O 2º domingo da Quaresma apresenta
Jesus, no alto da montanha, transfigurando-se diante de alguns dos discípulos para
revelar seu programa de vida. As roupas brilhantes e tão brancas apontam para a
realidade da ressurreição do Senhor. Ele é o Filho de Deus, e, portanto, ninguém
poderá impedir o bom êxito da sua missão. O projeto do Pai revelado em Cristo precisa
ser compreendido e assumido pelos discípulos. Por essa razão, Pedro, Tiago e João
são levados à parte, para escutarem atentamente o que Jesus tem a dizer.
No alto da montanha, o Pai confirma
a missão de Jesus: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” A partir de
agora, os discípulos são convidados a descer do monte para fazer a experiência
de acompanhar o Mestre a Jerusalém. É importante, porém, que eles compreendam que
essa nova etapa do caminho é repleta de confrontos, principalmente com aqueles que
não querem a implantação do Reino de Deus e sua justiça.
Seguir o Mestre não quer dizer fixar-se
em sua transfiguração gloriosa. Pedro, no alto da montanha, ficou extasiado com
a transfiguração de Jesus e desejou ficar ali: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos
preparar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ele ainda
tinha em mente a concepção de um Jesus glorioso. No entanto, é inconcebível conhecer
Jesus sem ir com ele para Jerusalém, sem carregar a cruz, sem passar pela morte.
Somente vamos reconhecer Jesus Cristo,
única autoridade credenciada pelo Pai, quando houver em nós uma entrega incondicional
ao seu programa de vida. É isso que nos mostra a primeira leitura, na qual Abraão,
confiando inteiramente na promessa daquele que o chamou, não hesita em realizar
o que pensava ser vontade divina. Passando pela prova, reconhecendo que Deus é sempre
comprometido com a vida, Abraão torna-se construtor de uma nova história e nosso
pai na fé.
Nesta travessia do deserto quaresmal,
somos convidados a escutar os apelos do Senhor, que nos chama a segui-lo com todo
o nosso ser. Para isso, contudo, precisamos ir com Jesus para o alto da montanha,
a fim de fazer com ele a experiência da transfiguração. Que possamos, como discípulos
missionários transfigurados, escutar Jesus e levar sua Palavra a tantas realidades
que precisam ser transformadas, principalmente àquelas marcadas por muitas e grandes
injustiças. Após fazer a experiência de Jesus transfigurado, cumpre-nos ter a coragem
de descer da montanha e seguir o Mestre no caminho da doação da vida.
Pe. Roni Hernandes, ssp
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