sábado, 20 de agosto de 2022

REFLEXÃO DOMINICAL II

 

A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

- Hoje celebramos a maior das festas da Santíssima Virgem Maria: a sua Assunção! A festa da sua entrada na glória, da sua plenitude como criatura, como mulher, como mãe, como discípula de Cristo Jesus. Como um rio, que após longa corrida deságua no mar, hoje, a Virgem Toda Santa, deságua na glória de Deus: transfigurada no Espírito Santo, derramado pelo Cristo, ela está na glória do Pai!

- Para compreendermos o profundo sentido do que celebramos, tomemos as palavras de São Paulo: "Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada" (1Cor 15,20- 22). Para o Apóstolo, todos os que são de Cristo ressuscitarão segundo os desígnios do Pai. Dentre todos, celebramos hoje Maria que esteve com Jesus em sua vida terrena, na sua morte de Cruz e com ele entrou na glória do Céu.

- Na primeira leitura, as visões do Apocalipse exprimem-se numa linguagem codificada. Elas revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. A Mulher pode representar a Igreja, novo Israel, o que sugere o número das doze estrelas. O seu nascimento é o do batismo que deve dar à terra uma nova humanidade. O Dragão é o perseguidor, que põe tudo em ação para destruir este recém-nascido. Mas o destruidor não terá a última palavra, pois o poder de Deus está em ação para proteger o seu Filho. Proclamando esta mensagem na Assunção, reconhecemos que, no seguimento de Jesus e na pessoa de Maria, a nova humanidade já é acolhida junto de Deus. A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição. Tem a sua origem na Páscoa de Jesus e manifesta a emergência de uma nova humanidade, em que Cristo é a cabeça, como novo Adão.

 - Todo o capítulo 15 da carta de Paulo aos Coríntios é uma longa demonstração da ressurreição. Na passagem escolhida para a festa da Assunção, o Apóstolo apresenta uma espécie de genealogia da ressurreição e uma ordem de prioridade na participação neste grande mistério. O primeiro é Jesus, que é o princípio de uma nova humanidade. Eis porque o apóstolo o designa como o "novo Adão", mas que se distingue absolutamente do primeiro Adão: este tinha levado a humanidade à morte, ao passo que aquele a conduz para a vida eterna, a glória no Céu.

- No Evangelho vemos que o cântico de Maria descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo da criação: salvar, curar e libertar todos os homens e mulheres. No ventre de Maria este plano de salvação ganhou "carne", pois o Verbo veio morar entre nós. Hoje, a Igreja é responsável por anunciar o Mistério da salvação e redenção ao longo de todos os tempos e em todos os lugares.

- Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Nela, ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: "dispersou os soberbos, exaltou os humildes". Os humildes são aqueles que creem no cumprimento das palavras de Deus e se põem a caminho; aqueles que acolhem até ao mais íntimo do seu ser a vida nova em Cristo, para o levar ao mundo como discípulos missionários. Deus debruça-se sobre eles e cumpre neles maravilhas da salvação.

- Maria, a Virgem de Nazaré, representando todas as pessoas simples, ignoradas pelos poderosos, mas plenamente confiantes em Deus, no seu "Magnificat", canta sua gratidão a Deus porque ele beneficiou a ela e aos necessitados. Ela anuncia a nova sociedade, não apenas a celeste, mas também a terrestre, quando esta última seguir seu conselho de "fazer tudo o que Jesus mandar".

 - Celebrar a Assunção de Nossa Senhora é recordar que a Mãe de Jesus fez tudo o que ele indicou, ensinou e viveu. A vida de Maria é um constante "sim" ao Reino de Deus, na Cruz e na Ressurreição. Ela nos ensina constantemente a fazer "tudo o que o Senhor mandar"! Praticar tudo o que Jesus ensinou e ela viveu em toda sua vida. Como Maria, sejamos "bem-aventurados" por ouvir e colocar em prática a Palavra de Deus.

 

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