A EUCARISTIA E OS TESTEMUNOS PRIMITIVOS DA IGREJA: II SÉCULO (101 a 200
d.C)
SANTO
INÁCIO DE ANTIOQUIA (35 A 108 D.C.)
Epístola
aos Efésios, segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 d.C):
“Se
Jesus Cristo me tornar digno, graças às vossas orações, e se for da vontade de
Deus, eu vos explicarei, em segundo livrinho, que devo escrever-vos, a economia
da qual comecei a vos falar, a respeito do homem novo, Jesus Cristo. Ela
consiste na fé nele e no amor por ele, no seu sofrimento e ressurreição. Sobretudo
se o Senhor me revelar que cada um e todos em conjunto, na graça que provém do
seu nome, vos reunireis na mesma fé em Jesus Cristo da descendência de Davi
segundo a carne, filho de homem e filho de Deus, para obedecer aos bispos e ao
presbitério, em concórdia estável, partindo o mesmo pão, que é remédio de
imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para
sempre” (Aos Efésios 20,1-2).
Epístola
aos Romanos, segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a 110
d.C):
“Não
sinto prazer pela comida corruptível, nem me atraem os prazeres dessa vida.
Desejo o pão de Deus, que é a carne de Jesus Cristo, da linhagem de Davi, e por
bebida desejo o sangue dele, que é o amor incorruptível” (Aos Romanos
7,3).
Epístola
aos Filadelfienses, segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107
a 110 d.C):
“Preocupai-vos
em participar de uma só eucaristia. De fato, há uma só carne de nosso Senhor
Jesus Cristo e um só cálice na unidade do seu sangue, um único altar, assim
como um só bispo com o presbitério e os diáconos, meus companheiros de serviço.
Desse modo, o que fizerdes, fazei-o segundo Deus” (Aos Filadelfienses
4,1).
Epístola
aos Esmirniotas, segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a
110 d.C):
“Eles
se afastam da eucaristia e da oração, porque não professam que a eucaristia é a
carne de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados e que, na
sua bondade, o Pai ressuscitou. Desse modo, aqueles que recusam o dom de Deus,
morrem nas suas disputas” (Aos Esmirniotas 7,1).
SÃO
JUSTINO DE ROMA (100 A 160 D.C.)
I Apologia, segundo Justino de Roma (155 d.C):
“Este
alimento se chama entre nós Eucaristia, da qual ninguém pode participar, a não
ser que creia serem verdadeiros nossos ensinamentos e se levou no banho que
traz a remissão dos pecados e a regeneração e vive conforme o que Cristo nos
ensinou. De fato, não tomamos essas coisas como pão comum ou bebida ordinária,
mas da maneira como Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne por força do
Verbo de Deus, teve carne e sangue por nossa salvação, assim nos ensinou que,
por virtude da oração ao Verbo que procede Deus, o alimento sobre o qual foi
dita a ação de graças – alimento com o qual, por transformação, se nutrem nosso
sangue e nossa carne – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. Foi
isso que os Apóstolos nas memórias por eles escritas, que se chamam Evangelhos,
nos transmitiram que assim foi mandado a eles, quando Jesus, tomando o pão e
dando graças, disse: <Fazei isto em memória de mim, este é o meu corpo>.
E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: <Este é o meu
sangue>, e só participou isso a eles” (I Apologia 66,1-4).
Diálogo
com Trifão, segundo Justino de Roma (aproximadamente +150 d.C):
“Continuei: a oferta
da flor de farinha, senhores, que os que se purificavam da lepra deviam
oferecer, era figura do pão da Eucaristia que nosso Senhor Jesus Cristo mandou
oferecer em memória da paixão que ele padeceu por todos os homens que purificam
suas almas de toda maldade, para que juntos demos graças a Deus por ter criado
o mundo e por todo o amor que há nele pelo homem, por nos ter livrado da
maldade na qual nascemos e por ter destruído completamente os principados e
potestades através daquele que, segundo seu desígnio, nasceu passível.
Portanto, quanto aos sacrifícios que vós antes ofereceis, como já mostrei, diz
Deus pela boa de Malaquias, um dos doze profetas: <Minha vontade não está
conosco – diz o Senhor – e não quero receber sacrifícios e vossas mãos. De
fato, desde onde o sol nasce até onde ele se põe, meu nome é glorificado entre
as nações e em todo lugar se oferece ao meu nome um sacrifício puro. Grande é o
meu nome entre as nações – diz o Senhor – e que vós o profanais>. Assim,
antecipadamente fala dos sacrifícios que nós, as nações, lhe oferecemos em todo
lugar, isto é, o pão da Eucaristia e o cálice da própria Eucaristia e ao mesmo
tempo diz que nós glorificamos o seu nome e vós o profanais” (Diálogo
com Trifão 41,1-3).
“Deus,
portanto, testemunha que lhe são agradáveis todos os sacrifícios que lhe são
oferecidos em nome de Jesus Cristo, os sacrifícios que este nos mandou
oferecer, isto é, os da Eucaristia do pão e do vinho, que os cristãos celebram
em todo lugar da terra (…). São justamente apenas esses que os cristãos aprenderam
a oferecer na comemoração do pão e do vinho, na qual se recorda a paixão que o
Filho de Deus sofreu por eles” (Diálogo com Trifão 117,1.3).
Santo
Irineu (130 a 202 d.C).
CONTRA AS HERESIAS, SEGUNDO SANTO IRINEU DE LIÃO (180 D.C):
“Aconselhando
também aos seus discípulos a oferecerem a Deus as primícias das suas criaturas.
Não porque precisasse, mas porque eles não se mostrassem inoperosos e ingratos,
tomou o pão que deriva da criação, deu graças dizendo: <Isto é o meu
corpo>; do mesmo modo tomou o cálice, que provém, como nós, da criação, o
declarou seu sangue e estabeleceu a nova oblação do Novo Testamento. É está
mesma oblação que a Igreja recebeu dos apóstolos e que, no mundo inteiro, ela
oferece a Deus que nos dá o alimento como primícias dos dons de Deus na Nova
Aliança. Malaquias, um dos doze profetas, a profetizou dizendo: <Não tenho
prazer em vós, diz o Senhor onipotente, e não me agrada o sacrifício de vossas
mãos; porque do levante ao poente meu nome é glorificado entre as nações e em todo
lugar se oferece incenso ao meu nome e sacrifício puro; porque o meu nome é
grande entre as nações, diz o Senhor onipotente>. Com estas palavras afirma
de forma claríssima que o primeiro povo cessaria de oferecer a Deus e que em
todo lugar lhe seria oferecido sacrifício puro e que o seu nome seria
glorificado entre as nações” (Contra as Heresias [IV livro] 17,5).
“Como
ainda podem afirmar que a carne se corrompe e não pode participar da vida,
quando ela se alimenta do corpo e do sangue do Senhor? Então, ou mudam a sua
maneira de pensar ou se abstenham de oferecer as ofertas de que falamos acima.
Quanto a nós, nossa maneira de pensar está de acordo com a Eucaristia e a
Eucaristia confirma nossa doutrina. Pois lhe oferecemos o que já é seu,
proclamado, como é justo, a comunhão e a unidade da carne e do Espírito. Assim
como o pão que vem da terra, ao receber a invocação de Deus, já não é pão
comum, mas a Eucaristia, feita de dois elementos, o terreno e o celeste, do
mesmo modo os nossos corpos, por receberem a Eucaristia, já não são
corruptíveis por terem a esperança da ressurreição” (Contra as Heresias
[IV livro] 18,5).
“Estultos,
completamente, os que rejeitam toda a economia de Deus, negam a salvação da
carne, desprezam a sua regeneração, declarando ser ela incapaz de receber a
incorruptibilidade. Mas, se está não se salva, então nem o Senhor nos resgatou
no seu sangue, nem o cálice eucarístico é comunhão de seu sangue, nem o pão que
partimos é a comunhão com seu corpo. Pois o sangue não pode brotar a não ser
das veias, da carne e do resto da substância humana e é justamente por se ter
tornado tudo isso que o Verbo de Deus nos remiu com seu sangue, como diz o seu
Apóstolo: <Nele temos a redenção por seu sangue e a remissão dos
pecados>. É por sermos seus membros que somos nutridos por meio das coisas
criadas: ele próprio põe à nossa disposição as criaturas, fazendo o sol
levantar-se e chover, como quer, ele ainda reconheceu como seu próprio sangue o
cálice tirado da natureza criada, com o qual fortifica o nosso sangue, e
proclamou ser seu próprio corpo o pão tirado da natureza criada com o qual se
fortificam os nossos corpos” (Contra as Heresias [V livro] 2,2).
“Se,
portanto, o cálice que foi misturado e o pão que foi produzido recebem a
palavra de Deus e se tornam a Eucaristia, isto é, o sangue e o corpo de Cristo,
e se por eles cresce se fortifica a substância da nossa carne, como podem
pretender que a carne seja incapaz de receber o dom de Deus, que consiste na
vida eterna, quando ela é alimentada pelo sangue e pelo corpo de Cristo, e é
membro desse corpo? Como diz o bem-aventurado Apóstolo na carta aos Efésios:
<Somos membros de seu corpo, formados pela sua carne e pelos seus ossos>;
e não fala de algum homem pneumático e invisível – <porque o espírito não tem
ossos nem carne> – mas da estrutura do homem verdadeiro, feito carne, nervos
e ossos, alimentados pelo cálice que é o sangue de Cristo e é fortificado pelo
pão que é seu corpo. Como a cepa de videira plantada na terra frutifica no seu
tempo e o grão de trigo caindo na terra, decompondo-se, ressurge multiplicando
pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas e que, pela inteligência,
são postas aos serviços dos homens e, recebendo a palavra de Deus, se tornam
eucaristia, isto é, o corpo e o sangue de Cristo, da mesma forma os nossos
corpos, alimentados por esta eucaristia, depois de ser depostos na terra e se
terem decompostos, ressuscitarão, no seu tempo, quando o Verbo de Deus os fará
ressuscitar para a glória de Deus Pai, porque ele dará a imortalidade ao que é
mortal e a incorruptibilidade ao que é corruptível, pois, o poder de Deus se
manifesta na fraqueza” (Contra as Heresias [V livro] 2,3).
(No BLOG
do próximo Domingo, o SB SABENDO BEM apresentará a EUCARISTIA no século III).
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