sábado, 12 de março de 2022

A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS E A NOSSA TRANSFIGURAÇÃO

O 2º domingo da Quaresma apresenta Jesus, no alto da montanha, transfigurando-se diante de alguns dos discípulos para revelar seu programa de vida. As roupas brilhantes e tão brancas apontam para a realidade da ressurreição do Senhor. Ele é o Filho de Deus, e, portanto, ninguém poderá impedir o bom êxito da sua missão. O projeto do Pai revelado em Cristo precisa ser compreendido e assumido pelos discípulos. Por essa razão, Pedro, Tiago e João são levados à parte, para escutarem atentamente o que Jesus tem a dizer.

No alto da montanha, o Pai confirma a missão de Jesus: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” A partir de agora, os discípulos são convidados a descer do monte para fazer a expe­riência de acompanhar o Mestre a Jerusalém. É importante, porém, que eles compreendam que essa nova etapa do caminho é repleta de confrontos, principalmente com aqueles que não querem a implantação do Reino de Deus e sua justiça.

Seguir o Mestre não quer dizer fixar-se em sua transfiguração gloriosa. Pedro, no alto da montanha, ficou extasiado com a transfiguração de Jesus e desejou ficar ali: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos preparar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ele ainda tinha em mente a concepção de um Jesus glorioso. No entanto, é inconcebível conhecer Jesus sem ir com ele para Jerusalém, sem carregar a cruz, sem passar pela morte.

Somente vamos reconhecer Jesus Cristo, única autoridade credenciada pelo Pai, quando houver em nós uma entrega incondicional ao seu programa de vida. É isso que nos mostra a primeira leitura, na qual Abraão, confiando inteiramente na promessa daquele que o chamou, não hesita em realizar o que pensava ser vontade divina. Passando pela prova, reconhecendo que Deus é sempre comprometido com a vida, Abraão torna-se construtor de uma nova história e nosso pai na fé.

Nesta travessia do deserto quaresmal, somos convidados a escutar os apelos do Senhor, que nos chama a segui-lo com todo o nosso ser. Para isso, contudo, precisamos ir com Jesus para o alto da montanha, a fim de fazer com ele a experiência da transfiguração. Que possamos, como discípulos missionários transfigurados, escutar Jesus e levar sua Palavra a tantas realidades que precisam ser transformadas, principalmente àquelas marcadas por muitas e grandes injustiças. Após fazer a experiência de Jesus transfigurado, cumpre-nos ter a coragem de descer da montanha e seguir o Mestre no caminho da doação da vida.

Pe. Roni Hernandes, ssp

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