O DOMINGO DA ALEGRIA
- O quarto domingo da Quaresma é conhecido
como o domingo da alegria (Laetare) porque nesse domingo vislumbramos a Páscoa do
Senhor na liturgia da Palavra, que nos faz refletir sobre a conversão e a reconciliação.
Hoje, a cor rósea substituiu o roxo lembrando essa alegria da Páscoa do Senhor que
se aproxima, cujos sinais estão presentes nesta liturgia.
- Na primeira leitura recordamos a ação maravilhosa de Deus cumprindo as promessas feitas aos antigos
Patriarcas: "dar-vos-ei uma terra onde corre leite e mel". Passados muitos
séculos, Deus liberta o seu povo da escravidão do Egito e entrega-lhes a Terra Prometida.
No texto de hoje vemos os israelitas, que depois de uma longa permanência de quarenta
anos no deserto, atravessam o rio Jordão e entram na terra da Promessa. Aproximava-se
a celebração da Páscoa e, considerando que só os circuncidados a podiam celebrar
(cf. Ex 12,44.48), Josué mandou circuncidar todos os que tinham nascido no deserto
e todos os estrangeiros, para que todos fizessem parte do Povo eleito. A circuncisão
era um sinal da aliança estabelecida por Deus com Abraão. O rito levado a cabo por
Josué era também uma espécie de "conversão coletiva": assinalava um "tempo
novo", uma vida nova depois do "opróbrio do Egito", isto é, depois
da escravidão. Somos convidados, neste tempo de Quaresma, a fazer uma experiência
semelhante à dos israelitas: é preciso pôr fim à etapa da escravidão do pecado e
passar, decididamente, à vida nova, à vida da liberdade. É preciso renascer e aderir
com convicção as propostas de Deus.
- O que ainda me impede de celebrar um verdadeiro
compromisso com Deus?
- Reconciliação é palavra-chave da segunda leitura: reconciliação entre os coríntios e Paulo; reconciliação
entre os coríntios e Deus. Isso nos recorda que para vivermos em paz uns com os
outros é preciso viver em Deus e com Ele. Reconciliemo-nos com Deus por meio de
nossa adesão à Cristo! Paulo fez-se "embaixador" e arauto desta reconciliação
e aponta a eficácia reconciliadora da morte de Cristo pela cruz. Por ela, Deus arrancou-nos
do domínio do pecado e transformou-nos em homens novos. Apesar das nossas infidelidades,
Deus continua a oferecer-nos o seu amor. Como respondemos a essa oferta divina?
Com uma vida de obediência aos seus mandamentos ou com egoísmo e autossuficiência?
É "em Cristo" que somos reconciliados com Deus. Jesus crucificado ensinou-nos
a obediência filial ao Pai e o amor total aos homens. É desta forma que procuramos
viver? A comunhão com Deus exige a reconciliação com os irmãos. Como vivemos a obrigação
da reconciliação com os que nos rodeiam?
- Com três parábolas, São Lucas dedica o capítulo
15 do seu evangelho ao ensinamento de Jesus sobre a misericórdia divina. O ponto de partida para a parábola que escutamos é a
murmuração dos fariseus e dos escribas que se escandalizavam com as atitudes de
Jesus: "este homem acolhe os pecadores e come com eles". Para os judeus,
os pecadores não podiam aproximar-se de Deus. Por isso, concluíam dizendo que Jesus
não podia vir de Deus. É neste contexto que Jesus conta a chamada "parábola
do filho pródigo".
- A personagem central é o pai. Jesus fala desse pai como alguém que respeita as decisões
e a liberdade dos filhos, revelando um amor sem limites. Esse amor manifesta-se
na emoção com que abraça o filho mais novo, que volta à casa, depois de uma amarga
e dolorosa experiência, que o levou a passar fome e grandes privações. É um amor
que permanece inalterado, apesar da rebeldia e da infidelidade do filho. Este grande
amor do pai revela-se na entrega do anel que é símbolo da autoridade (Gn 41,42)
e da pertença à família. Entrega-lhe as sandálias, o calçado próprio das pessoas
livres. Este Pai é um retrato perfeito do nosso Pai celeste, um Deus paciente, acolhedor
e cheio de misericórdia para conosco.
- O filho mais novo é um filho
rebelde, que exige muito mais do que aquilo
a que tinha direito. Ele é a imagem de todos nós, quando nos deixamos conduzir pelo
pecado e exprime o itinerário do pecador, que, pela penitência, regressa à comunhão
com Deus. Por outro lado, o filho mais velho sempre fez o que o pai mandou, "sem
nunca transgredir uma ordem sua"; nunca pensou em deixar esse espaço cômodo
e acolhedor, que é a casa paterna. Contudo, não aceita que o pai acolha o filho
rebelde. Não entende a lógica do pai, que faz uma festa para receber "esse
irmão", que gastou tudo. Este filho mais velho é a imagem dos fariseus e escribas
que interpelaram Jesus. "Consideravam-se justos, mas desprezavam os demais".
- Esta "parábola do pai misericordioso" - Deus como um Pai bondoso, que respeita as nossas decisões, mesmo quando usamos mal a liberdade, procurando a felicidade em caminhos errados. Quando nos reencontra, os seus braços estão abertos para nos acolher. Somos convidados a imitar a misericórdia divina e nos orientar por este preceito: ser misericordiosos à semelhança de Deus, nosso Pai.
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