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A BOA NOVA
E AS COISAS NOVAS DE LEÃO XIVc- Aoisas Artigo de Eliseu
O artigo é
de Eliseu
Wisniewski.
Eliseu Wisniewski é
presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos), Província do Sul,
mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Eis
o artigo.
A obra
intitulada Leão XIV:
a Boa-Nova e as coisas novas (Paulinas, 2025, 216 páginas) foi
organizada pelos professores Francisco de Aquino
Júnior e João Décio Passos.
Especialmente dedicada à eleição do Cardeal Robert Prevost, agora Papa Leão XIV, oferece uma
reflexão aprofundada sobre seu significado para a Igreja e para a sociedade em
um momento de grandes transformações.
A publicação
reúne treze reflexões elaboradas por diversos autores destacados, incluindo Dom Joaquim Mol
Guimarães, Agenor Brighenti,
Augusto Rinaldi, Claudio de Oliveira Ribeiro, Dário Bossi, Eduardo Brasileiro, Fernando Altemeyer,
Francisco Aquino Júnior, João Décio Passos, Leomar Nascimento de Jesus, Luiz Augusto de Mattos, Luiz Marques, Maria Clara Bingemer, Moema Miranda, Reginaldo Nasser,
Ricardo Hida, Rosana Manzini e
Tiago Cosmo da Silva Dias. O objetivo central das reflexões aí contidas é
oferecer uma análise inicial e necessária sobre o impacto da eleição do novo
Papa na Igreja atual e na sociedade, buscando promover uma compreensão mais
profunda das mudanças em curso e do papel que o Papa Leão XIV pode
desempenhar nesse contexto de renovação e esperança.
"Leão XIV: a Boa-Nova e as coisas novas
" de Francisco de Aquino Júnior e João Décio Passos
As palavras
iniciais são de Dom Joaquim
Giovani Mol Guimarães, bispo coadjutor de Santos, SP. Este reflete sobre
a relação entre as expectativas, desejos e a realidade do Papa Leão XIV (p.
7-11). Ele destaca que nossas percepções e ideias sobre quem ele é ou deve ser
são fruto de nossas reflexões e anseios, mas também de nossas esperanças de
como ele se revelará na prática. Ao mesmo tempo, enfatiza que estamos agora
abertos para conhecer o verdadeiro perfil do Papa Leão XIV, à medida que
ele revela suas qualidades, valores e liderança a partir de seu interior. Sua
forma de liderar será fundamental para orientar um universo de aproximadamente
1 bilhão e 406 milhões de católicos ao redor do mundo. Reforça, ainda, que o
Papa atua como bispo de Roma e
líder de toda a Igreja, colocando-se a serviço do Povo de Deus. Inspirado pelos
fundamentos do Vaticano II e
pelo exemplo do Papa Francisco,
Leão XIV busca uma fidelidade renovada a Jesus Cristo e ao Reino de Deus,
elementos centrais que devem ocupar o lugar principal na vida da Igreja, em
suas instituições, bem como na vida individual dos cristãos. Assim, há uma
expectativa de que sua liderança seja marcada por essa busca por autenticidade,
fidelidade ao Evangelho e compromisso com os valores do Reino, promovendo uma
Igreja mais próxima das pessoas e fiel à missão cristã.
Os
organizadores explicam a estrutura e o enfoque das reflexões presentes na
coletânea, destacando que elas estão organizadas em torno de dinâmicas
dialogais essenciais para a compreensão do papel da Igreja e do Papa no mundo
contemporâneo (p. 18-13). Primeiramente, há o movimento de escuta, que
representa a abertura da Igreja para ouvir as necessidades, os clamores e as
esperanças do povo
de Deus. Essa escuta é fundamental para que a Igreja seja mais
próxima, acolhedora e fiel às realidades atuais. Em segundo lugar, está o
movimento de interpretação, que envolve compreender esses apelos da realidade
atual, como desafios sociais, econômicos, culturais e espirituais, à luz do
Evangelho e dos ensinamentos cristãos. Essa interpretação busca orientar a ação
da Igreja e do Papa diante das complexidades do mundo moderno. Por fim, há o
movimento de fala, no qual o Papa exerce seu ministério como pastor supremo dos
católicos, líder religioso que dialoga com diferentes culturas e religiões, e
iluminador dos caminhos da humanidade. Nesse papel, ele orienta, inspira e
oferece esperança às pessoas em suas buscas por sentido e justiça.
As reflexões
dos diversos autores e autoras ilustram esses dois movimentos principais: a
renovação interna da Igreja conectada ao Vaticano II e às propostas/renovação
de Francisco, e os apelos concretos da realidade atual. Assim, a obra busca
mostrar como o Papa atua como um líder que escuta, interpreta e fala ao mundo,
promovendo um diálogo vivo entre a fé cristã e os desafios contemporâneos.
Nesta
perspectiva, a obra inicia com uma apresentação biográfica do novo Papa, contextualizando
sua trajetória e características pessoais (p. 21-38), e é estruturada/dividida
em duas grandes partes, promovendo diálogos entre:
a) o legado do Papa Francisco (p.
39 -102): abordando temas como a nova imagem do Papa (p. 41-54), a reforma
permanente da Igreja (p. 55-64), o magistério social (p. 65-74), a inclusão e
os desafios de uma Igreja sinodal (p.
87-101). Essa seção reflete as principais linhas de ação e pensamento do
pontificado de Francisco,
b) os clamores da
realidade atual (p. 103-180): discutindo temas contemporâneos como esperança em
tempos de crise (p. 105-119), o impacto da era digital (p. 133-147), desafios
econômicos (p. 148-166), pluralismo religioso e
o diálogo inter-religioso (p.
167-180). Aqui, busca-se relacionar os desafios do mundo moderno com os valores
cristãos e a Boa-Nova de Jesus Cristo.
O Epílogo com
a reflexão feita por Francisco
de Aquino Júnior (p. 183-198) dentre outras aspectos,
destaca a importância do Papa como
a última autoridade na doutrina católica,
mas também enfatiza que essa palavra é resultado de um processo coletivo
fundamentado na comunhão, na escuta e no diálogo com os demais bispos e membros
da Igreja. Ele reforça que a autoridade papal não é exercida isoladamente, mas
dentro de uma dinâmica colegial, ou seja, em comunhão com os outros bispos, bem
como na sinodalidade e
na multilateralidade que caracterizam a convivência global da Igreja. Essas
dimensões refletem uma Igreja que valoriza o diálogo, a participação e o
consenso, reconhecendo que a verdade se constrói em comunhão e colaboração
entre todos os seus membros. Assim, o epílogo apresenta o Papa como aquele que,
embora detenha a última palavra na doutrina, faz isso sempre no contexto de uma
colegialidade viva e participativa, refletindo uma Igreja aberta ao mundo e às
diferentes vozes que compõem sua comunidade universal.
Além disso, o
livro destaca aspectos específicos do perfil do novo Papa Leão XIV,
incluindo sua experiência na Igreja no Peru,
seu trabalho com os pobres, sua atuação no Dicastério para os Bispos, sua
mística agostiniana e sua participação nas reformas promovidas por Francisco. A escolha
do nome "Leão XIV" faz referência ao Papa Leão XIII,
autor da encíclica Rerum
Novarum, que tratou das questões sociais decorrentes da
Revolução Industrial, um sinal claro do compromisso do novo pontífice com
justiça social e a realidade atual. Por fim, os textos enfatizam que as
"coisas novas" que desafiam toda a humanidade a repensar valores e
consensos devem estar sempre relacionadas à Boa-Nova de Jesus Cristo.
O livro busca
ajudar os leitores a compreenderem esses contextos, perspectivas e desafios
atuais, promovendo uma reflexão profunda sobre o papel da Igreja na sociedade
contemporânea. Ao dar as boas-vindas a Leão XIV como guia entre a Boa-Nova (o Evangelho) e as coisas
novas, a obra reconhece nele um líder preparado para conduzir a Igreja nesse
momento de transição, mantendo-se fiel aos ensinamentos de Cristo enquanto
dialoga com as novidades do mundo. Essa postura é fundamental para que a Igreja
continue sendo uma presença relevante, capaz de iluminar caminhos para todos,
especialmente para os cristãos e católicos em meio às complexidades do século
XXI.
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