1.
Celebramos hoje o mistério conclusivo da vida de Jesus: sua ascensão ao céu.
Quando afirmamos que Jesus foi para o céu, não estamos dizendo que ele subiu
para o espaço sideral, mas que foi para Deus. “Ir para o céu significa ir para
Deus”. Estar no céu significa estar junto de Deus, em comunhão plena com Deus.
2. O céu
começa para nós, seres humanos, quando Cristo Ressuscitado leva para junto do
Pai a nossa humanidade, estabelecendo comunhão total entre a realidade
criada e a realidade divina. O corpo ressuscitado de Cristo é a ‘ponte’ que nos
leva até o coração de Deus: “Vou preparar um lugar para vós. E depois que
eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a
fim de que, onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14,2c-3).
3. O céu
já começa nesta vida e alcança sua plenitude após a morte, quando
mergulharemos totalmente no mistério de Deus. É preciso superar a
concepção de que o céu seria uma felicidade que começaria repentinamente após a
morte. Não! O céu começa no tempo presente, e alcançará, sim, sua plenitude
após a morte; mas ele já começa aqui, na nossa história pessoal. Sempre
que cultivamos e intensificamos a comunhão com o Senhor, experimentamos aquela
misteriosa alegria que não se deixa vencer pelos sofrimentos e decepções
próprios da existência humana. É a alegria que vem de Deus, que vem do céu.
4. A
ascensão ensina-nos ainda que Jesus não está mais na mansão dos mortos, mas à
direita de Deus. Essa expressão da profissão de fé significa que Jesus tem
um poder divino, igual ao do Pai. Um poder em comunhão com o poder do Pai.
Jesus ressuscitado é o Senhor que reina agora com a sua humanidade na
glória eterna de Filho de Deus e intercede incessantemente a nosso favor
junto do Pai.
5. Por
fim, a ascensão lembra-nos que, enquanto Igreja, continuamos a missão de Jesus.
É preciso vencer a tentação de viver um cristianismo sem nenhum
engajamento, de viver simplesmente à espera do retorno do Senhor. Mãos à obra,
pois a missão é repleta de desafios e obstáculos.
6. O
confronto com uma cultura avessa aos valores do evangelho provoca momentos
de desilusão e decepção, daí a promessa de Cristo: “Eis que estou convosco
todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20b). Esta certeza deve
alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos: o
céu. Assim seja!
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