupto curso dos rios,
Os majestosos movimentos dos astros.
E, no entanto, passam ao largo de si mesmos.
Não se arriscam na aventura de um passeio interior.
Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores
que só faziam me afastar, cada vez mais, daquele a Quem meu coração, sem saber,
desejava.
Eis que estavas dentro e eu fora.
Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti.
Estavas comigo e não eu Contigo.
Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez.
Fizeste-me entrar em mim mesmo.
Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido.
Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo,
A fim de que eu enxergasse o indigno que era,
O quão deformado, manchado e sujo eu estava.
Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse:
“Os ignorantes nos arrebatam, o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos
debatemos em nossa carne”.
Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim
mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”.
Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha.
Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê”.
Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira.
Então, corri à Bíblia, abri-a e li o
primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar.
Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim:
“Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas
rixas e ciúmes.
Mas revesti-vos do Senhor Jesus
Cristo” (Romanos 13, 13).
Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim.
Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha
vida.
Exalaste Teu Perfume e respirei.
Agora suspiro por Ti, anseio por Ti!
Deu de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com
Quem habitar é viver.
Deus de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem
apoiar-se é estar seguro.
Deus a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem
conhecer é possuir.
Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a
Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.
Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti.
Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz.
Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo.
Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante!
Quem conhece a Verdade conhece esta Luz.
Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade!
Tu és o meu Deus!
Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci.
E mostraste-me então Quem eras.
E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!
E agora, Senhor, só amo a Ti!
Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!
Tarde te amei. Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu Te amei.
Eis que estavas dentro, e eu, fora, e fora Te buscava, e me lançava
disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste.
Estavas comigo, e eu não estava Contigo.
Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti.
Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez.
Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira.
Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei.
Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti.
Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!
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