CONHEÇA
AS QUATRO VACINAS QUE ESTÃO SENDO DESENVOLVIDAS NO BRASIL
Se em alguns países as pesquisas por uma vacina para
o coronavírus estão avançadas, algumas já em testes clínicos, no
Brasil os estudos ainda são muito preliminares. Pelo menos quatro grandes
instituições brasileiras trabalham para desenvolver um imunizante, mas o fazem
com poucos recursos e estão muito distantes dos testes em humanos, fase crucial
para a aprovação de uma fórmula.
As duas iniciativas mais adiantadas — da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais e do Laboratório de Imunologia do
Instituto do Coração (Incor) — nem sequer chegaram à etapa dos chamados testes
pré-clínicos das vacinas, que
são realizados em animais e devem começar nas próximas semanas.
No Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho acaba de passar da
fase conceitual, em que se decide a estratégia da pesquisa. O Instituto
Butantan, em São Paulo, encomendou o material genético do vírus e aguarda sua
chegada para dar início ao estudo.
"Estamos atrasados e temos pouco dinheiro,
infelizmente. Investir numa vacina brasileira é estratégico por dois motivos:
soberania nacional e independência tecnológica. Há países que já compraram
centenas de milhares de doses antes mesmo
de a vacina estar pronta. Haverá vacina para todo mundo? Será que uma única
dose dessa vacina vai proteger? E por quanto tempo? Será que um mesmo paciente
não terá de ser vacinado duas ou três vezes por ano?", questiona Alexandre
Machado, do Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fiocruz Minas, à frente do
laboratório em que 12 pesquisadores, a maioria alunos de pós-graduação,
dedicam-se a desenvolver uma vacina para Covid-19.
Uma das mais avançadas no país, a pesquisa da Fiocruz
de Minas deve iniciar os testes em camundongos nas próximas semanas. A
plataforma escolhida é a do vetor vacinal — usa-se um vírus modificado, no caso
o da influenza, para que ele transporte parte da proteína do novo coronavírus (Sars-CoV-2) para
dentro da célula. O objetivo é desenvolver uma vacina bivalente, que proteja
tanto da influenza quanto da Covid-19. Não será injetável, mas usada como
aerossol, por via nasal.
Para Natalia Pasternak, uma das pesquisadoras da vacina
para a Covid-19 do
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, “a vantagem de haver tantas
estratégias distintas sendo testadas é que se pode supor que ao menos uma ou duas
poderão funcionar”.
"É preciso lembrar que estamos falando em
vacinação para sete bilhões de pessoas. Não vamos conseguir isso com uma única
formulação vacinal", ressalta Pasternak, que tem pós-doutorado em
Microbiologia pela USP, é presidente do Instituto Questão de Ciência e
colunista do blog A Hora da Ciência, do Globo.
No Instituto
Butantan, a pesquisadora Luciana Cezar Cerqueira Leite, do Laboratório de
Desenvolvimento de Vacinas, também realocou recursos de que já dispunha e
conseguiu mais R$ 500 mil da Fapesp para iniciar a pesquisa de uma vacina para
o coronavírus. Seu grupo adota uma estratégia que já vinha sendo testada para a
esquistossomose. Usa as chamadas OMV bacterianas (sigla para “outer membrane
vesicles”, ou vesículas de membrana externa), partículas liberadas pelas
bactérias no corpo para “distrair” o sistema imune.
"O sistema tenta matar as vesículas, e a bactéria
“escapa”. Vamos usar essas membranas para que carreguem uma quantidade de
proteína do vírus. Elas, assim, mimetizam o vírus e provocam uma resposta
imune. Nossa proposta é muito diferente, é justamente um plano B caso as outras
estratégias não funcionem", explica Luciana.
Doria anunciou vacina contra Covid-19
O governador de São Paulo anunciou em suas redes
sociais uma vacina contra o novo coronavírus. De acordo com João Doria, o
Estado vai produzir o medicamento em parceria firmada entre o Instituto
Butantan e o laboratório internacional Sinovac Biotech.
"O acordo prevê a participação de São Paulo na realização de testes
clínicos desta vacina, com o acompanhamento de nove mil voluntários brasileiros
a partir do próximo mês de julho. Nove
mil voluntários já estarão sendo testados aqui no Brasil", disse o governador
em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. "Comprovada a eficácia
e a segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia, e a
vacina poderá ser produzida em larga escala no Brasil pelo próprio Butantan
para fornecimento ao SUS de forma gratuita até junho de 2021",
acrescentou. A vacina já passou pelas fases 1 e 2 de testes.
''Esta vacina é uma das que estão em estágio mais
avançado em todo o mundo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário