Como tratar o câncer?
Veja, a seguir, um
resumo dos diferentes procedimentos adotados para destruir tumores ou impedir
que as células anormais se proliferem.
Cirurgia A cirurgia oncológica quase sempre se destina
a remover o tumor e os tecidos em volta dele com o objetivo de curar a doença,
ou, em alguns casos, controlar sintomas que comprometem a qualidade de vida do
paciente. Com o avanço da medicina, os procedimentos têm sido cada vez mais
conservadores, a fim de se evitar complicações e evitar os impactos
psicológicos de uma mutilação. A biópsia e os exames de imagem determinam a
extensão do procedimento, mas há ocasiões em que só após a cirurgia é possível
completar o estadiamento do câncer.
Radioterapia É o uso de doses fracionadas de radiação
para destruir um tumor ou impedir que as células tumorais aumentem. Também pode
ser indicada em casos em que o câncer é incurável, com o objetivo de melhorar
os sintomas e dar mais qualidade de vida ao paciente. As aplicações são
indolores, mas pode haver efeitos colaterais como reações na pele e cansaço.
Existe a radioterapia interna ou externa, e existem diversas técnicas
diferentes que permitem maior precisão e menor risco para o paciente.
Quimioterapia É o uso de substâncias para destruir as
células do câncer. Existem diversas opções possíveis, que podem ser usadas
sozinhas ou de forma combinada de acordo com o tipo e a extensão da doença. É
comum que sejam administradas por via intravenosa (por meio de um cateter
inserido na veia) em sessões semanais durante um certo período, mas também
existem quimioterápicos por via oral, injeções ou pomadas. Em geral, a terapia
é realizada após a cirurgia, para eliminar as células cancerosas que restaram
no organismo e evitar o retorno da doença. Em alguns casos, pode ser indicada
antes, para diminuir o tamanho do tumor e evitar uma cirurgia mais invasiva e
perigosa. Os quimioterápicos também destroem células saudáveis de crescimento
rápido, por isso é são comuns efeitos colaterais como queda de cabelo, além de
náusea, vômitos, fadiga, diarreia e risco aumentado de infecções.
Hormonioterapia É o uso de medicamentos para bloquear a ação
de certos hormônios que estimulam o crescimento do câncer, como o estrogênio ou
a testosterona. O tratamento é frequente em casos de câncer de mama ou de
próstata. Os efeitos colaterais são semelhantes aos da menopausa ou da
andropausa.
Terapia-alvo O conhecimento das mutações específicas que
geram determinados tumores permitiu o desenvolvimento de drogas com ação mais
dirigida, o que preserva as células saudáveis dos pacientes. Algumas dessas
substâncias, os inibidores da angiogênese, conseguem impedir que o tumor seja
alimentado por novos vasos sanguíneos e "morra de fome". Outro
exemplo são os anticorpos monoclonais, produzidos em laboratório a partir de
células vivas, que liberam substâncias tóxicas especificamente no tumor. Hoje
existem terapias-alvo aprovadas para certos tipos de tumor de mama, pulmão,
colorretal, pulmão, melanoma e leucemia mieloide crônica. Em geral, possuem
menos efeitos colaterais que a quimioterapia, mas nem sempre substituem essa
última.
Imunoterapia É o uso de tratamentos que ajudam o sistema
imunológico a identificar as células do câncer como inimigas e, então,
destruí-las. Existem diferentes substâncias que atuam em mecanismos distintos
que permitem às células tumorais não serem atacadas pelo nosso sistema de
defesa. A imunoterapia é apontada como uma das maiores promessas contra a
doença, e trouxe um aumento de sobrevida e qualidade de vida significativos
para pacientes com certos tipos de tumores, como melanoma, rins e pulmão. Os
efeitos colaterais são mínimos, embora exista o risco pequeno de reações
autoimunes. Além disso, alguns cânceres respondem bem enquanto outros não, o
que ainda é objeto de pesquisa. O alto custo também é um obstáculo para o uso
da imunoterapia, especialmente em países como o Brasil.
Medicamentos de suporte O tratamento do câncer costuma
envolver diversos medicamentos que não atuam diretamente na doença, mas ajudam
a controlar sintomas ou efeitos colaterais das terapias, como dor, enjoo e
inflamação.
Transplante de medula óssea A medula óssea é o
líquido gelatinoso que fica dentro dos ossos, onde são produzidas as células do
sangue. O transplante é indicado em alguns casos de leucemia, linfoma ou mieloma
múltiplo, depois que o paciente é submetido a um tratamento para destruir a
própria medula. Pode ser autogênico, quando as células vêm da medula do próprio
paciente, ou alogênico, quando vêm de um doador. As células também podem ser
obtidas do sangue de cordão umbilical. O principal risco é a predisposição a
infecções logo após o procedimento.
Vigilância ativa Em certos casos, a melhor conduta é não
tratar, mas apenas monitorar o paciente e seus sintomas. Essa tendência tem
sido frequente em muitos casos de câncer menos agressivos, como certos tumores
de próstata.
Estilo de vida A orientação nutricional é fundamental para
aliviar efeitos colaterais do tratamento, como náusea e anemia. Emagrecer pode
melhorar a resposta às terapias, mas o paciente não deve se submeter a dietas
radicais. Exercícios orientados por um profissional habilitado são úteis para
combater a fadiga, a depressão e o excesso de peso, entre outros problemas, e a
fisioterapia pode ser indicada após certas cirurgias.
Apoio psicológico O câncer não envolve apenas a saúde física,
por isso é fundamental que o paciente seja atendido por psicólogos. Após o
diagnóstico, é comum surgirem preocupações, ansiedade, medo da morte e da
mutilação, conflitos com outras pessoas, além de sintomas depressivos que podem
surgir como efeito colateral dos tratamentos. As terapias da fala não só
aliviam o sofrimento psicológico, como melhoram a adesão do paciente às
terapias e ao autocuidado, além de reduzir o estresse, fator que tem impacto na
imunidade. Participar de grupos de autoajuda ou pelo menos trocar ideias com
outros pacientes também pode ajudar nesse aspecto.
Terapias integrativas Assim como o suporte psicológico, as
terapias integrativas (ou práticas mente-corpo) têm se mostrado importantes
para o alívio do estresse e recuperação, por isso, são oferecidas a pacientes
oncológicos em instituições de referência. Alguns exemplos são a meditação, as
posturas ou exercícios respiratórios da ioga, terapias de toque sutil. "O
ideal é que a prática seja aprendida pelo familiar ou cuidador também, e que
seja adaptada às necessidades e condições de cada paciente", comenta Fábio
Romano, coordenador do programa Survivorship, coach de saúde e terapeuta
corporal do grupo de Medicina Integrativa da Sociedade Beneficente Israelita
Brasileira Albert Einstein. Para quem busca essas terapias por conta própria, a
recomendação é sempre avisar o oncologista e evitar o consumo de chás ou
fitoterápicos, que podem interagir com os medicamentos e causar reações graves,
como lesões no fígado.
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