quinta-feira, 12 de outubro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL III: DICAS DE HOMILIA - 28º Domingo do Tempo Comum (Is 25,6-10a / Sl 22 / Fl 4,12-14.19-20 / Mt 22,1-14) O Banquete do Reino - O Projeto do Reino - A Veste do Reino

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL III: DICAS DE HOMILIA - 28º Domingo do Tempo Comum

 (Is 25,6-10a / Sl 22 / Fl 4,12-14.19-20 / Mt 22,1-14) 

O Banquete do Reino - O Projeto do Reino - A Veste do Reino

A Liturgia da Palavra desse Vigésimo Oitavo Domingo do Tempo Comum tem como símbolo maior o banquete, sinal claro do Reino de Deus, presente na Primeira Leitura, no Salmo e no Evangelho. Um dos sinais do Reino é a certeza de que nada faltará para aquele que no Senhor coloca a sua confiança, que espera na providencia divina. Por outro lado, a participação plena no Reino de Deus requer do homem uma resposta clara e contínua, sinal de sua adesão ao projeto de amor e comunhão com Deus.

O Banquete é apresentado como o grande símbolo da Liturgia da Palavra desse Domingo, uma imagem muito importante para Israel, que representa, de modo claro, o Reino de Deus. Na Primeira Leitura, a imagem do Banquete é significativa, visto que, não é um convite feito somente a Israel, mas aberto a todos os povos. De fato, na maioria das vezes, espera-se encontrar no Primeiro Testamento, imagens que dizem respeito ao povo eleito, ao povo de Deus, isto é, a Israel. Todavia, aquela apresentada na Primeira Leitura estende a todos os povos da terra o convite a participarem desse banquete preparado por Deus para todos. O símbolo do Banquete é muito sugestivo e percorre a história da humanidade inteira, desde as mais antigas representações da civilização humana presente na Mesopotâmia até aos dias de hoje. Ele evoca a alegria e comunhão, o repouso e a festa, sendo um sinal claro de plena participação e igualdade, um espaço onde todos são iguais e podem, da mesma forma sentarem-se à mesa como irmãos. No caso da Primeira Leitura, tal espaço de festa ganha um caráter ainda mais profundo, visto que, apresenta o monte como espaço no qual ele se realizará. Certamente tal espaço traz à tona a celebração da Aliança de Deus com o seu povo, sinal de sua presença e graça, de sua providência e amor. Sendo assim, o Banquete sobre o monte do Senhor simboliza a Sua comunhão com o seu povo, mas, como dito anteriormente, não somente com o povo de Israel, mas, sim, com todas as nações da terra. Aqui está a grande novidade do texto da Liturgia da Palavra, pois, ressalta o caráter de universalidade da proposta do Reino. Isto é, todos são convidados a participar da mesa do Reino, ninguém é estrangeiro no Banquete preparado por Deus para os seus filhos e filhas.

A imagem do Banquete é retomada no Salmo Responsorial, quando afirma que Deus prepara uma mesa, em lugar seguro para os seus em sua peregrinação em direção à Jerusalém. Na descrição encontrada no Evangelho, o Banquete é preparado e oferecido a todos, visto que os primeiros convidados não aceitaram participar da festa. O caráter da universalidade da salvação é retomado no Evangelho, já estando presente na Primeira Leitura, mas, com um acréscimo importante, o fato do Banquete ser a celebração de um matrimônio. Esse elemento é fundamental na compreensão do texto, visto que, expressa a missão escatológica de Jesus, isto é, a confirmação da Aliança de Deus com o seu povo, por meio do espaço do amor celebrado no matrimônio. Tal aspecto faz com que a rejeição de alguns em participarem de tal Banquete seja ainda mais grave, pois, manifesta, não somente a negação ao convite, mas, sobretudo da proposta que ele contém. O desejo de Deus é o da participação de seus filhos e filhas no banquete da comunhão, onde todos tem lugar à mesa e onde ninguém é estrangeiro. A recusa em participar deste espaço de comunhão é uma tomada de posição, isto é, não implica somente na negação de um convite, mas, no fato de assumir uma postura contrária à proposta do Reino de Deus.     

Na Liturgia da Palavra desse Domingo, a imagem do Banquete, assim como já foi proposta acima, é um sinal claro do Reino de Deus, não somente na espera do Reino futuro, mas, sobretudo, na proposta da construção de um Reino já agora, presente na história. Nesse caso, o convite feito por Deus aos seus filhos e filhas, seja na Primeira Leitura, quanto no Evangelho, é a expressão de seu amor de Pai e de seu cuidado em manter, com o seu povo, a Aliança concluída. Porém, além desse aspecto fundamental na compreensão do Banquete descrito, um outro elemento, não menos importante, deve ser ressaltado, isto é, tal festa é a manifestação clara do Projeto do Reino de Deus. De fato, o desejo de Deus para os seus filhos e filhas é a vida plena, marcada pela abundância de todos os bens e condições para que todos cresçam e se realizem em suas potencialidades. Isso está descrito no Primeiro Testamento, desde os seus primeiros livros, que retratam o Projeto de Vida Plena de Deus ao criar o universo; passando pela libertação do Egito, operada por Deus na história de Israel, até as palavras firmes do profetas acusando os reis de negligenciarem a vida e o cuidado para com o povo. Tal proposta é confirmada pelas atitudes e escolhas de Jesus na direção dos pequenos e pobres, anunciando, de modo firme e claro, o desejo de Deus para os seus filhos. No Segundo Testamento existe uma clara indicação das bases de construção do Reino de Deus, que deveria já ter seus sinais visíveis nas primeiras comunidades cristãs. Desse modo, a proposta do Reino de Deus é confirmada, mais uma vez, no convite feito a todos para participarem do Banquete oferecido por Deus para os seus. A aceitação de tal convite implica na adesão ao projeto que ele indica, isto é, sentar-se à mesa e partilhar da vida de todos os convidados, sendo acolhido por Deus e chamado a comprometer-se com o seu Reino. A negação de tal convite, não significa somente não participar de uma festa oferecida, mas, sobretudo, a negação de tomar parte no projeto do amor de Deus. Desse modo, além da celebração da Aliança de Deus para com os seus, o Banquete apresentado na liturgia é expressão clara do Projeto de Deus.    

A participação do Banquete do Reino de Deus requer de todos os cristãos uma resposta e postura claras, visto que, sentar-se à mesa do Reino significa comprometer-se em viver segundo os valores do Evangelho. No texto do Evangelho, a cena final deve ser bem compreendida, pois ela contém elementos importantes no que diz respeito à resposta que cada um deve dar ao convite feito da participação no Banquete. Um dos convidados não está trajado dignamente para a ocasião, ele não traz os trajes para a festa e, por essa razão, ele é colocado para fora do recinto. Tal imagem, pode parecer bastante dura, mas, reflete algo presente na comunidade do evangelista. Depois do primeiro chamado ao discipulado, no qual todos dizem sim ao convite feito de seguir o Senhor, alguns acabam perdendo o vigor, deixando de lado aquilo que, verdadeiramente, distingue os convidados para o Banquete. Isto é, visto que a aceitação do convite feito para o Banquete é uma resposta positiva ao Projeto do Reino de Deus, os convivas deveriam trazer em seu corpo as marcas de sua adesão ao mesmo Projeto. Não portar a roupa para a festa significa não trazer na vida as escolhas do Reino, isto é, não refletir nas opções e posturas o Projeto de Deus para seus filhos e filhas. Aqueles que aceitaram participar do Banquete, necessariamente devem se comprometer com a construção do Reino de Deus. Partilhar da mesa preparada pelo Senhor para os seus filhos e filhas, implica no compromisso de fazer do mundo um lugar de Deus e um lugar para todos. Aos participantes do Banquete do Reino é pedido o compromisso na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. A veste que todos devem portar, para serem acolhidos no Banquete, deve ser "costurada" com os valores do Evangelho, que distinguem aqueles que participam de fato da mesa, daqueles que dela somente se aproveitam. Nesse caso, os discípulos missionários, chamados pelo Senhor para a construção do seu Reino devem trazer em sua vida: a misericórdia, a compaixão, a solidariedade, o serviço aos mais pobres, a caridade fraterna, enfim, todos os sentimentos que estavam no coração de Jesus, como disse São Paulo (Ef 2,5).

Que a Liturgia da Palavra desse Vigésimo Oitavo Domingo do Tempo Comum se torne um convite a todos para a participação do Banquete do Reino de Deus. Que todos se sintam acolhidos diante da Mesa da Palavra e da Eucaristia, sinal do cuidado de Deus para com os seus filhos e filhas. Que a escuta atenta da Palavra revele o desejo de Deus para a humanidade, isto é, a construção de seu Projeto de Amor. Que todos se sintam convidados e, ao dizerem sim ao convite proposto, comprometam-se na construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária. Que todos desejem portar a veste do Evangelho, sinal que marca a vida dos discípulos e discípulas missionários, chamados para a construção do Reino de Deus.

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

https://www.diocesecachoeiro.org.br/ler.asp?codigo=4388

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