Caríssimos e caríssimas catequistas.
[...]
Obrigado pelo entusiasmo com o qual viveis o vosso ser catequistas na Igreja e
para a Igreja. Recordo com prazer o primeiro encontro que tive convosco no Ano
da Fé, em 2013, e como vos pedi para “ser catequistas! Não trabalhar como
catequistas: isso não adianta! Trabalho como catequista, porque gosto de
ensinar.
Se,
porém, tu não és catequista, não adianta! Não serás fecundo, não serás
fecunda! Catequista é uma vocação.... Ser catequista, esta é a vocação,
não trabalhar como catequista. Atenção que eu não disse fazer o catequista,
mas sê-lo, porque compromete a vida: guia-se para o encontro com Cristo,
através das palavras e da vida, através do testemunho”.
[...] Penso muitas vezes no catequista como naquele que se pôs ao serviço da Palavra de Deus, que frequenta diariamente esta Palavra para fazê-la tornar-se seu alimento e assim a poder comunicar aos demais com eficácia e credibilidade. O catequista sabe que esta Palavra é “viva” (Hb 4, 12) pois constitui a regra da fé da Igreja. Por conseguinte, o catequista não pode esquecer, sobretudo hoje num contexto de indiferença religiosa, que a sua palavra é sempre um primeiro anúncio.
Pensai bem nisto: neste mundo, nesta área de tanta indiferença, a vossa palavra será sempre um primeiro anúncio, que chega a tocar o coração e a mente de tantas pessoas que estão à espera de encontrar Cristo. Até sem o saberem, mas estão à espera. E quando digo primeiro anúncio não digo só no sentido temporal. Sem dúvida, isto é importante, mas nem sempre é assim.
Primeiro anúncio equivale a frisar que Jesus Cristo morto e ressuscitado por amor ao Pai, concede o seu perdão a todos sem distinção de pessoas, se elas abrirem o seu coração e se deixarem converter! Muitas vezes não sentimos a força da graça que, também através das nossas palavras, toca em profundidade os nossos interlocutores e os plasma a fim de permitir que eles descubram o amor de Deus.
O catequista não é um mestre nem um professor que pensa que está a ministrar uma lição. A catequese não é uma lição; a catequese é a comunicação de uma experiência e o testemunho de uma fé que acende os corações, porque introduz o desejo de encontrar Cristo. Este anúncio, de várias maneiras e com diferentes linguagens, é sempre o “primeiro” que o catequista é chamado a realizar! Por favor, na comunicação da fé não vos deixeis cair na tentação de alterar a ordem com a qual a Igreja desde sempre anunciou e apresentou o querigma, e que se reflete na estrutura do próprio Catecismo.
Não se pode, por exemplo, antepor a lei, mesmo que seja a moral, ao anúncio tangível do amor e da misericórdia de Deus. Não podemos esquecer as palavras de Jesus: “Não vim para condenar, mas para perdoar...” (cf. Jo 3, 17; 12, 47).
De igual modo, não se pode presumir de impor uma verdade da fé prescindindo da chamada à liberdade que ela requer. Quem tem experiência do encontro com o Senhor está sempre na situação da samaritana que sente o desejo de beber uma água que não se esgota, mas ao mesmo tempo vai ter imediatamente com os habitantes da aldeia para os levar ao encontro de Jesus (cf. Jo 4, 1-30). Por conseguinte, é necessário que o catequista compreenda o grande desafio que tem diante de si sobre a maneira como educar na fé, em primeiro lugar, quantos têm uma identidade cristã débil e, por isso, precisam de proximidade, de acolhimento, de paciência, de amizade.
Só assim a catequese se torna promoção da vida cristã, apoio na formação global dos crentes e incentivo a ser discípulos missionários. Uma catequese que pretenda ser fecunda e estar em harmonia com o conjunto da vida cristã encontra na liturgia e nos sacramentos a sua linfa vital.
A iniciação cristã requer que nas nossas comunidades se realize cada vez mais um percurso catequético que ajude a experimentar o encontro com o Senhor, o crescimento no seu conhecimento e o amor pelo seguimento. A mistagogia oferece oportunidades muito significativas para realizar este percurso com coragem e decisão, favorecendo a saída de uma fase estéril da catequese, que muitas vezes afasta sobretudo os nossos jovens, pois não encontram a novidade da proposta cristã nem a incidência na sua vida.
O mistério que a Igreja celebra encontra a sua expressão mais bela e coerente na liturgia. Não esqueçamos de fazer compreender com a nossa catequese a contemporaneidade de Cristo. Com efeito, na vida sacramental, que tem o seu ápice na Sagrada Eucaristia, Cristo faz-se contemporâneo com a sua Igreja: acompanha-a nas vicissitudes da sua história e nunca se afasta da sua Esposa.
É Ele que se faz próximo de quantos o recebem no seu Corpo e no seu Sangue, e faz deles instrumentos de perdão, testemunhas da caridade com quantos sofrem, e participantes ativos ao criar solidariedade entre os homens e os povos.
Como seria útil para a Igreja se as nossas catequeses se caracterizassem por fazer compreender e viver a presença de Cristo que age e realiza a nossa salvação, permitindo que experimentemos desde agora a beleza da vida de comunhão com o mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Santo!
Papa
Francisco
(Discurso
no Simpósio Internacional de Catequese, 2017)
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