Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
Quem são os
leigos e leigas na Igreja? O Concílio Vaticano II compreendeu que leigos são
todos os batizados, exceto os membros da ordem sacra e os religiosos. A relação
primeira, constitutiva do ser e do agir do leigo é sua relação com Cristo, por
meio do batismo. “Estes fiéis, pelo batismo foram incorporados a Cristo,
constituídos no Povo de Deus e a seu modo feitos partícipes do múnus
sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão
de todo o povo cristão na Igreja e no mundo” (Lumen Gentium, n.31). A identidade dos leigos é vista
de maneira positiva. Pelo batismo são membros da Igreja. Têm plena cidadania,
não lhes falta nada para viverem a sua fé. No dizer do Papa Pio XII: “não
somente pertencem à Igreja, mas de que são Igreja”.
Então, a
realidade mais importante de todos os cristãos é o fato de que somos batizados.
Antes de qualquer distinção ministerial, somos um Povo de Deus. Porque batizados,
formamos em Cristo um só Corpo, vivificados pelo Espírito Santo. “Um só é,
pois, o povo de Deus: ‘um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; comum é a
dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; com uma graça de filhos,
comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma caridade
indivisa” (Lumen Gentium, n.
32). A unidade precede e fundamenta a distinção nas diversas formas de
participação na missão de Cristo. Esta unidade batismal também justifica que
não podemos criar distinções ou graus de dignidade, pois “reina igualdade entre
todos quanto à dignidade e quanto à atuação” (Lumen Gentium, n.32). Assim, quem recebe o sacramento
da ordem não tem maior dignidade do que os que vivem o sacramento do matrimônio
ou a vida consagrada. É importante que seja superada para sempre a visão dos
leigos como uma categoria inferior. Os ministros ordenados não são mais
importantes e dignos do que os leigos.
Pelo batismo,
todos têm direitos e deveres na Igreja. Alguns direitos são o de associar-se em
movimentos de espiritualidade e apostolado; aprofundar e amadurecer na fé;
participar de sua comunidade de fé e das celebrações dos sacramentos;
manifestar-se e ser ouvido em questões de fé; educar os filhos na fé cristã;
cooperar na organização e condução das comunidades. Também existem deveres,
como o de ser corresponsável na ação evangelizadora e, sobretudo, o de dar
testemunho do Evangelho em todos os ambientes. “É específico dos leigos, por
sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e
ordenando-as segundo Deus” (Lumen
Gentium, n. 31).
Como
batizados, os leigos também são chamados à santidade. Esta vocação é para
todos. Não se faz necessário “fugir do mundo” para buscar a santidade. O
cotidiano da vida familiar, profissional e social são os lugares ordinários
para viver “o perfume de Cristo” e o “fermento do Reino”. “Eles se santificam
nos altares de seu trabalho” (CNBB, Cristãos
leigos e leigas na Igreja e na sociedade, n. 35). Quantos pais e
mães viveram santamente sua vida familiar ou também na retidão com que viveram
sua profissão, segundo os valores do evangelho.
Enfim, a
identidade e dignidade do leigo encontra sua luz na consagração batismal e na
pluriforme manifestação dos dons do Espírito Santo para o bem de todos. Leigos,
clérigos e religiosos são todos cristãos. Este é o dado fundamental, que nos
torna todos sal da terra e luz do mundo, na diversidade dos carismas e
ministérios suscitados pelo Espírito.
Fonte: https://www.cnbb.org.br/identidade-e-dignidade-da-vocacao-dos-leigos/
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