A
GLÓRIA DA ELEVAÇÃO
No dia solene da Assunção de Nossa Senhora, as leituras
querem avivar a devoção àquela que foi assunta ao céu e fortalecer nossa luta
contra o mal. Diz a Lumen Gentium: “A Imaculada Virgem, preservada imune de
toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada
ao céu em corpo e alma e pelo Senhor exaltada qual rainha do universo, para
assim se con- formar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor
do pecado e da morte” (LG 59). O Apocalipse diz que é tempo de confronto com o
mal, até a consumação da história. O dragão personifica o mal, o inimigo de
Deus: é sanguinário (vermelho); tem pleno poder sobre os impérios do mundo (07
cabeças, 07 coroas); mas sua força é imperfeita (10 chifres); tem a pretensão
de lutar contra Deus, devorar o Filho que veio para destruí-lo. João fala de
sua visão da Assunção corpórea de Maria ao céu. “Mulher” tem dois sentidos: Mãe
de Jesus (ela deu à luz um Filho que há de governar as nações); e também uma
representação da Igreja (as 12 estrelas simbolizam o Povo de Deus que tem nos
apóstolos o alicerce). São Paulo faz uma relação entre Adão e Jesus: no
primeiro, todos morrem; em Jesus, todos reviverão. Junto ao novo Adão, Jesus
Cristo, está a nova Eva, Maria, elevada à glória celeste. O Evangelho fala do
encontro entre duas mães: Isabel exclama que Maria foi agraciada de modo único
por Deus e não esconde a alegria de receber sua visita. Maria proclama que as
maravilhas operadas nela são obra do Todo- -Poderoso. Ela nunca tem o olhar
voltado unicamente para si, a não ser quando se trata de realçar sua pequenez.
Sigamos, com nossa fragilidade, rumo à glória futura. A vida está repleta de
horas inesperadas. O amanhã nem sempre é como imaginamos. Pode mudar para
melhor ou para pior. O Escritor Fernando Sabino fala de três certezas: Que estamos
sempre começando; que nos resta muito a fazer; e que podemos ser interrompidos
antes de terminar. Nosso tempo é hoje: tempo de começar. São Francisco, no
leito de morte, pediu aos frades: Comecemos hoje porque, até agora, pouco
fizemos. Temos muito a fazer: nem todas as searas foram plantadas, nem to- dos
os gestos de bondade foram feitos. E não precisa ser gestos heróicos. A
grandeza se constrói no cotidiano. A fidelidade de cada dia também é heroísmo.
São Paulo, de- pois de uma vida intensa, afirmou: “Combati o bom combate,
guardei a fé, resta-me agora a recompensa” (2Tm 4,7-8). Celebramos hoje a
vocação das pessoas que consagram sua vida através dos votos de pobreza,
castidade e obediência. É mais um dia de gratidão ao Pai! Cada gota de amor que
for espa- lhada, ficará para sempre. O mundo precisa ficar mais belo porque
você marcou seu caminho com pequenas flores de amor e beleza. Ruben Alves
disse: “A vida não é uma canção que tem de ser tocada até o fim. É um álbum de
pedaços de música. Cada momento de beleza vivido e amado, por mais rápido que
seja, é uma experiência completa, destinada à eternidade. Um único momento de
beleza e amor justifica a vida inteira”. Com Maria, eleve-se. E justifique-se!
Dom Jorge Pierozan Bispo Auxiliar de São Paulo
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