Sabedoria familiar
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo
Costa
Todos aqueles que escutavam o Senhor
Jesus, com apenas doze anos, estavam admirados da sabedoria das suas respostas,
também Maria e José se admiravam (cf. Lc 2,47-48). A sabedoria do Perfeito Deus
e do Perfeito Homem, Jesus Cristo, é impressionante; contemplar essa sabedoria
quando ele tinha apenas doze anos devia ser algo digno de grande surpresa.
Tampouco deixa de ser edificante a capacidade de maravilhar-se de Nossa e São
José: ao pensarmos que eles conviviam com o Menino Jesus e que, portanto, o
escutavam frequentemente, nós poderíamos concluir que eles já estavam
acostumados às palavras do Deus-Homem. E não era assim! Maria e José continuam
admirando-se e meditando em seus corações todas as palavras de Jesus.
Aprendamos essa atitude dos pais de Jesus: escutar, admirar, meditar e viver a
Palavra de Deus! Essa atitude faz-nos sábios.
Maria e José tinham dentro do próprio
lar a sabedoria de Deus. Como é importante também que as nossas famílias tenham
dentro de casa a sabedoria. Jesus Cristo é a Sabedoria. A sabedoria é também um
dos sete dons do Espírito Santo e faz com que tenhamos um juízo correto sobre
as coisas, faz com que julguemos as coisas “segundo o Espírito”, movidos pelo
Espírito Santo. Trata-se daquilo que pedimos naquela conhecida oração: “Vinde,
Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas”. Como é
importante que pensemos todas as coisas da nossa vida segundo as exigências do
amor de Deus!
A sabedoria faz com que exista em nós
uma inclinação amorosa a querer e seguir a vontade de Deus, uma espécie de
co-naturalidade com o que Deus quer. Esse dom acompanha a virtude sobrenatural
da caridade. E a caridade é exigente! Trata-se daquela disposição que se
encontra em nós pela graça e que nos faz amar a Deus como ele quer ser amado e
amar a todos os seres humanos como Deus os ama. Diz Santo Tomás de Aquino que a
caridade é um amor de amizade entre o homem e Deus, que constitui a fonte e o
motor de toda a vida cristã.
O amor, em seu ponto mais alto, consiste
em doar-se, em entregar-se a si mesmo, não só em dar algo, mas dar-se a si
mesmo (amor ágape).
O que acontece é que essa doação nos deixa “esgotados”. Faço ou não faço isso?
Que esse juízo seja feito sob o impulso da sabedoria que vem do alto. Diante
das exigências do amor, o dom da sabedoria existe também para dar suavidade à
nossa doação, por esse dom somos movidos a realizar a doação que Deus nos pede
a cada momento.
Mais concretamente, quais são as
exigências do amor de Deus na vida de família? Muitas… e especialmente no que
se refere à convivência pacífica e amorosa dos cônjuges e à educação dos
filhos. Com relação à convivência conjugal: quem se deixa conduzir pela
sabedoria que vem do Espírito Santo saberá descobrir e viver as amorosas
exigências do amor matrimonial. Saberá tratar com delicadeza o cônjuge,
conviver com as fraquezas dele, melhorá-lo (a). A sabedoria que vem de Deu os
fará ver que nos momentos de dificuldades é que se encontra uma excelente
oportunidade para demonstrar seu amor a Deus e ao próprio compromisso
matrimonial. A vontade de Deus para si, a vontade de Deus para o cônjuge: esta
é a norma de conduta da pessoa sábia no seu matrimônio.
Quais as exigências do amor de Deus no
que diz respeito aos filhos? Quantos sacrifícios o Senhor pede dos pais para
com os seus filhos, em primeiro lugar para tê-los! Somente os pais que são
sábios entendem, como exigência do amor de Deus e do amor entre eles, que é
preciso ser generosos para receber como dons do alto os filhos que Deus lhes
quer enviar. Faço-lhes uma confidência de amigo: admiro com entusiasmo as
famílias numerosas e também àquelas que, dentro da sua generosidade para com
Deus, têm poucos filhos! Aplaudo também aqueles pais que não tem filhos porque
o Senhor não quis dar-lhes e que aceitam essa realidade com vontade de Deus para
eles, pois os filhos são presentes de Deus e os presentes não se exigem! Tenho
dificuldade para entender a tantas pessoas casadas cujo egoísmo não lhes deixa
o caminho livre ao amor que quer se concretizar nos filhos. Além do mais,
também há muito sacrifício para educar os filhos! Muitas virtudes precisam ser
vividas no lar! Como tratar os filhos na infância, na adolescência, na
juventude, na maturidade? É preciso pedir ao Espírito: “dá-me, Senhor,
sabedoria”. O sábio vê as coisas movido pelo amor de Deus.
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