5 dicas
para a Música Litúrgica do Tempo do Advento e do Natal
Cabe à Pastoral da Música providenciar
a trilha sonora perfeita para cada Tempo. E será estudando a Arte e a Liturgia
que o conseguirão fazer. Para quem quiser se aprofundar mais a São Paulo Schola
Cantorum, fundada pelo Maestro Delphim, em parceria com PUC-SP está oferecendo
o Curso Online de Extensão "Música Litúrgica – Advento e Natal: Um coro em
toda comunidade". O curso será dado nas seguintes datas: 17 e 18 de
novembro, quinta e sexta-feira, das 20h às 22h, e dia 19, sábado, das 14h às
16h
Padre Pedro André,
SDB – Vatican News
Estamos nos
aproximando do final do ano e consequentemente dos tempos fortes do Advento e
do Natal. Para nos ajudar a refletir, especialmente para os que se ocupam da
animação musical de nossas comunidades, o maestro Delphim Rezende Porto,
diretor de música da Catedral da Sé de São Paulo – Arquidiocese de São Paulo –
nos ajuda, através de 5 dicas, a como vivenciar melhor esses períodos.
Natal
de Jesus ou do Papai Noel?
“Eu pensei que todo
mundo fosse filho de Papai Noel” ou “Então é Natal / o que você fez /
[...] hare rama a quem ama” são a trilha sonora do ‘Natal’
pagão que o comércio criou. Já somos inundados por esse “clima natalino sem
Jesus” suficientemente fora da igreja; dentro do templo, deveríamos
garantir aos fiéis uma experiência completamente diferente daquela extramuros –
em conteúdo e, sobretudo, em estilo. Que tal este ano trocarmos esses
famigerados jingles da cena pop pelos textos
e músicas da nossa tradição verdadeiramente cristã? Que deste ano em diante, a
Pastoral da Música, sem gorro de Papai Noel, não se comporte como a banda que
anima um programa de auditório, mas assuma sua responsabilidade ministerial
perante a comunidade.
Parabéns
pra Jesus?
No dia 25 de
dezembro, nós cristãos, não celebramos o aniversário de Jesus, mas sua
Encarnação. O Filho de Deus já existia, existe e existirá a despeito de sua
salvífica vinda sob a forma humana. Este mistério é grande: é a nossa fé!
Vejamos o que os textos bíblicos das liturgias do Advento e do Natal nos
apresentarão e deles derivemos nossos cânticos. Não por acaso começamos o
Advento cantando “Senhor, vem salvar teu povo” do Pe. José Weber; e no terceiro
domingo proclamamos à Entrada da Missa “Alegrai-vos, Ele está bem perto” do Pe.
Gelineau e, finalmente, entoamos “Hoje nasceu para nós o Salvador, que é
Cristo, o Senhor” no Salmo Responsorial da Missa da Noite de Natal. Há um
itinerário litúrgico – que pode e deve ser reforçado pela Pastoral da Música –
que é profundo e evangelizador. Deixemos o entretenimento barato e superficial
de fora do nosso repertório e conformemos nossa música cada vez mais ao que a
Igreja nos pede.
Ano
novo, vida nova
A pandemia nos pôs em
xeque e confrontou nossas vidas em todas as dimensões possíveis. Mudamos até
mesmo o jeito de nos saudarmos: abraço da paz virou cumprimento à distância e
com muito álcool em gel. De fato, com a chegada de um novo Ciclo Litúrgico com
o Advento, temos a oportunidade de nos conformarmos ainda mais ao Cristo e
revisarmos nossas vidas segundo a Sua luz. Que tal aproveitarmos esta hora para
mudarmos, para melhor, também as nossas práticas musicais e elegermos não mais
o parâmetro do entretenimento, mas a tradição da Igreja para avalizar o nosso
exercício artístico no templo? Ao invés de copiarmos os conjuntos da TV e do
Youtube, passemos a ajudar a Assembleia a cantar como “Povo de Reis” e não como
meros consumidores de produtos musicais gospel em um
auditório.
Cantar a missa
e não na missa
É muito sutil a
diferença que nos apresenta a frase acima. Talvez a mesma sutileza esteja
naquela contraposição que existe entre ‘ouvir’ e ‘escutar’. Em um deles existe
passividade e certo descaso, e no outro, atenção e protagonismo. Podemos
cantar à entrada da missa ou a Entrada da
Missa. Certamente, melhor será fazer a segunda opção, onde mais que
preenchermos de um som animado o início da celebração, recitaremos a Palavra de
Deus como música. No primeiro Domingo do Advento, ou seja, no verdadeiro começo
do Ano Litúrgico, a Igreja nos coloca como Antífona da Entrada o Sl 24 “Senhor
meu Deus, a vós elevo a minha alma”. Como é bela a tradição que nos impulsiona
para o Senhor! Como é bom consagramos o ano eclesiástico que começa à oração!
Mas, como poderemos fazê-lo sem a ajuda da Pastoral da Música? Enquanto os
nossos artistas se ocuparem apenas em aprender as canções da moda, dificilmente
as nossas Assembleias usufruirão destes textos litúrgicos. Mais que serem
proficientes na arte, o que se espera de instrumentistas e cantores no âmbito
da Igreja é que sirvam à Liturgia – e não que se sirvam a si mesmos ou a
interesses do mercado gospel que trata nossos
fiéis como clientes em potencial.
Cantos
genéricos ou próprios?
“Tudo tem o seu
lugar” diziam os antigos. A roupa certa para a correta ocasião e a música justa
para o momento adequado são o que Descartes, o filósofo, formulava como o
‘senso comum’. Ele mesmo, no entanto, incita o leitor do “Discurso do Método”
(1637) a rir quando constata que o ‘bom senso’ seria a dádiva mais bem
distribuída por Deus no mundo, pois ninguém admitiria facilmente possuir um
‘senso ruim’. Quantas vezes ouvimos Canto Gregoriano em um barzinho? E, quantas
vezes desfrutamos de música “de barzinho” em nossas igrejas? Em quantas
ocasiões ficamos constrangidos ouvindo longamente o canto do Salmo Responsorial
de modo sensual, com melismas e ritmos completamente indecorosos ao altar? O
primeiro nível do canto próprio da oração é que ele é diferente da música
profana. E não só no seu texto, mas na sua estrutura musical, no seu “DNA”.
Bastaria parodiar uma canção com o nome do Senhor para torná-la apta ao serviço
litúrgico? Uma vez encontrado o estilo de canto, é preciso combiná-lo ao que a
música servirá à liturgia. Logo se descobrirá que não existe música fora do
ordinário da missa que sirva para todos os 52 domingos do ano. Cabe à Pastoral
da Música providenciar a trilha sonora perfeita para cada Tempo. E será
estudando, não os trejeitos dos cantores da moda, mas a Arte e a Liturgia que o
conseguirão fazer.
Proposta
de aprofundamento
Para quem quiser se
aprofundar mais neste assunto, a São Paulo Schola Cantorum, fundada pelo
Maestro Delphim, em parceria com PUC-SP está oferecendo o Curso Online
de Extensão “Música Litúrgica – Advento e Natal: Um coro em toda comunidade”.
O curso acontecerá nas seguintes datas: 17 e 18 de novembro, quinta e
sexta-feira, das 20h às 22h, e dia 19, sábado, das 14h às 16h.
Pra mais informações,
programação completa e inscrições, acesse o site
http://liturgiacatolica.com.br/cursos
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