sábado, 16 de dezembro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL II O DOMINGO DA ALEGRIA

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL  II

O DOMINGO DA ALEGRIA

1ª Leitura - Is 61,1-2a.10-11
Salmo - Lc 1,46-48.49-50.53-54 (R. Is 61,10b)
2ª Leitura - 1Ts 5,16-24
Evangelho - Jo 1,6-8.19-28

 

O terceiro domingo do Advento é o domingo da alegria, quando celebramos a boa nova na expectativa de receber o Salvador que vem! Comemoramos a garantia do amor de Deus que nos propõe a participação de maneira ativa na história da salvação, na construção de seu Reino, prometido a toda a criação, onde impera a justiça, a solidariedade, a paz e o amor, onde viveremos todos como irmãos.

Deus se encarna no Natal, numa gruta; tem como leito uma manjedoura e panos como suas primeiras vestes. Nasce na pequena cidade de Belém, em cenário de suprema simplicidade! Na pessoa de Jesus de Nazaré, Deus se faz humano como nós e vai além, se faz servo da humanidade, demonstrando por nós sua solicitude, seu amor sempre presente em uma kenosis de extrema humildade. No entanto, pede a nós que caminhemos em sua companhia como agentes realizadores de sua vontade. Esse é o testemunho deixado por João Batista que lemos no evangelho desse domingo.

O anúncio de João é de esperança na promessa do amor primeiro de Deus que virá viver conosco. João Batista compreende a novidade e faz dela sua missão. Aplainar os caminhos do Senhor, retirar os obstáculos, aperfeiçoar os detalhes, afastar de nossa vida as coisas que impedem a ação de Cristo em nós.

Mas o que isso significa? Abrir o coração para a solidariedade e para o amor. Não podemos nos aquietar diante das injustiças, não podemos ficar tranquilos sabendo do sofrimento de outras pessoas, não podemos ter paz se os vulneráveis são vilipendiados e oprimidos. Enquanto houver abuso e opressão não poderemos encontrar a verdadeira alegria do amor de Deus. Essa é a nossa missão, essa é a nossa vocação de cristãos, seguidores do caminho de Jesus.

João vem nos alertar da emergência da abertura do coração, nos convoca a nos colocarmos em alerta para a boa nova que é iminente. Todavia, para compreendê-la, é necessário uma metanoia, uma mudança de mentalidade, uma nova maneira de ser e pensarConversão! João vem como testemunha da luz, para que todos creiam por meio de sua coerência e vida santa. Ele não é a luz, mas procura fazer brilhar nele, como reflexo, a luz do Salvador. Aqui faço uma analogia à lua, que sem luz própria, reflete a luz do sol para poder iluminar o caminho aos viajantes. Assim também nós devemos agir, acolhendo a luz de Cristo, fazendo-a brilhar onde quer que estejamos; quando uma pessoa se decide a viver na luz, passa a iluminar o mundo.

João é a voz que grita no deserto, sem desânimo. É o enviado, o missionário que acolhe sua vocação e cumpre o mandado de Deus, procurando viver para realizar a sua vontade, para despertar a fé nas pessoas, para anunciar a esperança e a alegria de saber que Deus, mesmo parecendo para nós muitas vezes escondido, está presente em nossos momentos de crise, de angústia. Pede-nos para que o Reino se manifeste nas atitudes de solidariedade e misericórdia, no olhar solícito e amoroso para o nosso próximo, reconhecendo nele nosso irmão na dinâmica do amor-serviço.

João é o emissário da alegria, da esperança. Na festa da vida seremos gratos e felizes por participar da festa do Reino. Para isso, precisamos perceber a nossa posição, o nosso lugar; não somos o centro, os donos da festa, os possuidores da verdade. João nos alerta também para isso, como fez aos fariseus: posso anunciar a luz, mas não sou a luz verdadeira. O anfitrião, o grande homenageado por reis e pastores, vem a serviço, se faz servo para o bem de toda a humanidade, de toda a criação. Ele nos convida a participar da festa como coadjuvantes na alegria, para que tenhamos atitudes ativas de solidariedade, justiça, amor e paz, nos colocando a serviço de seu Reino que também é nosso.

O amigo do anfitrião se preocupa com o desenrolar da festa e faz dela sua alegria. Coloca-se a serviço para que tudo corra bem, para que todos os convidados se alegrem e festejem juntos. Assim fez Maria nas bodas de Canaã, assim fez Jesus nas mesmas bodas atendendo a seu pedido. Assim faz João Batista quando nos exorta à prontidão e à preparação. A festa do Reino inicia com o nascimento de uma criança na manjedoura de Belém, festa que se promete eterna em processo histórico até o final dos tempos.

O Salvador vai chegar! É o anúncio do terceiro Isaías, como lemos na primeira leitura, com a mesma alegria e esperança, nos exortando também à conversão, a uma nova lógica, a uma nova compreensão da realidade.

João procura alertar o poder do templo, mas não o compreendem. Ele está entre vós mas não o conheceis... Paulo, por sua vez, alerta e exorta as primeiras comunidades a esse reconhecimento do Cristo, agora já ressuscitado, na pessoa do irmão, do próximo, para o amor gratuito e incondicional que é o que faz o Reino manifesto.

É impossível separar Jesus de sua missão, o Reino de Deus, onde impera a paz, a justiça e a solidariedade, onde os homens convivem como irmãos, como família, como comunidade de amor. Foi isso que Jesus viveu e nos mostrou com sua vida, foi para isso que encarnou, que se fez menino, que se fez Natal, para viver conosco, como um de nós. Essa também é nossa missão e só assim estaremos fazendo a vontade do Pai.

Como cristãos batizados, somos também ungidos pelo Espirito do Senhor, para assumirmos a missão de sermos testemunhas desse amor justiça, nesse novo mundo que se anuncia.

Na situação de crise em que nos encontramos, vivemos uma pandemia que abalou a humanidade inteira. Podemos ver, no entanto, a oportunidade de vida nova. Levantando da dor, repensando nossos valores e nossas necessidades e assumindo nossa responsabilidade com a vida, com a criação como um todo, podemos, também nós, nos tornar testemunhas da esperança e da alegria, na certeza de que o Reino de Deus se faz presente entre nós. Ele não nos abandona. Ele vive, ele chegou no Natal!

 

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