Jesus nos convida a entrar em sua casa para aprender d'Ele e com Ele os valores do Evangelho
- Na celebração do Mistério do Natal, a Igreja nos convida a celebrar a Sagrada Família de Jesus, Maria e José. É muito importante ver esta festa ligada ao Natal do Senhor, o Mistério da Encarnação.
- A primeira leitura apresenta uma série de indicações práticas que os filhos devem ter em conta nas relações com os pais. Uma palavra sobressai: o verbo 'honrar'. Ele nos leva ao decálogo do Sinai (cf. Ex 20,12). Ora, reconhecer que os pais são a fonte, através da qual Deus nos dá a vida, deve conduzir à gratidão; e essa gratidão tem consequências na prática: implica ampará-los na sua velhice e não os desprezar nem abandonar; implica assisti-los materialmente sem inventar qualquer desculpa quando já não podem trabalhar. Em termos mais concretos, somos chamados a responder a Deus neste dia como pessoas novas. Somos provocados a cultivar virtudes que nos levam a imitar Cristo, tais como: misericórdia, bondade, humildade, paciência, mansidão.
- O Evangelho de hoje relata a segunda visita de Jesus ao templo em Jerusalém (a primeira foi por ocasião da circuncisão). Trata-se do seu ingresso oficial na comunidade hebraica, inaugurando sua maioridade. Em Jerusalém, no templo, Jesus adolescente realiza seu primeiro e solene ato de revelação. É nessa ocasião que Ele pronuncia as primeiras palavras registradas pelos evangelhos. E a primeira palavra é Pai, dirigida a Deus; Pai será também a última palavra pronunciada por Jesus, ainda em Jerusalém, mas no novo templo do Calvário: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito" (Lc. 23,46). Estas primeiras palavras de Jesus nos revelam onde está o centro de sua identidade e de sua missão: na escuta atenta e na comunhão com o Pai. - Jesus voltará a Jerusalém outras vezes; aí vai morrer e ressuscitar, porque Jerusalém é o sinal da vida e da morte, das lágrimas e da beleza, do sangue e da luz. Em Jerusalém, Jesus encontrará alegria e dor, morte e vida, acolhimento e rejeição. Jerusalém é a cidade da história humana e da história salvífica, lá está a casa do templo, a casa do Senhor, e a casa da dinastia de Davi, da qual descende o Cristo. Na perda e encontro de Jesus no Templo se condensa toda sua vida, que é buscar a vontade do Pai.
- Jerusalém e Nazaré, lugares onde Jesus andou, são lugares que integram a missão de Jesus. Nazaré, um lugar desconhecido e insignificante, mas reconhecido pelos profetas, protegido pela Antiga Aliança. Nazaré é o sinal da epifania de Deus na rotina do dia a dia, é o sinal da palavra divina escondida nas vestes humildes da vida simples; é lugar da escuta atenta própria de um ambiente familiar.
- Jesus nos convida a entrar em sua casa para aprender d'Ele e com Ele os valores do Evangelho. É difícil compreender a normalidade da vida de Jesus Cristo; parece até que o Reino não tem exigências sobre a sua vida. O Reino se revela no pequeno, no anônimo e não no espetacular, no grandioso. Ele está misteriosamente se realizando entre nós. Tanto em Nazaré quanto na vida pública, Jesus nos comunica uma profunda união com o Pai, numa oração confiante de entrega.
. - A vida em Nazaré estabelece os critérios evangélicos na nossa cabeça e no nosso coração: serviços ocultos, solidariedade, diálogo, alegria, desafios, pobreza e outros relacionados à vida da Sagrada Família. Jesus nos ensina, em Nazaré, o valor das coisas corriqueiras, quando são feitas com dedicação e carinho. O fazer, seja qual for segundo suas motivações, é redentor!
- Na escola da vida, Jesus também foi aprendiz. Aprender é consequência básica da dinâmica da Encarnação. Lucas o confirma: "Jesus crescia em sabedoria e em graça, diante de Deus e diante dos homens" (Lc 2,40.50). Portanto, Jesus viveu a vida em um processo lento e progressivo, a partir da própria condição humana no meio dos seus, no meio do povo e em vista do Reino de Deus. Que aprendamos com Ele, amar e servir aprendendo a viver e testemunhar o Reino do Pai.
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