sábado, 13 de setembro de 2025

IV- LITURGIA DA FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

 

IV-     LITURGIA DA FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

 

- A festa da Exaltação da Santa Cruz nos coloca diante do maior símbolo cristão e nos revela a grandeza surpreendente de Deus, que transforma os sinais de morte em sinal de vida; que transforma a própria morte em vida plena. Somente Deus é capaz de algo dessa natureza. Porém, mostra que todos nós, cristãos, somos convocados a participar desse processo transformador. Na Liturgia da Palavra a cruz é exaltada por Deus, que transforma os terríveis sinais de morte em vida.

- Na primeira leitura, do Livro dos Números, a serpente que causava a morte do povo na travessia do deserto tornou-se o antídoto do seu próprio veneno, ao ser levantada por Moisés numa haste. Anterior a esta narrativa, vimos que a serpente que aparece no Gênesis seduz os primeiros pais a elaborar um plano de vida como se Deus não existisse. A sedução astuciosa foi como veneno injetado tendo forte repercussão nas suas vidas pessoais e dos seus descendentes. Diante deste mal, relaciona-se o Deus amigo e Salvador anunciando a vitória. Na sua caminhada e êxodo de libertação, da busca da plenitude da vida, o Povo de Deus não está isento de inúmeras dificuldades, tentações e obstáculos. Uma dessas dificuldades são as serpentes que fazem sucumbir a muitos. Injetando o seu veneno mortal dão às suas vítimas pouco tempo de vida. O nosso Deus é o Deus da solução. Só não se consegue isso quando não se busca o Reino de Deus. Colocados na perspectiva de Deus, olhando para a serpente colocada no poste, o Povo de Deus compreende que o seu coração deve estar fixado em Deus que os proteje diante dos ataques do mal. Mas esse olhar permite vislumbrar o seu ponto culminante, a centralidade da Vida, da História e da Palavra de Deus: Jesus Cristo. Ele é a procura do Povo da Antiga Aliança e, vindo ao mundo, tornou-se resposta plena, última e definitiva ao ser humano, às suas buscas e caminhadas. - Na segunda leitura vemos que Deus veio até nós na condição humana, esvaziando-se da sua condição divina para nos aproximarmos dele. Tornando-se semelhante a nós, exceto no pecado, nos resgatou da condição de pecador. O Filho "humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz". Assim foi exaltado grandemente. Com a sua exaltação na cruz, exaltou-se também o símbolo do mais terrível suplício, tornando-se para nós cristãos, o símbolo da vida que vence a morte.

- No Evangelho, no diálogo com Nicodemos, Jesus retoma o texto da primeira leitura e compara com o desfecho de sua missão neste mundo: "Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crêem tenham a vida eterna". Deste modo, o texto revela a dimensão do amor de Deus pelo mundo. Um Deus capaz de oferecer seu único Filho para que não morra quem nele crer. - Com a cruz exaltada vemos o mistério pascal de Jesus Cristo. Nele se encontra a centralidade de toda a peregrinação humana e o que essa peregrinação significa para a vida pessoal e comunitária: a revelação e a salvação em Deus. No mistério Pascal de Cristo somos salvos de todo o pecado e da morte. Nele ilumina-se em exaltação a nossa dignidade de filhos de Deus e se vive a esperança da vitória definitiva. Em Cristo, que contemplamos como Filho de Deus e Salvador, alcançamos a salvação e o remédio para os nossos males. Contemplá-lo como crucificado significa assumir em si mesmo o projeto de salvação e serviço fraterno aos irmãos. Em nossa caminhada não estamos isentos do veneno da ganância, do ódio, da inveja, da luxúria, do pecado. Mas, em Cristo crucificado vemos sintetizado um projeto e uma proposta de vida oferecida em doação da verdade, da fidelidade, do serviço, da aceitação da humilhação evangélica e do caminho para a vida. - A cruz de Cristo é proposta para nossa caminhada como instrumento da verdade e esperança. Ela desmascara toda a falsidade dos esquemas que querem destruir a vida; que atacam o homem e semeiam a morte, bem como o que não é cristão e apela constantemente ao mais genuíno no seguimento e compromisso com Cristo. - A Cruz é a exaltação do serviço e da fraternidade com os outros, sobretudo os mais débeis, os fracos, os pequeninos e os vulneráveis. Ela é garantia da derrota do "monstro" que se salienta pelo orgulho e soberba. Ela é a vitória daquele que deu a vida por todos: Jesus Cristo.

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