REFLEXÃO
DOMINICAL II
O
DOMINGO DA ALEGRIA
1ª
Leitura - Is 61,1-2a.10-11
Salmo - Lc
1,46-48.49-50.53-54 (R. Is 61,10b)
2ª Leitura - 1Ts 5,16-24
Evangelho - Jo
1,6-8.19-28
O terceiro domingo do Advento é
o domingo da
alegria, quando celebramos a boa nova na expectativa de receber
o Salvador que vem! Comemoramos a garantia do amor de Deus que
nos propõe a participação de maneira ativa na história da salvação,
na construção de seu Reino, prometido a toda a criação, onde impera a justiça,
a solidariedade, a paz e o amor, onde viveremos todos como irmãos.
Deus se encarna no Natal, numa gruta; tem como leito uma
manjedoura e panos como suas primeiras vestes. Nasce na pequena cidade de
Belém, em cenário de suprema
simplicidade! Na pessoa de Jesus de Nazaré, Deus se faz humano
como nós e vai além, se faz servo da humanidade, demonstrando por nós sua
solicitude, seu amor sempre presente em uma kenosis de extrema humildade. No
entanto, pede a nós que caminhemos em sua companhia como agentes realizadores
de sua vontade. Esse é o testemunho deixado por João Batista que lemos no
evangelho desse domingo.
O anúncio de João é de esperança na promessa do amor primeiro de Deus que
virá viver conosco. João Batista compreende a novidade e faz dela sua missão.
Aplainar os caminhos do Senhor, retirar os obstáculos, aperfeiçoar os detalhes,
afastar de nossa vida as coisas que impedem a ação de Cristo em nós.
Mas o que isso significa? Abrir o coração para
a solidariedade e
para o amor. Não
podemos nos aquietar diante das injustiças, não podemos ficar tranquilos
sabendo do sofrimento de outras pessoas, não podemos ter paz se os vulneráveis
são vilipendiados e oprimidos. Enquanto houver abuso e opressão não poderemos
encontrar a verdadeira alegria do amor de Deus. Essa é a nossa missão, essa é a
nossa vocação de cristãos, seguidores do caminho de Jesus.
João vem nos alertar da emergência da abertura do coração,
nos convoca a nos colocarmos em alerta para a boa nova que é iminente. Todavia,
para compreendê-la, é necessário uma metanoia, uma mudança de mentalidade,
uma nova maneira de
ser e pensar. Conversão! João
vem como testemunha
da luz, para que todos creiam por meio de sua coerência e vida
santa. Ele não é a luz, mas procura fazer brilhar nele, como reflexo, a luz do
Salvador. Aqui faço uma analogia à lua, que sem luz própria, reflete a luz do
sol para poder iluminar o caminho aos viajantes. Assim também nós devemos agir,
acolhendo a luz de Cristo, fazendo-a brilhar onde quer que estejamos; quando
uma pessoa se decide a viver na luz, passa a iluminar o mundo.
João é a voz que grita no deserto, sem
desânimo. É o enviado, o missionário que acolhe sua vocação e cumpre
o mandado de Deus, procurando viver para realizar a sua vontade, para despertar a fé nas pessoas,
para anunciar a esperança e a alegria de saber que Deus, mesmo parecendo para
nós muitas vezes escondido, está presente em nossos momentos de crise, de
angústia. Pede-nos para que
o Reino se manifeste nas atitudes de solidariedade e misericórdia, no olhar solícito e amoroso para
o nosso próximo, reconhecendo nele nosso irmão na dinâmica do amor-serviço.
João é o emissário da alegria, da esperança. Na
festa da vida seremos gratos e felizes por participar da festa do Reino.
Para isso, precisamos perceber a nossa posição, o nosso lugar; não somos o
centro, os donos da festa, os possuidores da verdade. João nos alerta também
para isso, como fez aos fariseus: posso anunciar a luz, mas não sou a luz verdadeira. O
anfitrião, o grande homenageado por reis e pastores, vem a serviço, se faz
servo para o bem de toda a humanidade, de toda a criação. Ele nos convida a
participar da festa como coadjuvantes na alegria, para que tenhamos atitudes
ativas de solidariedade, justiça,
amor e paz, nos
colocando a serviço de seu Reino que também é nosso.
O amigo do anfitrião se preocupa com o
desenrolar da festa e faz dela sua alegria. Coloca-se a serviço para que tudo
corra bem, para que todos os convidados se alegrem e festejem juntos. Assim fez
Maria nas bodas de Canaã, assim fez Jesus nas mesmas bodas atendendo a seu
pedido. Assim faz João Batista quando nos exorta à prontidão e à preparação.
A festa do Reino inicia
com o nascimento de uma criança na manjedoura de Belém, festa que se promete
eterna em processo histórico até o final dos tempos.
O Salvador vai chegar! É o anúncio do
terceiro Isaías, como lemos na primeira leitura, com a mesma alegria e
esperança, nos exortando também à conversão, a uma nova lógica, a uma nova
compreensão da realidade.
João procura alertar o poder do
templo, mas não o compreendem. Ele está entre vós mas não o conheceis... Paulo,
por sua vez, alerta e exorta as primeiras comunidades a esse reconhecimento do
Cristo, agora já ressuscitado, na pessoa do irmão, do próximo, para o amor
gratuito e incondicional que é o que faz o Reino manifesto.
É impossível separar Jesus de sua
missão, o Reino de
Deus, onde impera a paz, a justiça e a solidariedade, onde
os homens convivem como irmãos, como família, como comunidade de amor. Foi isso
que Jesus viveu e nos mostrou com sua vida, foi para isso que encarnou, que se
fez menino, que se fez Natal, para viver conosco, como um de nós. Essa também é
nossa missão e só assim estaremos fazendo a vontade do Pai.
Como cristãos batizados, somos também ungidos pelo Espirito do Senhor, para
assumirmos a missão de sermos testemunhas desse amor justiça, nesse novo mundo
que se anuncia.
Na situação de crise em que nos
encontramos, vivemos uma pandemia que abalou a humanidade inteira. Podemos ver,
no entanto, a oportunidade de vida nova. Levantando da dor, repensando nossos
valores e nossas necessidades e assumindo nossa responsabilidade com a vida,
com a criação como um todo, podemos, também nós, nos tornar testemunhas da esperança e
da alegria, na
certeza de que o Reino
de Deus se faz presente entre nós. Ele não nos abandona.
Ele vive, ele chegou no Natal!
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