5 santos que não se davam muito bem com seus familiares
Fr Lawrence Lew OP CC
Philip Kosloski
Mesmo que o seu caso seja diferente, você pode contar com a sua inspiração para lidar com situações difíceis em família.
Desde o começo deste mundo, nascemos em
família e somos configurados pela família. E, também desde o princípio, esteve
presente na família a pressão do pecado, semeando a discórdia desde Adão e Eva.
Segundo o relato bíblico sobre os primórdios da história da humanidade, o
pecado e a natureza humana caída inseriram a divisão não apenas no primeiro
casal, mas também entre os seus filhos, culminando no assassinado de Abel pelo
próprio irmão, Caim.
Deus, porém, não se rendeu: entre as
suas inspirações e indicações de amor ao próximo, Ele determinou o mandamento
bem específico de “honrar pai
e mãe”.
Quando Jesus entrou em cena, confirmou a
validade dos mandamentos e a necessidade de obedecer aos pais, mas desafiou os
indivíduos a escolherem Deus acima de todas as coisas, inclusive dos vínculos
familiares. O cristão não deve descuidar da família, mas, ainda mais importante
que isso é amar a Deus, o que, às vezes, acarreta… conflitos familiares.
Houve muitos santos e santas que tiveram
de encarar esses conflitos e discernir o que fazer a respeito. Em alguns casos,
o santo em questão estava inicialmente errado e se distanciava da família por
causa do pecado; já outros precisaram cortar laços familiares deturpados para
seguir o chamado do Evangelho.
Vejamos cinco exemplos de homens e
mulheres que, em sua trajetória de conversão, não se deram bem o tempo todo com
suas famílias:
1 e 2
– Santa Clara e Santa Inês de Assis
Nasceram de uma rica família de Assis,
na Itália. Santa Clara ficou profundamente comovida, aos 18 anos, com as
pregações de São Francisco sobre viver o Evangelho de forma radical e, certa
noite, escapou de casa com a ajuda da tia, Bianca. Clara não queria se casar: a
sua vocação era dedicar a vida a Deus. Uniu-se a São Francisco numa pequena
capela, onde trocou seu cinto adornado de joias por uma corda grosseira ao
redor da cintura. Cortou o cabelo e recebeu um véu, confirmando assim a sua
entrada num convento beneditino.
Sua família não aceitou essa recusa a se
casar e foi buscá-la à força no convento, mas Clara se agarrou com firmeza ao
altar e revelou o cabelo cortado, símbolo da sua consagração a Deus.
A irmã de Santa Clara, Inês, também
fugiu de casa na metade da noite e buscou refúgio no convento beneditino com a
irmã. Ainda mais furiosa, a família enviou um tio e vários homens armados para
obrigarem Inês a retornar. Tentaram agarrá-la pelo cabelo, mas o corpo da jovem
ficou milagrosamente inamovível e eles tiveram que desistir.
Os familiares de Santa Clara e Santa
Inês reconheceram que Deus as protegia e nunca mais tentaram obrigá-las a se
afastar dos planos divinos.
3 e 4
– Santo Agostinho e Santa Mônica
Nascido de pai pagão e mãe cristã,
Agostinho foi catecúmeno quando já adulto, mas só se batizou tempos depois,
quando finalmente se converteu. Como jovem intelectual que era, o que dirigia a
sua vida eram a filosofia e os ensinamentos maniqueístas.
Ele levou na juventude uma vida de
pecado e hedonismo à qual não queria renunciar. Chegava a rezar a Deus
pedindo-lhe: “Concede-me
castidade e continência, mas não ainda”.
Sua escolha de viver fora do Evangelho
doía gravemente à sua mãe, Santa Mônica. Ela tentou orientá-lo e achou até que
impedir o filho de entrar em casa fosse ajudá-lo a recuperar o reto sentido das
coisas. Essa tensão gerou grande estresse na relação entre mãe e filho, mas
Santa Mônica persistiu.
Mais adiante, Agostinho decidiu se mudar
para Roma. A mãe quis ir com ele. Durante a viagem de barco, Agostinho lhe
pediu que fosse rezar numa capela próxima. Quando Mônica terminou suas orações
e voltou ao porto, viu o barco zarpando sem ela.
Depois de muitos desafios e muita
perseverança, Santa Mônica terminou “ganhando”: como fruto de suas persistentes
orações, o filho finalmente se converteu e hoje é reconhecido como um dos
santos mais influentes e queridos da Igreja católica.
5 –
São Tomás de Aquino
Nascido em uma família nobre italiana,
Tomás de Aquino foi cativado pelo estudo da filosofia desde bem jovem e decidiu
entrar na ordem dos dominicanos aos 19 anos de idade. Sua família, porém, não
se entusiasmava muito com a ideia de ver o jovem nobre ataviado como mendigo.
Os dominicanos o enviaram a Roma para
viver afastado da influência dos familiares, mas, no trajeto, seus irmãos o
capturaram e encerraram na fortaleza de San Giovanni, em Roccasecca. Tomás
permaneceu dois anos inteiros ali confinado, e, durante esse tempo, seus pais,
irmãos e irmãs tentaram dissuadi-lo de seguir a vocação religiosa. Chegaram até
a lhe enviar uma prostituta para tentá-lo, mas Tomás a pôs para correr usando
um ferro da lareira de seu quarto.
A mãe finalmente cedeu depois dos dois anos e organizou uma fuga secreta, na esperança de não trazer vergonha à família. Tomás desceu por uma janela com a ajuda das irmãs e voltou para junto dos dominicanos, retomando uma vida religiosa que o tornou um dos santos mais influentes de toda a história do cristianismo.
https://pt.aleteia.org/2021/02/14/conheca-5-santos-que-nao-se-davam-muito-bem-com-seus-familiares/
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