“'MERITOCRACIA'
EM FOCO: SERÁ ESTA A MELHOR EXPLICAÇÃO PARA O SUCESSO E O FRACASSO NA VIDA DO
SER HUMANO?"
Por Lindolivo Soares Moura (*)
"Quando Deus coroa
nossos méritos, nada mais faz
que coroar seus próprios dons"
[S. Agostinho]
Sempre fico curioso e particularmente
interessado, quando me vejo em meio a um bate-papo ou uma roda de conversa em
que a chamada "meritocracia" ocupa o foco das atenções. Os ânimos
costumam ficar acalorados, por vezes acirrados, com o termômetro emocional
subindo às alturas. É sem dúvida um assunto que mexe com nossas emoções e
nossas paixões mais profundas. Mas, como sabemos, a melhor ocasião para se refletir e avaliar, sobretudo quando
assuntos relevantes e decisões importantes estão em jogo, não é quando estamos
emocionalmente exaltados, alterados, e menos ainda "possuídos" pela
paixão. "A curto prazo - afirma Lou Marinoff - a paixão vence a razão, e
quase sempre para o mal; a médio e longo, a razão supera a paixão, e quase
sempre para o bem". Uma antiga trovinha popular traz consigo lição
parecida, ainda que com diferentes palavras: "cinco sentidos temos, dos
cinco necessitamos, mas os cinco nós perdemos, quando nos apaixonamos". A
paixão só é boa companheira de viagem quando está sob as rédeas da razão, dizia
Benjamin Franklin. Sozinha, ela costuma ser perigosa, produzir consequências
das quais muitas vezes acabamos tendo que nos arrepender mais tarde. Isso
quando o arrepender-se ainda permite a aquisição de algum tipo de benefício.
Mas, da paixão falemos em outro momento! A presente reflexão se debruça sobre
outro tema, que buscando ser conciso vou resumir numa única pergunta: será a
meritocracia, defendida com "unhas e dentes" nas discussões e
rodinhas de bate-papo, a melhor e mais adequada explicação para o sucesso, por
um lado, e o fracasso, por outro, na vida do ser humano?
Para refletir sobre esta questão,
obviamente outras perguntas precisam ser colocadas. "Texto fora de
contexto é pretexto", reza o ditado, e em razão de tal princípio somos
obrigados a colocar outras questões em foco, se não quisermos incorrer no risco
de responder de forma imprecisa e inadequada a questão principal. A primeira
delas, como não poderia deixar de ser, diz respeito ao significado de "meritocracia"
que trazemos conosco, quando fazemos uso desse termo em situações diversas. Uma
das formas de responder a esta pergunta é verificando quais sinônimos são
compatíveis com o termo "mérito" ou "meritocracia". Se formos
em busca dessa informação, provavelmente encontraremos um bom número de
sentidos e significados à nossa disposição. "Cratos", como sabemos,
além de significar a personificação da força e do poder, na figura do titã que
leva esse mesmo nome, Cratos, significa também "governo", "forma
de governo ou de administração da 'pólis' ou da 'res' pública". Já em
relação a mérito, dentre os sinônimos encontrados os dois seguintes parecem ser
os mais interessantes: "merecimento" e "qualidade de quem faz
jus a reconhecimento". Cabe aqui uma primeira observação: por mais nobre
que ele seja, mérito é antes de tudo uma questão de "merecimento", e
não de "reconhecimento". A vida está repleta de exemplos de pessoas
que "merecem", e que jamais virão a obter reconhecimento, enquanto
outras obtêm notório reconhecimento, inclusive público, ainda que muitas vezes
sem merecê-lo. Essa observação coloca em cena a questão envolvendo o conceito
do "justo", tema que tampouco será objeto de nossa consideração nesse
momento, deixando-o quem sabe para uma outra oportunidade.
Feito esse adendo, há que se
confrontar com uma nova e correlata questão:
"afinal, o que é merecimento?", ou, melhor dizendo, "que
razões ou motivos podem levar um pessoa a se tornar merecedora de reconhecimento"? Ao buscar responder essa questão, encontramos
vários quesitos dentre aqueles que preenchem a pergunta feita. Selecionei vinte
deles, considerados como mais relevantes; uma seleção um tanto aleatória,
naturalmente, mas não há muito como escapar da aleatoriedade, nesse caso. São
eles: aptidão, competência, "normalidade" mental, dom, excelência,
talento, oportunidade, idoneidade, inteligência, o próprio merecimento,
superioridade, virtude, esforço, "normalidade" física, destreza,
experiência, qualificação, conhecimento,
qualidades diversas, e capacidades diversas. Observe-se que "mérito"
pode também ser um termo relacionado a outros contextos, como por exemplo: o
mérito entendido como "o que há de bom em alguma coisa", ou ainda, a
"questão central que orienta uma decisão judicial", e assim por
diante. Sugiro que fiquemos apenas com o primeiro sentido, o de "qualidade
de quem merece reconhecimento", deixando as demais conotações por conta
dos saberes ou disciplinas que para com elas possam ter particular interesse.
No nosso caso, as razões ou motivos que podem ser invocados como justificativa
do merecimento, podem se resumir nos vinte quesitos elencados anteriormente.
Agora convido você a fazer um
exercício simples, de reflexão e análise. Vamos retomar os vinte motivos ou
razões que escolhemos como justificativa para o reconhecimento do mérito -
suficientes como "amostragem"
- e classificá-los em três grupos diferentes: primeiro, o grupo em que os
motivos ou razões DEPENDEM "MAIS" DE NÓS E DO NOSSO ESFORÇO; em
seguida, o grupo daqueles que DEPENDEM "MENOS" DE NÓS E DO NOSSO
ESFORÇO; e por fim, aquele grupo em que os motivos ou razões de nosso
merecimento DEPENDEM TANTO DE NÓS E DO NOSSO ESFORÇO, QUANTO DE ALGUM DOM OU
GRAÇA. Feito isso, e analisado com objetividade e imparcialidade o quadro,
poderemos nos perguntar se faz sentido invocar e defender a meritocracia, como
sendo a mais justa e adequada forma de justificar tanto o sucesso como o
fracasso na vida das pessoas, ou se não seria o caso de ressignificarmos ou mesmo rematrizarmos
nossas crenças e convicções meritocráticas. Pronto para a tarefa? Então vamos
lá! A classificação ficaria mais ou menos assim: grupo das razões e motivos que
dependem MAIS de nós e do nosso esforço: qualificação, merecimento, virtude,
excelência,esforço, experiência,
e...Acho que podemos parar por aqui. Perceba que uma ou outra razão,
aqui apontada, poderia sem dúvida ser deslocada para o segundo ou terceiro
grupo; decisão favorável a você, portanto, caso seja defensor da meritocracia.
Segundo grupo: razões e motivos que dependem MENOS de nós e de nosso esforço:
dom, talento, qualidades, inteligência, aptidões físicas, aptidões mentais,
"superioridade" conhecimento, e... Também creio que podemos parar por
aqui. Finalmente, o terceiro grupo, aquele em que as razões e os motivos do
merecimento parecem depender tanto de nós e do nosso esforço, como também de
algum dom ou graça que tenhamos recebido: aptidão, competência, idoneidade,
capacidade, destreza, e oportunidades. Ufa!!! Nada fácil, não é verdade!?
Feito isso, hora de uma primeira
computação sumária dos dados. Vamos lá!? No cômputo geral, temos 06 razões ou motivos que só dependem de nós e
do nosso esforço, 08 que não dependem de nós e do nosso esforço diretamente, e
06 que dependem tanto de uma coisa como de outra. Veja que, pelos dados, aproximadamente setenta por cento das razões e disposições necessárias para se
alcançar o sucesso na vida, NAO DEPENDEM SOMENTE DE NÓS E DO NOSSO ESFORÇO.
Como, portanto, poderíamos afirmar que o sucesso é, antes de tudo, mérito
nosso? A julgar pelos critérios selecionados e os dados obtidos, até que se prove o contrário a defesa da
"meritocracia", como sendo a melhor explicação e justificativa para o
sucesso de uns, e o fracasso de outros, é no mínimo equivocada e injustificada.
Puro "achismo"! E como se sabe, "achismo" não é ciência!
"Tampouco eu sou cientista!", talvez você contra-argumente! Tudo bem!
Ainda assim não podemos nos esquecer da advertência de Gramsci, de que apenas o
"bom senso" constitui a parte saudável do senso comum, e não todo
ele. Uma coisa é portanto "crer" ou "achar" algo
simplesmente por achar, irreflexiva e acriticamente, e outra bem diferente é
ter uma percepção ou opinião sobre algo, obtidas por via de análise e reflexão.
Afinal, vale lembrar mais uma vez o ensinamento socrático de que "uma vida
não refletida não vale a pena ser vivida". Os dados sugerem que temos bons
motivos e boas razões para ressignificar, e até rematrizar, se for o caso,
nosso conceito de "meritocracia"! A máxima de Oliver Holmes é sem
dúvida um ótimo incentivo para que tomemos tal iniciativa: "a mente que se
abre para uma nova ideia - diz ele - nunca retorna às suas antigas
dimensões". O lembrete de Sólon vem como uma espécie de fechamento:
"envelheço aprendendo sempre coisas novas"!
Se formos capazes de deixar por um
momento de lado, a paixão exacerbada que costuma entrar em cena quando
perguntas provocativas nos são direcionadas, conseguiremos encarar, de frente,
a seguinte interrogação: que tipo de
princípio se encontra no cerne da mensagem cristã: "dar ou distribuir a
cada um segundo seu mérito, competência e capacidade", ou "dar e
distribuir a cada um segundo sua real carência e necessidade"? A primeira
comunidade cristã, aquela que acabou não evoluindo por uma série de razões e
motivos sobre os quais pouco se fala, mas se imagina, pautava-se ela por qual
desses dois princípios: o da meritocracia, isto é, das capacidades e competências de cada um, ou a real
necessidade das pessoas e famílias que faziam parte da comunidade? Seja franco
na resposta! Numa certa parábola proferida pelo "Mestre", os egrégios
defensores da meritocracia chegaram a se indignar com o patrão porque ele
pagava a cada trabalhador "segundo suas carências e necessidades", e
não segundo "o número de horas trabalhadas", lembra-se!? O raciocínio
que norteava-lhes a mente era puramente "estatístico-matemático": se
os primeiros trabalhadores haviam "recebido tanto", apesar de terem
trabalhado "tão pouco", eles que haviam "trabalhado tanto",
com certeza deveriam receber o que
aqueles haviam recebido, acrescido de "outro tanto". Chegaram até a
repreender o patrão, quando viram frustradas suas expectativas e as contas que
não "casavam"! Demoraram a perceber que não eram suas contas que
estavam erradas, mas suas convicções e seus princípios
"meritocráticos"! Estes sim, é que estavam equivocados. "Caíram
do cavalo", como acontecera com São Paulo. Só que, no caso de Paulo, a
queda significou conversão e mudança de mentalidade! No caso dos reivindicadores
"da hora", da parábola, até hoje não se sabe!
Quando defendemos "com unhas e
dentes" o princípio da meritocracia, como sendo ele o mais justo e
adequado instrumento de regulação das relações humanas, da partilha dos bens de
sobrevivência, e da distribuição das riquezas, cometemos um equívoco crasso, ao
embasar nosso raciocínio e nossos
argumentos numa presumida igualdade de condições e de oportunidades, a
todos facultada. Não é esse o testemunho da vida e da realidade dos fatos. A
vida, a natureza, assim como a realidade ou "o que" ou "quem
quer" que seja, que no mundo distribua a justiça, de justo tem muito pouco
ou quase nada! Ao negar os fatos, malgrado a evidência em contrário dos mesmos,
nosso ato de "racionalização" acaba provocando danos irreparáveis.
Primeiro, porque nos sentimos como que "justificados" pelo lugar, os
privilégios e os benefícios com que somos contemplados. Segundo, porque a
racionalização e a negação "naturalizam" e intentam justificar
"a qualquer preço e custo" o abismo da desigualdade de bens e de
direitos que nos cerca. E por fim, porque ao nos "isentar" de
responsabilidade e "culpa", para com a existência desse abismo,
isenta-nos também da responsabilidade tanto pela busca de solução do problema,
como do efetivo quinhão que para com a solução nos cabe. Essa
"equação" é terrivelmente egocêntrica e egoísta, além de desconhecer e ignorar princípios básicos de
empatia, sensibilidade, e solidariedade. Se a "dignidade" entra em
cena, então, o absurdo ganha ainda mais em profundidade. A teoria meritocrática
fere de morte os princípios basilares da convivência humana, princípios de
"liberdade", "igualdade" e "fraternidade".
Princípios meramente utópicos? Sim, tudo bem, mas isso não os diminui em nada!
Utopia não se entende apenas no sentido de algo "irrealizável", mas
também como algo "inesgotável", como inexauríveis e inesgotáveis são
os grandes sonhos, expectativas e projetos humanos. Contrariamente a tudo isso,
o sentimento que impulsiona a meritocracia sequer atinge a estatura de "Philos",
cuja regra de ouro é a "reciprocidade", passando mais distante ainda
de "Ágape", cuja regra de ouro são a gratuidade e a
incondicionalidade, pois flerta o tempo todo com "Eros", cuja razão
primeira e última são o prazer e o gozo a qualquer preço ou custo.
"Ágape" também não deixa de ser um amor utópico, humanamente difícil
de ser praticado, mas estará sempre lá,
no frontispício do horizonte, como um convite e um chamado: "sêde
misericordiosos como vosso Pai Celestial é misericordioso"! Haverá sonho
ou utopia maior do que esta!? A mentalidade meritocrática não só ignora, como
funciona como um "banho de água fria", para com sonhos e projetos de
magnitude utópica. Ela é na verdade uma mentalidade mesquinha e sovina, e por
isso mesmo, pequena e passível de ser desprezada.
À guisa de conclusão: considerados por
Hegel como os dois maiores "mestres" que a humanidade já possuiu -
campo filosófico, naturalmente - é difícil aceitar que Platão e Aristóteles
tenham justificado a servidão humana - incluindo a escravatura - a partir de
premissas filosófico-racionais tidas por ambos como "evidentes". A
principal delas consistia em afirmar que os seres humanos nascem desiguais por
natureza e essência. Uns - afirmavam
mestre e discípulo - nascem com "alma de ouro": são os pensadores e
administradores das "póleis" e da "res-pública"; outros
nascem com "alma de prata": são os vigias em tempos de paz e os
guerreiros em tempos de guerra; outros, por fim, nascem com "alma de
bronze": são os servos e escravos em qualquer tempo e lugar. Pronto! Tudo
aparentemente muito bem explicado! Apenas "aparentemente", com
certeza! Ainda hoje ouro, prata e bronze, continuam sendo formas de
classificação e premiação em diversos desportos e olimpíadas, e isso certamente
não é fruto do acaso. Olímpia, cidade grega onde surgiram as famosas
"olimpíadas", foi fundada ao que se sabe em 753 a.C., mesma data da
fundação de Roma. Avance século ou século e meio mais, e o que temos? - o
surgimento da Filosofia! Platão, Aristóteles e outros mais - gigantes, sem dúvida alguma - lamentavelmente não refletiram
"sobre" a servidão e a escravidão de seu tempo, e sim
"refletiram-nas", "espelharam-nas", simplesmente. Seria
pedir demais que refletissem "sobre", e não apenas espelhassem "a" situação social de
seu tempo!? Parece fácil, a princípio, mas há pensadores e sociólogos que não
conseguem fazer isso dois mil e quinhentos anos depois! Como cobrar ou exigir
que eles o fizessem há dois milênios e meio atrás? Para se "julgar"
bem, justa e adequadamente, há que se "compreender". "Das ações
humanas - dirá mais tarde Espinoza - não se deve zombar, não se deve lamentar,
nem tampouco detestar, mas sim compreender". Sem compreensão a condenação
é quase sempre inevitável.
O mesmo pode-se dizer em relação a
qualquer crença, convicção, ou "verdade", e a "meritocracia" é apenas uma dentre
elas. Uma percepção ou convicção que, como vimos, não se sustenta frente a uma
reflexão e uma análise mais profundas. Até que tal reflexão e análise sejam
levadas a cabo, entretanto, é certo que muitas posturas iníquas e práticas
injustas estarão sendo assumidas e
operadas. É possível que convicções meritocráticas sejam resquícios de crenças
bem mais antigas, incrustradas no inconsciente coletivo de certas culturas,
quiçá da própria humanidade. A vétero-testamentária "Lei do Talião",
por exemplo, poderia ser compreendida
como uma aplicação prática da crença de que "Deus dá ou recompensa a cada
um de acordo com seu merecimento": bênçãos e riqueza ao homem justo e
temente a Deus, maldições e miséria ao ímpio e incrédulo. A história de Jó - real ou fictícia, pouco importa -
representaria uma ponte entre essa antiga concepção da justiça divina, e uma
maneira essencialmente nova de "rematrizá-la", usando palavra da
moderna Psicologia. Jó de fato tinha
consciência de não haver pecado nem prevaricado contra Deus, e ainda assim tudo
lhe havia sido retirado, exceto a vida, como havia Deus ordenado. Mais tarde
ficaria sabendo, pela boca de Eliu, que estava sendo "provado", e não
"punido" em decorrência de qualquer injúria ou pecado.
A experiência "arquetípica"
de Jó transcende a natureza "bíblico-religiosa" do relato, para se
inserir na própria história da humanidade. Ela representa um marco na evolução
da concepção de justiça, atribuída a um "Logos" ou Razão
Superior", que se supõe ter criado, governar e reger o universo. Revela a
percepção mais tardia e aprimorada de que, na história humana, a dor e o
sofrimento são aleatórios e universais, sem nenhum mérito em jogo a atrair
bênçãos e riquezas, e tampouco nenhum demérito a atrair maldição e miséria. Em
Jó, e com ele, a antiga lógica de justiça divina, tida até então como certa e
infalível, está como que "em trânsito" para uma concepção nova e
melhor elaborada. O Deus justiceiro que distribui de forma justa e rigorosa a
cada um segundo seu mérito, sai de cena para dar lugar a uma espécie de
"caos e desordem" momentâneos, que exigirão nova elaboração com a
evolução da consciência, do tempo e da história.
O fato de Eliu ser um jovem
adolescente de apenas dezesseis anos, parece ser também sintomático, como se
seu personagem prefigurasse uma nova era e uma nova mentalidade, em que a
meritocracia começava a perder de vez, e em definitivo, seu lugar na história.
Assim, é possível que as percepções e convicções meritocráticas, que nos tempos
atuais ainda insistem e vigoram, possam ser consideradas como uma espécie de
resquício ou até mesmo retrocesso dessas crenças e práticas antigas, quiçá
imemoriais, da história do gênero humano. Quando diante de um cego ou de um leproso,
o discípulo pergunta: "quem pecou, ele ou seus pais?", crenças e
percepções meritocráticas estão insistindo em reentrar e retomar a cena. Quando
o Mestre responde: "nem um nem outros, nem ele nem seus pais", a
intenção é clara e não deixa mais espaço para dúvidas:
"meritocracia", já não faz mais, parte da história! Ao menos
"nesse mundo", não é assim que as coisas funcionam!
E como para vinho novo são necessários
"odres novos", mentalidades novas requerem também crenças e práticas
renovadas. Na linguagem do saber psicológico, "rematrizadas e
ressignificadas"; na linguagem da espiritualidade, "crescimento
espiritual"; e no jargão de algumas religiões, "conversão" e mudança de vida. Termos e expressões que
não são certamente o mais importante! "Evolução", sim, esse é o nome e o que realmente importa! No
presente caso - crenças meritocráticas -
evoluir significa "rematrizar", pois "ressignificar" é já insuficiente,
não basta. Objetivo posto, o desafio está lançado!
L.S.M.
(*) Reflexão enviada de Vitória(ES)
por whatsapp
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