Oito séculos atrás, os dominicanos mudaram a
história. Hoje eles querem tentar de novo
50 mil leigos, 3 mil freiras e 6 mil frades seguem
os passos de São Domingos de Gusmão
Oito
séculos atrás, Domingos de Gusmão lançava um dos movimentos espirituais mais
influentes da história do cristianismo. Seguindo os passos de Jesus, a Ordem
dos Frades Pregadores queria reviver
a experiência dos primeiros discípulos, que andavam pelos
caminhos da Galileia para pregar em pobreza o amor de Deus.
Em
7 de novembro de 2015, na histórica sede de Santa Sabina, em Roma, a ordem dos
dominicanos inicia um ano jubilar em memória das bulas promulgadas pelo papa Honório
III em 1216 e 1217: por meio delas é que foi confirmada a
fundação dos frades pregadores.
Aleteia teve a alegria de entrevistar o pe. Bruno Cadoré, mestre da ordem e
87º sucessor do santo fundador. Ele recorda que São Domingos
quis para os seus irmãos a oração, o estudo, a vida fraterna e a pobreza; o
estudo, aliás, “não para
que todos fossem sábios, mas para que a busca contínua da verdade que se
encontra nas Escrituras plasmasse a sua humanidade”.
Os
irmãos de São Domingos se espalharam pelo mundo inteiro. Hoje, a família
dominicana tem 3
mil freiras em 209 conventos e 6 mil frades em 602 mosteiros, além de 150 mil
leigos, juntamente com mais de 40 mil irmãs apostólicas, em 119 congregações.
Os
dominicanos representam uma parte importante da história da Igreja: mais de 130 santos, entre homens e
mulheres, muitos deles doutores da Igreja; 4 papas, 75 cardeais, 150 arcebispos e
centenas de bispos.
Não
faltaram páginas escuras nessa história, como o período da Inquisição, em que um
mal-entendido “orgulho
de possuir a verdade” levou a se perder o sentido de uma fé que
só pode ser “proposta, nunca imposta” – muito menos com a tortura e a
violência.
Para
entender o que significa hoje a “defesa
da doutrina” e a sua relação com a pastoral, Cadoré convida a
olhar para um dos filhos mais ilustres da ordem dominicana: Santo Tomás de Aquino.
“Um grande teólogo”, destaca o mestre dos frades pregadores, “mas também um
grande pregador: não há nada que ele tenha pensado e escrito na Summa Theologica que
não tenha depois pregado para as pessoas comuns”. Defender a doutrina,
portanto, significa “defender
a capacidade da doutrina de ajudar a Igreja a falar com os outros sobre Deus”.
Hoje,
assim como ontem, o carisma dos dominicanos se concentra na pregação, que tem de
enfrentar o desafio do “novo
continente” da internet, um mundo em que “a facilidade de
comunicação envolve o risco, paradoxalmente, de isolar as pessoas”. Mas pregar, adverte
Cadoré, não é apenas falar: é “encontrar,
escutar, tentar compreender e conversar”.
A
celebração de um ano jubilar traz sempre consigo balanços e propósitos para o
futuro. O objetivo
para os próximos 800 anos? Um desafio antigo e sempre novo:
“Alcançar aqueles que ainda não conhecem Jesus”, escancarando
as portas da ordem e da Igreja, tal como convida o papa Francisco.
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