"HOMBRE! POR QUÉ NO TE CALLAS?: O PODER MÁGICO DO SILÊNCIO
EXTERIOR E INTERIOR!"( Parte I)
Por Lindolivo Soares Moura(*)
"Não confunda
silêncio com falta de atitude. Às vezes
a melhor atitude é
manter-se em silêncio" [Karine Santiago]
Quando na cúpula dos líderes
latino-americanos de 2007, o Rei da Espanha Juan Carlos I deixou por não mais
que um segundo a compostura e o politicamente correto de lado, e sugeriu ao
líder Venezuelano Hugo Chávez que se calasse, o impacto daquelas cinco palavras
foi tão forte e inesperado, que Chávez alegaria mais tarde não as haver
escutado. Caso isso houvesse ocorrido, ele disse, teria respondido à altura.
Não respondeu! Mas o mundo todo se encarregaria de repercutir aquele
"puxão de orelhas" dado na hora certa, no lugar certo, da forma
certa, na intensidade certa, para com a pessoa certa. Teria o Líder Espanhol
frequentado "clases"
ministradas pelo mestre Francis Seeburger? Afinal os cinco quesitos mencionados
constituem o eixo de sua obra "Como Educar suas Emoções", uma espécie
de ressonância da Inteligência Emocional de Goleman nos campos da Psicologia,
da Educação e da Comunicação. Se Chávez não ouvira de fato, ou se simplesmente
ficara "sem palavras" diante do imperativo que lhe havia sido
dirigido, jamais se soube e provavelmente jamais saberemos. Tampouco isso
parece ter feito muita diferença para o resto do mundo e para a mídia mundial,
sempre atenta a tudo que ocorre pelos quatro cantos do planeta. A beleza das
palavras - e não apenas a do corpo - tem também seus "paparazzi" e
seus admiradores próprios. Notoriamente conhecido por sua polidez e
cavalheirismo, Juan Carlos I passava a ser conhecido também por sua destemida e
até então desconhecida ousadia.
As palavras têm um poder mágico - tanto para o bem como para o mal, é bem
verdade - mas certamente que têm. Poucos como Lacan - Jacques Lacan -
compreenderam isso, e sobre isso discorreram em seus escritos. Sabemos também
que toda comunicação genuína e autêntica requer um misto de "ciência e arte", como ensinava o mestre do Direito Miguel
Reale, ao se referir a ela - a comunicação - no campo da prática jurídica.
Sacrificar ou cair em desatenção para com um desses dois quesitos básicos pode
significar até mesmo uma guerra, não só de palavras mas de fato. E que ninguém
duvide disso! O preço a se pagar poderia vir a ser muito alto. Nesse sentido,
saber silenciar pode ser, numa série de situações diferenciadas, vida afora,
tão importante ou até mais que saber fazer uso da palavra certa; sempre, claro,
acompanhada dos quesitos apontados por Seeburger. Quando estratégica e
sabiamente utilizado, o silêncio tem o condão de produzir resultados
imprevisíveis e até improváveis. A sabedoria oriental parece ter mais
experiência e melhores lições a nos ensinar, sobre o assunto. Como se sabe, nós
ocidentais somos herdeiros da clássica filosofia grega, e com ela, da famosa
lógica aristotélica, que sem dúvida
alguma muito têm contribuído e nos capacitado para a aquisição da ciência e da
arte do "falar bem", persuadir, convencer e outros atributos mais.
Afinal, não podemos nos esquecer que também a "pólis" e a
"política" são legados gregos. Mas quando se trata do silenciar e do
saber calar-se, tanto externa como sobretudo "internamente" - disposições essenciais para a meditação e o
conhecimento de si mesmo - os orientais têm a palavra! Palavra esta que não
hesitam em dispensar muito prontamente, visto que sua sabedoria encontra-se
muito mais na busca do silenciar-se e do "esvaziar-se". E se entre
nós o ditado reza que "um exemplo vale mais que mil palavras", para
os orientais certamente o silêncio não fica atrás.
Escrever algo sobre o silêncio e
o saber silenciar, pode a princípio até
parecer contraditório. Mas escrever também pode, paradoxalmente, ser uma forma
de silenciar. Afinal, para que se possa escrever é preciso que se pare, se
pense, se escute, tanto a si mesmo como os demais! É preciso ainda silenciar a
mente, o espírito e todo o nosso ser! E é a isso que os orientais chamam de
"meditar"! Uma espécie de "silêncio da alma", alma que se
cala, se volta e se debruça sobre si mesma! Com muita propriedade, é a isso que
eles chamam de "o despertar"! "Despertar da consciência",
claro, despertar do espírito"! Curioso é que eles também a isso chamem de
"libertação"! Se há ou haverá também uma "salvação"...!
Bem, isso já é lá uma outra história! O certo é que "libertar-se, é
preciso"! E libertar-se é levar a consciência ao seu grau máximo de
"despertar"! Feito isso, em havendo também uma "salvação",
com certeza ela estará ainda mais próxima, e não tão longe e distante como nós
ocidentais costumamos imaginar! Saber falar é importante? Claro! Como não!? Mas
saber calar-se e saber silenciar o espírito, talvez o sejam ainda mais. A
presente reflexão não representa senão isso: um convite ao silêncio e ao saber
silenciar, dirigido sobretudo àqueles que tendem a falar mais, " falar
muito", "falar às vezes até demais". Das palavras colhem-se sem
dúvida muitos frutos! Como afirma Lacan, "as palavras possuem um poder
mágico"! Do silêncio, muitos e melhores frutos, indubitavelmente!
Provavelmente até mais!
A seguir são sugeridas algumas
situações em que silenciar e saber ouvir podem ser infinitamente mais eficaz e
produtivo que saber falar e ensinar. Em apenas uma delas - "o silêncio dos
inocentes" - a denúncia de silêncio coercitivo imposto a mentes indefesas
e vulneráveis rompe o silêncio. Não
importa a fase de vida em que você se encontre: a mais importante é e será
sempre aquela em que se está. Sempre é tempo oportuno - "KAIRÓS" - para
se aprender e ensinar, e só a morte pode por um fim a tudo isso! Ainda assim, a
interrogação de Unamuno - "não seria a vida inteira um sonho, e a morte um
despertar!?" - sempre estará no
horizonte, como um lembrete e um convite, pairando no ar!
01. Ricos por fora e miseráveis por
dentro: falam "grosso" com frequência, silenciam e ouvem pouco! Essa
pressuposição não é minha! Eu a tomei por empréstimo de Augusto Cury, em
"Revolucione sua Qualidade de Vida". Ela parte da constatação de que
muitas pessoas, apesar de se declararem "livres" por fora, sobretudo
econômica e financeiramente, se sentem miseráveis afetiva e emocionalmente por
dentro. Vou acrescentar "espiritualmente", por minha conta e risco.
Com um detalhe: diferentemente das atitudes e ações, os afetos e as
emoções não aceitam feitos heróicos ou
"conversões paulinas", isto é, frutos de um só ato ou de uma mudança
repentina! A espiritualidade genuína e autêntica tampouco. "Só treinando e
educando nossos afetos e nossas emoções seremos capazes de revolucionar nossa
qualidade de vida", afirma Augusto Cury. Acrescente aí a qualidade e o
nível de espiritualidade. O livro já citado de Francis Seeburger, "Como
Educar suas emoções", parte desse mesmo princípio e nele se sustenta.
"Sim, tudo bem, mas o que isso tem a ver com empreendimento de sucesso e
êxito financeiro", você pergunta! Se não tudo, com certeza muita coisa!
Talvez o mais significativo desse "vínculo curioso", vamos chamá-lo
assim, curioso e esse estranho, seja o fato de que as pessoas bem sucedidas na
vida, notadamente no campo econômico-financeiro, tendem a adquirir uma notória
tendência em falar muito, silenciar e ouvir pouco! Se essa correlação não
ocorre com você, agradeça mas permaneça atento! Você certamente faz parte de um
grupo bem pequeno que constitui a exceção, e não a regra! Com frequência
expressões do tipo "você sabe com quem está falando?", ou "não
se meta comigo ou vai se arrepender!", ou ainda, "de quanto mesmo
estamos falando!?", estão presentes na comunicação e na fala de pessoas
desse tipo ou desse "quilate". Sobretudo em um país politicamente
pouco comprometido com a "orthós", como é o nosso! Em grego essa
palavrinha mágica - "orthós" - significa alinhado, justo, direito,
correto e exato! E não é só isso: o tom de voz de pessoas abastadas e
endinheiradas costuma ser "mais elevado", digamos assim, que o dos demais, a humildade quase sempre sendo substituída
pela arrogância, e por aí segue o andar da carruagem. O mesmo se diga em
relação ao grau de "ousadia" por um lado e de "ameaça" por
outro, característico de tais pessoas, que pensam "poder comprar"
Deus e todo mundo! "Fala grossa", como costumamos dizer, de quem
costuma ter "bala na agulha", ainda que pouca sabedoria e escasso bom
senso na cabeça! No coração...bem, aí as coisas ficam ainda mais complicadas:
são os chamados "miseráveis de emoções", dos quais Augusto Cury nos
fala. Ao confundir "qualidade de vida" com riqueza, posses e bem
materiais, tais pessoas costumam ter grande dificuldade em interagir com quem
não faça parte do "grupo"! "Cosa Nostra" é um exemplo desse
tipo de grupo! Costumam ter bala tanto na agulha como fora dela! Alguns podem
até "sofrer" um pouco com esse "modus vivendi", no sentido
de perceberem tanta desigualdade, e tanto sofrimento dela decorrente. Mas como
já foi dito, acabam reféns de seu próprio modo de "ser",
"ver" e "se posicionar" na sociedade e no mundo.
"Comprariam" de bom grado esse tipo de "pérola preciosa",
que chamamos de serenidade e paz de espírito, mas quando se dispõem a
fazê-lo acabam descobrindo que certas
coisas o dinheiro não compra: ou você "planta" e "colhe" ou
terá que invejar sempre, nos outros! Aqui o servo vira senhor, e o senhor
"miseravelmente" vira servo.
A riqueza em si não impede a qualidade
de vida em seu pleno sentido e integralidade, mas pode sim, dificultá-la.
Dificulta por exemplo silenciar vícios que nos perseguem a vida inteira, sem
nos dar trégua, tais como o orgulho, a arrogância, a ganância, a luxúria, assim
como o instinto de mentir, a impaciência, o desespero, o vazio interior, a
falta de sentido verdadeiro da vida, e outros tantos mais. Não admira que
muitas pessoas, ao alcançar grandes riquezas, foram de tal forma por elas
"possuídos" e sufocados, que acabaram optando por deixar de viver a
vida. Quando o jovem rico interpelou o Mestre, no sentido de ajudá-lo a
encontrar "o caminho", o Mestre não excomungou suas posses ou o
trabalho que o levara a adquirir o que possuía! Mas deixou claro que cada um
deveria avaliar bem qual o tipo e "o quanto" de felicidade desejava
possuir. Qualquer discurso ou homilia, que sobre a riqueza e os bens materiais
se faça, será falso e inadequado se os condenar "absoluta e
aprioristicamente", ou se os
inocentar e justificar "apriorística e absolutamente"! Três perguntas
precisam ser feitas, quando se desejar saber se ela é um bem ou um mal!
Primeiro, qual a sua origem; segundo, como a administra quem a possui; e por
fim, quantos e quem dela se beneficiam. Mas sem dúvida é o "apego", a
maior tentação que ela traz consigo, e a arrogância um dos grandes males
difícil de ser silenciado. Que a riqueza e os ricos costumam reivindicar o
direito de "falar mais alto", sobretudo nas repartições públicas e
nos tribunais, isso é um fato que seria insensatez pretender negar! Admitido o
fato, e descartados os discursos e homilias inadequados, cada um que examine a
si mesmo e à sua consciência, e veja se está ou não "falando alto"
demais, e se não seria o caso de "silenciar e ouvir" mais, sobretudo
em questões envolvendo o próximo, o direito e a justiça!
02. "Um passado que se
compartilha "é um sacramento de solidariedade"! Eis aí uma das
pérolas, que nos deixou Rubem Alves, ao falar do que ele chama de
"tristeza crepuscular"! Mas como se sabe, para que uns possam contar,
relatar e revelar seu passado, é preciso que outros estejam disponíveis e
dispostos a ouvir e escutar com atenção! Atenção diferenciada!
Na velhice - e somente nela - nos
reencontramos com a nossa infância, a infância de cada um de nós.
"A alma dos velhos e das crianças
vivem e brincam no mesmo diapasão", é também de Rubem esta afirmação. Mas
com conteúdos e experiências bem diferentes! Nos mais velhos são lembranças,
memórias e recordações, isto é, "marcas do que se foi, sonhos que se teve,
fantasias do "já passado", que lamentavelmente não voltam mais, mas
que podem ser recordadas! E "recordar é [re]viver", como sabiamente
reza o ditado! Nas crianças, sobram fantasias também, como não! Mas não do que
foi e virou passado, do que já se viveu e virou lembranças e recordações, e sim
do que se está vivendo, do que há de vir e do que eventualmente será possível
de ser experienciado. Assim, para com as crianças compartilhamos estórias,
contos, lendas e fábulas, cujo conteúdo é quase sempre o que não é, o que não
existe, e não existindo tem o condão de poder existir para sempre! Coisas da
imaginação e do "faz-de-conta" que povoam a mente e o coração de quem
ainda "não é"mas está se fazendo e se tornando "gente"! Com
os mais velhos é diferente: grande parte ou a maior parte da vida já foi vivida,
rios e mais rios de experiências "experienciadas"; boas ou ruins,
isso agora importa pouco! "O importante é que emoções eu vivi!", como
diz a canção! Vida de quem já viveu bastante, e enquanto vive o restante,
aproveita para reviver também inesquecíveis memórias e recordações!
Quem fica e vive nesse "meio do
caminho", entre a infância e a velhice, ou seja, quem é jovem ou adulto,
muitas vezes fica também meio perdido, alguns "perdido e meio",
buscando sabedoria, tato e talento para saber lidar com uns e outros, idosos e
crianças! Claro que é difícil! Afinal não se é mais criança e tampouco se é
ainda idoso! Tempo da "metamorfose", que para muitos não é nada
fácil! Lidar bem consigo mesmo nesse período já não é fácil, ter que lidar com
quem vive fases de vida tão diferentes, aí já é desafio para gigantes!
"Peixe fora d'água", a pessoa se sente! E peixe fora d'água, como se
sabe, sente falta de ar, fica sufocado, a toda hora pulando de um lado para o
outro, tentando voltar pra água! É razoável e compreensível portanto que jovens
e adultos falem mais, reclamem mais, "gritem com Deus e todo mundo",
de vez em em quando, ou até percam lá alguma vez a paciência! Faz parte! Melhor
não se afligir muito, quando isso acontece! Com crianças e idosos, então, a
comunicação costuma ficar parecida com a agulha sobre um disco que teima em não
sair do lugar, e que fica repetindo,
repetindo sempre a mesma "lenga lenga", e nada parece funcionar! Essa
linguagem é meio antiga, eu sei disso! Nem discos de agulhas existem mais! E
quando existem, é raridade! Idosos e crianças é diferente, existem e existirão
sempre! Mas tudo bem! O fato é que, sem muito esforço, muita empatia -
"empatia" é pouco, diria Jacob Levy Moreno, é preciso
"telepatia"! - e sobretudo muito boa vontade, amor e paciência, é
difícil que haja, na convivência entre diferentes gerações, qualidade de vida!
Menos ainda, "vida em plenitude", como certo Mestre dizia! Dizia,
ensinava, praticava e nela insistia!
Ocupar esse espaço intermediário,
entre crianças de um lado e idosos do outro, exige um misto de ciência e arte,
verdadeira maestria, mas sem dúvida exige muito mais arte do que ciência! Por
isso é preciso ter certa reserva com qualquer terapia ou ajuda que se busque!
Ajuda é sempre bem vinda, mas não há como se ensinar a "praticar a
virtude"! Pode-se até falar do que elas sejam ou devam ser! Mas
"disposição e atitude", isso não, não tem como! Não há como ensinar
ou ser ensinado, exceto pelo exemplo dado! Nessas duas fases da vida, a infância
e a velhice, falar muito, pouco adianta! Com a criança o melhor mesmo é
"compartilhar momentos" e acima de tudo "estar disposto a gastar
muita energia"! Com o idoso a coisa muda de figura, totalmente: a energia
já não é tanta, e os momentos são bem outros, diferentes! Dificilmente precisam
de bons conselhos, raramente! Isso eles é que
podem nos ensinar, desde que saibamos solicitá-los com interesse e com
afeição sincera! Precisam mais, isso
sim, é de quem os ouça e os escute com atenção generosa e disponibilidade
preciosa! Nada de simulacro ou simulação, pois percebem nossas reais intenções
em questão de segundos, e nada lhes parece menos digno, para com eles, do que
"sentir pena"! Não viveram toda uma vida, boa ou má, fácil ou
difícil, para no fim serem tratados como alguém que só merece isso: restos e
migalhas! Têm o direito de serem tratados com dignidade e respeito, bem como
poder perceber no coração e na alma de quem deles cuida, ouve e escuta, emoções
e sentimentos semelhantes aos que eles sentem quando falam e relatam suas
memórias e recordações! "Empatia", é esse o nome! Querem se sentir
dignos e merecedores disso! E se não o são, contam, como não poderia ser
diferente, com nossa compaixão, nossa misericórdia, e se necessário nosso
perdão, além, claro, de nossa capacidade de compreensão! Também nós temos
alguma coisa a lhes ensinar, quando eles mesmos, por motivos que não cabe a nós
julgar, foram descuidados ou incapazes de plantar o que mais tarde gostariam de
colher! Diz a Escritura considerada sagrada que aquele que honra seu pai e sua
mãe - e por extensão, seus avós e antepassados - torna-se merecedor de que seus
muitos erros e faltas lhe sejam perdoados, pois errar todo nós erramos, mas é
"a quem muito ama, que muito se perdoa"! Eis por que, no dizer de Rubem
Alves, "um passado que se compartilha é um sacramento de
solidariedade"! Tanto da parte de quem revela e conta, como da parte de
quem ouve e escuta com atenção diferenciada! Na velhice, uma ajuda para a
tristeza crepuscular será sempre o conversar! Nisso Ana O tinha mais que razão,
ao definir a Psicanálise como "a cura pela fala"! Mas para isso é
preciso que haja quem escute e saiba silenciar! E sobretudo quem esteja
disposto a aprender algo daquilo que também se há de viver e experienciar um
dia: a tristeza crepuscular! Com as crianças, nem é preciso falar! É só
alegria! Ou... será que não!? Melhor parar um pouco para pensar!
(*) Reflexão enviada de Vitória(ES)
por whasapp
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