REFLEXÃO
DOMINICAL III
DICAS DE
HOMILIA - 4º Domingo do Advento
O Sim de Deus - O Sim
de Maria - O Sim da Humanidade
(2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16
/ Sl 88 / Rm 16,25-27 / Lc 1,26-38)
A
Liturgia do Quarto Domingo do Advento coloca a todos diante do mistério do amor
de Deus pelos homens e mulheres que escolheu para si, seu desejo de comunhão e
a sua fidelidade à Aliança com o povo concluída. Em primeiro lugar está o sim
de Deus oferecido aos seus filhos e filhas, algo presente na Primeira e Segunda
Leitura, bem como no Salmo Responsorial. Mergulhada nesse mistério do amor
divino encontra-se a Virgem Maria, que oferece no lugar de cada homem e mulher,
dessa terra, um sim a Deus. O Sim de Maria ecoa no coração dos homens que
também são chamados a dizer o seu sim a Deus, que lhes vem visitar nesse
período de Advento, como preparação intensa para a grande Celebração do Natal
do Senhor.
No
princípio está o grande sim de Deus, marcado por sua incondicional gratuidade e
infinito amor que brotam do coração de um Pai desejoso de fazer comunhão com os
seus filhos e filhas. A Primeira Leitura apresenta o desejo de Deus de comunhão
com o seu povo, manifestado em sua decisão de confirmar o reinado de Davi. É de
Deus a iniciativa de construir um Templo para a sua morada junto de seus filhos
e filhas, um lugar no qual todos poderiam invocar o seu Nome Santo. O mesmo
está presente no Salmo Responsorial, quando o salmista canta o amor eterno e
fiel de Deus para com os seus. Ele é o verdadeiro Pai de Israel, aquele que
conduz o povo com laços de ternura e grande amor, o Deus fiel que sempre renova
o seu sim à humanidade por ele criada. Já na Segunda Leitura, Paulo afirma que
o mistério desse grande amor divino foi revelado em Jesus, e é o grande sim de
Deus para os seus filhos e filhas. O Sim de Deus é sempre livre e independe, no
primeiro momento, da acolhida ou não do homem, pois segue sempre o seu projeto
de salvação. Nesse caso, o sim de Deus precede todo o sim da humanidade, que é
convidada a acolher a proposta divina, oferecendo ao Senhor o seu sim, à
exemplo de Maria.
O
Evangelho desse domingo apresenta o encontro do anjo Gabriel com Maria, uma vez
mais, o sim amoroso de Deus é apresentado à humanidade. No diálogo entre o
mensageiro do Senhor e a cheia de Graça se descortinava, uma outra vez o desejo
divino de comunhão com os seus filhos e filhas. Na voz do anjo estava a Palavra
e a Promessa do Senhor feita, não somente à Maria, chamada a ser Mãe do
Salvador, mas, algo estendido a toda a humanidade. O universo inteiro se
silenciou, depois da palavra do anjo, na expectativa de ouvir o Sim de Maria.
Com a sua adesão à vontade de Deus, Maria rompe com o não outrora oferecido e
abre, segundo a graça divina, nela presente, espaço para que o Filho de Deus se
encarnasse. Desse modo, o sim de Maria se torna a porta aberta para o seu
coração que deseja estar cheio da graça de Deus e cumprir com a vida o que o
Senhor lhe propusera. O abandono de Maria nas mãos do Pai é sinal de um
compromisso profundo selado em seu coração, um desejo de ser a serva do Senhor
e cumprir a sua vontade durante toda a sua vida. Nesse caso, ao proclamá-la
cheia de graça, preservada do pecado original, isto é, Imaculada, a Igreja
reconhece a obra divina na serva do Senhor, algo que todas as gerações são
convidadas a reconhecer e bendizer. Ela foi destinada a acolher o Filho e com
Ele o próprio Pai, na graça do Espírito Santo, tornando-se imagem da Igreja que
sabe dizer sim ao convite amoroso de Deus e se torna seu sinal no mundo.
Desse
modo, manifesta-se o mistério do amor de Deus que sempre oferece a sua face
amorosa aos seus filhos e filhas, num sim irrestrito e constante, prova de sua
fidelidade e Aliança eternas. Algo que encontra no coração da Virgem Maria
acolhida, ao selar o seu desejo de unir-se à vontade do Pai, por meio de seu
sim diante das palavras proferidas pelo anjo Gabriel. Nesse caso, todos que
ouvem a voz da Virgem e o seu sim, são mergulhados numa tamanha gratuidade,
seja pelo amor divino que não se cansa de procurar o homem, bem como, pela
adesão da Virgem à vontade do Pai. Desse modo, todos são tocados pelo amor
divino que sempre se debruça sobre a humanidade, no seu infinito desejo de
abrir espaços de comunhão para os seus filhos e filhas. Diante desse mistério
do amor divino, toda a Igreja é provocada a acolher a voz do Senhor, seu desejo
de amor e comunhão e, à exemplo de Maria, dizer o seu sim ao Senhor.
Existe
uma grande alegria que se espalha por todos os cantos, pois, uma filha desta
terra, uma mulher como tantas outras, uma irmã tocada pela graça do Espírito
Santo, pode dizer um sim ao Senhor, tornando-se Mãe do Salvador, Mãe de toda a
humanidade. O seu sim, ainda hoje, ecoa cada vez que se ouve o relato do
Evangelho desse domingo, convocando a todos os que o ouvirem a seguirem o seu
exemplo. No sim de Maria está o caminho de seguimento da vontade do Pai, aberto
por uma mulher que se deixou envolver pela graça de Deus. Desse modo, ao dizer
sim ao seu Filho ela já se tornava também, além de sua mãe, sua seguidora, isto
é, a primeira discípula missionária. Sendo assim, que a escuta da Palavra nesse
período de Advento e a intensa preparação para o Natal do Senhor ajude a todos
a seguirem os passos da Virgem. Que em cada Comunidade Eclesial de Base, onde
se ouvir esse relato todos sintam-se convocados a assumir a sua mais profunda
vocação, nascida nas águas do nosso batismo, de serem, nessa terra, discípulos
missionários de Jesus Cristo, o Filho da Virgem Maria. Desse modo, aderindo à
vontade de Deus, com um sim que envolve todas as dimensões da vida, cada fiel
impulsionado pela graça divina seria transformado num sinal do Reino. Homens e
mulheres que oferecem suas mãos, seus corações e as suas vidas, a fim de que a
terra inteira seja transformada na casa da família de Deus. De modo que a
promessa do Senhor feita a Davi se realize e que todos possam habitar numa
terra sem males, uma casa comum, onde reine a justiça, a fraternidade e a
liberdade. Que o sim de cada um ao plano de amor do Pai, à exemplo de Maria,
faça de todos discípulos missionários de Jesus Cristo, promotores da paz e da
justiça, homens e mulheres novos para o tempo novo de Deus, isto é uma sociedade
justa, fraterna e solidária.
Que
nesse Quarto Domingo do Advento toda a Comunidade Eclesial de Base seja
provocada a acolher o grande amor do Pai, no seu gesto de doação de seu próprio
Filho que já está às portas. De modo que todos sejam tocados pelo sim
irrestrito de Deus, aos seus filhos e filhas, que encontra no coração da Virgem
Maria morada e acolhida. Que todos ao ouvirem as palavras proferidas pela
Virgem e a sua sincera adesão ao projeto salvífico, sejam provocados a também
dizerem o seu sim cotidiano ao Senhor. De modo que a terra seja marcada por
homens e mulheres transformados pela graça do Espírito Santo, que fez de Maria
e pode fazer de todos, discípulos missionários de Jesus Cristo.
Pe. Andherson Franklin
Lustoza de Souza
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