IV-
LITURGIA DO
XXI DOMINGO DO TEMPO COMM ANO C
- Neste 21º Domingo do Tempo Comum a
Liturgia da Palavra propõe-nos o tema da "salvação". Diz-nos que o
acesso ao "Reino" - à vida plena, à felicidade total
("salvação") - é um dom que Deus oferece a todos os homens e
mulheres, sem exceção; mas, para lá chegar, é preciso renunciar a uma vida
baseada em valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes,
autossuficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da
vida.
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Na primeira leitura, o Profeta
Isaías nos lembra que Deus não apenas quis salvar o povo de Israel do exílio
babilônico, como também o encarregou de abrir o Templo e a aliança a todas as
nações. Quando Deus concede um privilégio, como foi a salvação de Israel do
cativeiro babilônico, esse privilégio se torna responsabilidade para com os
outros. Deus rejeita a autossuficiência e deseja que todas as nações possam
integrar o seu Povo. Não é novidade nenhuma dizer que "ao novo Povo de
Deus, todos os homens são chamados" (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium,
13). No Povo de Deus não é decisivo nem a raça, nem a posição social, nem a
preparação intelectual, mas sim a adesão a Jesus e o compromisso com o projeto
de salvação que o Pai oferece, em Jesus. As nossas comunidades devem ser espaços
de igualdade, de fraternidade, de acolhimento, sem nenhum tipo de
discriminação, de exclusão.
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A Carta aos Hebreus faz um apelo à
constância e a perseverar na fé. Ela se destina a uma comunidade que já perdeu
o entusiasmo e começa a conhecer as tribulações e as perseguições, e corre o
risco de abandonar a fé. Neste contexto, o convite é para os cristãos aceitarem
as correções e repreensões de Deus como um Pai amoroso, preocupado com a
felicidade dos filhos. Uma certa mentalidade religiosa popular considerava o
sofrimento como um castigo de Deus para o pecado do homem. No entanto, o
sofrimento não é um castigo, mas sim uma pedagogia que Deus utiliza para nos
amadurecer e nos ensinar a viver. Como sinais do amor que Deus nos tem, os
sofrimentos são uma prova da nossa condição de "filhos de Deus". Além
de nos mostrarem o amor de Deus e o desejo de salvar-nos, as provas
aperfeiçoam-nos, transformam-nos, levam-nos a uma mudança de vida. O sofrimento
não é bom em si; mas ajuda-nos a perceber certos caminhos sem sentidos que
seguimos e a corrigir o rumo da nossa vida.
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No Evangelho, Jesus nos fala que a
porta do Reino Eterno é estreita e exige, de cada um de nós, força para cumprir
os critérios para entrar no Reino e ser conhecido por ele. Alguém perguntou a
Jesus: "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?" A
resposta de Jesus, como sempre, não vem com um sim ou um não, mas trará um
apelo para os seus ouvintes: "Fazei todo esforço possível para entrar pela
porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não
conseguirão". Portanto, a resposta de Jesus não é se são poucos ou muitos
os que se salvam, mas ele ensina o que se deve fazer para entrar no seu Reino.
E Jesus vai além. Ele ensina como fazer: uma maneira é se esforçar para entrar
pela "porta estreita", ou seja, viver os valores do Reino. Qual a
chave para podermos entrar por esta porta que nos leva à salvação? O que poderá
me atrasar a chegada da porta do Reino?
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Jesus nos ensina que precisamos nos esforçar para poder chegarmos a tempo à
porta que leva ao Reino definitivo. Esforçarmos para viver o amor, o perdão, a
fraternidade e a prática da Justiça. Porque o seu Reino não é para um grupo de
privilegiados, mas para os que vivem o que ele anunciou ao mundo, isto sem
discriminação de cultura, raça ou nação. Ou seja, a salvação de Deus é
oferecida a todos os homens que seguem o caminho de Jesus. Nele, cumpre-se a
promessa da salvação universal anunciada pelos profetas.
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Agora ficam duas reflexões para nós cristãos que ouvimos a Palavra e buscamos
nos aperfeiçoar no caminho de Jesus. Primeiramente, já sabemos o que devemos
fazer para chegar a tempo à porta estreita e depois sermos acolhidos pelo dono
da casa celestial. Depois, não devemos ignorar os outros que, mesmo sem o completo
conhecimento dos valores do Evangelho, poderão fazer parte da mesa do Reino de
Deus.
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Se quisermos também nós entrar pela porta estreita, devemos empenhar-nos a ser
pequenos, isto é, humildes de coração como Jesus, como Maria, sua e nossa Mãe.
Foi ela a primeira, seguindo Jesus, a percorrer o caminho da Cruz e foi elevada
à Glória do Céu, como recordamos há alguns dias. O povo cristão invoca-a como,
"Porta do Céu". Peçamos-lhe que nos guie, nas nossas opções
cotidianas, pelo caminho que conduz ao Reino celestial.
https://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2025/07/24_08_25.pdf
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