domingo, 21 de junho de 2020

COVID-19: VACINAS


CONHEÇA AS QUATRO VACINAS QUE ESTÃO SENDO DESENVOLVIDAS NO BRASIL


Se em alguns países as pesquisas por uma vacina para o coronavírus estão avançadas, algumas já em testes clínicos, no Brasil os estudos ainda são muito preliminares. Pelo menos quatro grandes instituições brasileiras trabalham para desenvolver um imunizante, mas o fazem com poucos recursos e estão muito distantes dos testes em humanos, fase crucial para a aprovação de uma fórmula.

As duas iniciativas mais adiantadas — da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) — nem sequer chegaram à etapa dos chamados testes pré-clínicos das vacinas, que são realizados em animais e devem começar nas próximas semanas.

No Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho acaba de passar da fase conceitual, em que se decide a estratégia da pesquisa. O Instituto Butantan, em São Paulo, encomendou o material genético do vírus e aguarda sua chegada para dar início ao estudo.

"Estamos atrasados e temos pouco dinheiro, infelizmente. Investir numa vacina brasileira é estratégico por dois motivos: soberania nacional e independência tecnológica. Há países que já compraram centenas de milhares de doses antes mesmo de a vacina estar pronta. Haverá vacina para todo mundo? Será que uma única dose dessa vacina vai proteger? E por quanto tempo? Será que um mesmo paciente não terá de ser vacinado duas ou três vezes por ano?", questiona Alexandre Machado, do Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fiocruz Minas, à frente do laboratório em que 12 pesquisadores, a maioria alunos de pós-graduação, dedicam-se a desenvolver uma vacina para Covid-19.

Uma das mais avançadas no país, a pesquisa da Fiocruz de Minas deve iniciar os testes em camundongos nas próximas semanas. A plataforma escolhida é a do vetor vacinal — usa-se um vírus modificado, no caso o da influenza, para que ele transporte parte da proteína do novo coronavírus (Sars-CoV-2) para dentro da célula. O objetivo é desenvolver uma vacina bivalente, que proteja tanto da influenza quanto da Covid-19. Não será injetável, mas usada como aerossol, por via nasal.

Para Natalia Pasternak, uma das pesquisadoras da vacina para a Covid-19 do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, “a vantagem de haver tantas estratégias distintas sendo testadas é que se pode supor que ao menos uma ou duas poderão funcionar”.

"É preciso lembrar que estamos falando em vacinação para sete bilhões de pessoas. Não vamos conseguir isso com uma única formulação vacinal", ressalta Pasternak, que tem pós-doutorado em Microbiologia pela USP, é presidente do Instituto Questão de Ciência e colunista do blog A Hora da Ciência, do Globo.

No Instituto Butantan, a pesquisadora Luciana Cezar Cerqueira Leite, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas, também realocou recursos de que já dispunha e conseguiu mais R$ 500 mil da Fapesp para iniciar a pesquisa de uma vacina para o coronavírus. Seu grupo adota uma estratégia que já vinha sendo testada para a esquistossomose. Usa as chamadas OMV bacterianas (sigla para “outer membrane vesicles”, ou vesículas de membrana externa), partículas liberadas pelas bactérias no corpo para “distrair” o sistema imune.

"O sistema tenta matar as vesículas, e a bactéria “escapa”. Vamos usar essas membranas para que carreguem uma quantidade de proteína do vírus. Elas, assim, mimetizam o vírus e provocam uma resposta imune. Nossa proposta é muito diferente, é justamente um plano B caso as outras estratégias não funcionem", explica Luciana.



Doria anunciou vacina contra Covid-19

O governador de São Paulo anunciou em suas redes sociais uma vacina contra o novo coronavírus. De acordo com João Doria, o Estado vai produzir o medicamento em parceria firmada entre o Instituto Butantan e o laboratório internacional Sinovac Biotech.

"O acordo prevê a participação de São Paulo na realização de testes clínicos desta vacina, com o acompanhamento de nove mil voluntários brasileiros a partir do próximo mês de julho.  Nove mil voluntários já estarão sendo testados aqui no Brasil", disse o governador em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. "Comprovada a eficácia e a segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia, e a vacina poderá ser produzida em larga escala no Brasil pelo próprio Butantan para fornecimento ao SUS de forma gratuita até junho de 2021", acrescentou. A vacina já passou pelas fases 1 e 2 de testes.

''Esta vacina é uma das que estão em estágio mais avançado em todo o mundo”.



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