sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL III AS NAÇÕES SE ENCAMINHAM PARA A LUZ

 

REFLEXÃO DOMINICAL III

 

AS NAÇÕES SE ENCAMINHAM PARA A LUZ

 

Por Aíla Luzia Pinheiro Andrade

 

I. INTRODUÇÃO GERAL

Na liturgia da solenidade de Maria, Mãe de Deus, o enfoque estava na humanidade de Jesus; hoje celebramos a manifestação e o reconhecimento de sua divindade. O que celebramos na liturgia é o que esperamos: que todos os povos reconheçam e adorem em Jesus o Deus de Israel. A primeira leitura anuncia a vocação das nações à fé no Deus vivo e verdadeiro. No evangelho, vemos em torno de Jesus os magos (sábios do Oriente), como representantes de todos os povos, para prestar-lhe homenagem e adoração. Na humildade do ambiente onde se encontra o menino, deve-se reconhecer a luz da salvação oferecida por Deus a todos os seres humanos. Também Paulo fala desse grandioso mistério que ele mesmo teve a missão de anunciar: os gentios são chamados a formar o mesmo corpo, isto é, a ser participantes da mesma promessa anteriormente destinada apenas a Israel. É na luz de Jesus que caminham os cristãos e é para essa luz que deve se encaminhar toda a humanidade.

 II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

 

1. Evangelho (Mt 2,1-12): Vimos sua estrela e viemos adorá-lo

Epifania significa literalmente manifestação. Nesta solenidade, a liturgia nos apresenta a manifestação da universalidade da salvação realizada em Cristo. Jesus, o rei dos judeus, é adorado pelos magos (sábios do Oriente), representantes de todos os povos. Isso significa que a promessa feita primeiramente a Israel atinge agora a todos os que acolhem o Cristo.

Na época em que foi escrito o Novo Testamento, os povos ainda eram politeístas (adoravam muitos deuses). Por isso se usava a metáfora de que as nações caminhavam nas trevas, enquanto Israel era orientado pela luz da Escritura.

Com a entrada de Jesus na história, a palavra de Deus incultura-se. O evangelho afirma que alguns sábios estrangeiros (do Oriente) viram a estrela e a seguiram. Isso significa que Deus se valeu da admiração que os astros exerciam sobre as nações politeístas e as guiou para o Cristo. Os sábios orientais enfrentaram um caminho desconhecido e encontraram o menino, a verdadeira luz, da qual a estrela era apenas um sinal. Os sábios se deixaram guiar e encontraram um menino muito mais humilde e também mais importante do que pensaram. Depois daquele encontro, eles percorreram outro caminho, não mais guiados por um corpo estelar, mas pela estrela de Davi, o Messias. Seguiram o caminho indicado por Deus, o caminho que é a verdade e a vida, o próprio Jesus.

O evangelho afirma que os mestres (ou sábios) judeus tinham conhecimento até do local onde deveria nascer o Messias descendente de Davi. Mas, apesar de serem os primeiros destinatários das promessas de Deus, aqueles mestres de Jerusalém não acolheram a luz verdadeira que é Jesus. Foi necessário que sábios estrangeiros viessem do Oriente para lhes anunciar (orientar sobre) a chegada do Messias de Israel, quando, ao contrário, Israel é que deveria orientar as nações para Deus.

 2. I leitura (Is 60,1-6): As nações caminharão na tua luz

Quando o povo de Israel foi expulso da Terra Prometida e se dispersou pelo mundo, sentia-se mergulhado nas trevas das nações politeístas e violentas. Mas, apesar dessas circunstâncias, o profeta vê um final glorioso: quando tudo parecer desmoronar e dissolver-se na escuridão, a glória de Deus será refletida por meio de Israel e iluminará as nações, que começarão a andar na luz do amanhecer de um novo tempo.

O profeta está convencido de que os judeus retornarão para a Terra Prometida e de que as nações nas quais eles estavam dispersos verão a glória de Deus refletida no povo de Israel e então também elas se encaminharão para Jerusalém. Israel será como um oceano de luz para as nações antes imersas nas trevas do politeísmo.

 3. II leitura (Ef 3,2-3a.5-6): Em Cristo, os gentios participam da promessa

Paulo afirma ter recebido um encargo sagrado (v. 3): foi-lhe conferida a graça de proclamar o evangelho aos gentios, ou seja, aos não judeus.

O apóstolo insiste que sua atividade missionária entre os gentios não foi uma decisão pessoal. Dar a conhecer o evangelho a todas as nações foi um ato poderoso de Deus em seu plano eterno de salvação da humanidade. Coube a Paulo a docilidade e a fidelidade ao chamado divino.

 III. PISTAS PARA REFLEXÃO

O enfoque da liturgia de hoje não está na devoção aos magos, mas sim na manifestação da divindade de Jesus e no apelo à missão.

Quem vê a luz da estrela deve pôr-se a caminho. Solicitude e prontidão são as atitudes dos magos e do apóstolo Paulo, que servem de exemplo aos cristãos de nosso tempo.

No hoje de nossa existência, faz-se necessário reconhecer a luz de Cristo numa sociedade dividida na pluralidade de tantas luzes que apontam para várias direções, mas nem sempre refletem a luz inextinguível que é o Cristo.

Para que as pessoas de hoje possam adorar o Deus vivo e verdadeiro, é necessário que os cristãos saiam do comodismo e individualismo e, por meio da missão e do testemunho de vida, façam brilhar para o mundo a “estrela de Davi”, o Filho de Deus.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade

Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje - BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas). E-mail: aylanj@gmail.com.

https://www.vidapastoral.com.br/roteiros/5-de-janeiro-epifania-do-senhor/

 

 

 

 

 

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