SANTO AGOSTINHO E A
FAMÍLIA
«Os
pais são chamados – como diz Santo Agostinho – não só a gerar os filhos para a
vida, mas a levá-los a Deus, para que sejam, através do Baptismo, regenerados
como filhos de Deus e recebam o dom da fé» (LF 43).
Os pais desenvolvem
na sua casa uma missão eclesial.
Para Santo Agostinho, bispo nos
séculos IV e V, um dos maiores padres da Igreja, fala que os pais exercem na
sua casa, família, uma missão eclesial. Ele tem presente as palavras de Cristo
quando diz que onde está Ele, o Senhor, estará também aquele que o serve (cfr.
Jo 12,26) não é aplicada só aos bispos bons ou aos sacerdotes virtuosos. Todos,
diz Santo Agostinho são servidores de Cristo, cada um segundo as suas possibilidades,
vivendo no bem, dando esmolas anunciando o nome de Cristo Jesus e a sua
doutrina. Por isso é que todos os pais de família, como servos de Cristo,
cumprem o seu dever de amar os seus com afeto paterno e materno. Por Cristo, e
pela vida eterna eduquem os seus filhos e filhas, os admoesta, os exorta, os
encoraja, concedem a benevolência, mas também manifestam a sua severidade,
cobrem na sua casa em certo sentido a função de sacerdote e de bispo, servindo
a Cristo para estar para sempre com Ele. O Bispo de Hipona lembrava o tempo dos
mártires pelas pessoas que serviram a Cristo com a máxima devoção ao sofrimento
e ao sacrifício e muitos não eram nem bispos, nem sacerdotes, mas eram
crianças, adolescentes e virgens, jovens e idosos, esposos e esposas, pais e
mães de família, servindo Cristo, estes e também os ministros ordenados deram a
vida no martírio para Cristo Jesus e receberam do Pai que os honrou a coroa da
mais alta glória.
https://www.cnbb.org.br/o-valor-da-familia-nos-padres-da-igreja/
OS
PAIS, “PRIMEIROS EDUCADORES”
Santo Agostinho
Da
mesma forma que a nós bispos compete pastorear nossa Igreja, também a vós,
pais, compete governar vossa casa. Em ambos os casos, a fim de prestar contas a
Deus daqueles que nos foram confiados. (In ps. 50,24).
– Deus
ama a disciplina. E é perversa a inocência falsificada do pai que tolera os
pecados de seus filhos. O pecado que não te desagrada no teu filho, na
realidade é porque te agrada a ti. Embora não cometas o mesmo ato, é a mesma
concupiscência que te move. (In ps. 50,24)
- Todo pai de família deve reconhecer, neste título,
uma dívida de amor para com aqueles que lhe foram confiados. Por amor do
Cristo e da vida eterna, instrua, admoeste, corrija e exorte todos os
seus. Ser pai não é um é um ofício, mas sim um serviço. (In Joan. 51,13).
- Educa o teu filho. E faze isso de forma tal que, na medida
do possível, a instrução vá acompanhada de pudor e liberdade. Quer dizer,
procura que o teu filho sinta vergonha de te ofender sem que, por esse
motivo, chegue a temer-te como se teme a um juiz… Se isto, porém, não for
suficiente, não receies em lançar mão do castigo, produzindo dor nele, mas
procurando a sua salvação. Muitos têm sido corrigidos por meio do amor,
outros pelo temor: por temor ao castigo, eles chegaram ao amor. (Serm.
13,8).
- Melhor amar com severidade do que enganar com
suavidade. (Epist. 93,2.4)
- Não consiste a felicidade em ter filhos, mas sim em
ter bons filhos. (In ps. 127,15).
- Não se deve dar a todos o mesmo remédio, se bem que
a todos é preciso dar o mesmo amor. Uns devem ser amados com gentileza,
outros com severidade. Com um amor, que sem ser inimigo de ninguém, seja
atencioso com todos. (De cat. rud. 15,25).
- O fato de dar já supõe mérito para receber. (Epist.
266,1).
- Não é a mesma coisa “ser” pai, que “cumprir as
funções de pai” (Serm. 44,1; Epist. 208,2).
Oração do Pai de Família
Senhor, tu que fizeste com que eu te
encontrasse e me concedeste o ânimo para seguir buscando-te, não me abandones
ao cansaço e à desesperança.
Faze com que eu sempre te procure, e cada vez
com mais ardor e dá-me a força para fazer progressos na tua procura.
Diante de ti coloco minha fortaleza e, junto
com ela, a minha fraqueza. Aumenta em mim a primeira e sara-me da segunda.
Diante de ti coloco minha ciência e, junto a
ela, a minha ignorância. Ali onde me abriste a porta, recebe-me, pois estou
entrando. Ali onde me criaste, abre-me, pois estou batendo à tua porta.
Faze com que sempre me lembre de ti, faze que
eu te compreenda, que eu te ame.
Acrescenta em mim teus favores até que eu totalmente me
reforme em ti.
(De
Trin. 15,28.51).
Nenhum comentário:
Postar um comentário