REFLEXÃO
DOMINICAL II
"Se o teu irmão errar..."
O
evangelho deste Domingo deveria ser proclamado solenemente em todas
as nossas reuniões pastorais, porque traz ensinamentos profundos para um
desafio sempre presente, e que nunca sabemos enfrentar: como administrar
os conflitos surgidos dentro da comunidade...
Muitas
vezes a gente prefere fazer “vista grossa” diante de certas “briguinhas” entre
membros da comunidade, e quando nos omitimos diante dessas
situações, que transformam a pastoral, o movimento, ou até a comunidade, em um
barril de pólvora, pronto para ir aos ares, estamos fazendo como aquela
faxineira desleixada, que empurra a sujeira em baixo do tapete, fazendo de
conta que tudo está limpo. "Aqui em nossa comunidade as pessoas se amam e
se querem bem", como se o ser humano já fosse em sua essência esse bem
supremo. Nesse evangelho somos convidados a olhar a nossa relação com o
próximo, marcada por tantos limites. No fundo o apelo é, para que nos
reconheçamos assim, incapazes de uma relação perfeita, pois a plenitude do amor
faz parte da nossa esperança escatológica, um dia nós seremos assim como
imaginamos, aquela comunidade ideal sonhada por Lucas no Livro dos Atos, onde todos
se amavam...
Até
que chegue esse dia tão esperado, temos que ter muito presente em nossa vida de
comunidade, os ensinamentos do evangelho, tendo uns pelos outros um amor
co-responsável que quer ajudar o outro a crescer, pois assim é a correção
fraterna. Se faltar-nos essa compreensão para com o outro, a nossa alegria
nunca estará completa e este nosso pecado irá contaminar toda comunidade.
A
conclusão do evangelho nos faz pensar seriamente nas relações conturbadas
existentes no seio da comunidade, como é que duas pessoas que não se querem
bem, vão orar com toda assembléia, fazendo diante de Deus um só pedido,
uma só prece? Preces que brotam de corações tomados por ressentimentos,
além de não serem ouvidas por Deus, comprometem a oração de toda assembléia.
Que Pai ou Mãe, se alegra ao saber que um dos irmãos está brigado com o outro?
Com Deus é a mesma coisa. Sem misericórdia, amor e compreensão, não há de se
resolver nenhum conflito.
É
nesse sentido que Jesus recomenda a correção fraterna, que só pode ser feita
entre irmãos, entre os quais há uma total liberdade de expressão, é preciso ter
humildade, tanto para fazer a correção como para aceitá-la. A Comunidade é como
o circuito de um aparelho eletrônico, tem que estar bem unido, bem ligado um ao
outro, senão a graça de Deus, conectada a nós pelo Santo Batismo, não fará seus
efeitos. Como é que o amor de Deus vai passar de um irmão para o outro, se há
na comunidade relações que foram rompidas?
As
divergências de opiniões só nos ajudam a crescer, desde que o debate em nossas
reuniões, não seja marcado por velhas mágoas, ciúmes ou inveja, afinal, a nossa
unidade se torna mais consistente na adversidade e no pluralismo de valores,
precisamos sim, de ter oposição, pessoas que pensem diferente, mas que sejam inteligentes
e sempre direcionados ao bem comum e não ao bem particular ou pessoal.
Uma
oposição assim, que não seja burra, enriquece a comunidade e a faz crescer nos
valores do evangelho. Mas que nunca nos falte a consciência de que o Senhor
está no meio de nós, que o Dono da Obra é Ele, somos apenas obreiros, cada um
com seus carisma e suas possibilidades de realizar ações concretas, esse poder,
enquanto possibilidade de fazer sempre o melhor para a comunidade, é sempre
muito bem vindo.
Admoestação
de Jesus: Se o teu irmão errar... O ato do erro não é uma exceção, não se trata
de uma maçã podre no meio das outras que estão ótimas, pois o erro do outro é
oportunidade para exercemos a caridade, a misericórdia e a compreensão,
manifestando um amor que se sente responsável pelo outro, e só quer ajudá-lo a
crescer, e não humilhá-lo em seu pecado.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0345.htm#msg02
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