Dom
Azcona não será mais obrigado a sair da ilha de Marajó
Decisão
foi tomada após veementes protestos de fiéis em favor do bispo emérito
Dom José Luís Azcona Hermoso, bispo emérito de Marajó, no Pará,
poderá continuar morando na ilha, confirmou o pe. Kazimierz Antoni Skorki,
administrador diocesano da prelazia. Neste dia 26, o bispo nomeado de Marajó,
dom José Ionilton, recebeu da nunciatura apostólica no Brasil o comunicado de
que dom Azcona “não precisará mais ‘transferir-se da residência na qual vive
atualmente’”.
No início de dezembro, a prelazia tinha informado o recebimento
de uma ordem transmitida por dom Giambattista Diquattro, núncio apostólico no
Brasil, determinando que o bispo emérito deixasse a ilha até
janeiro.
A decisão surpreendeu os fiéis e o clero local, que se
mobilizaram para pedir a permanência de dom Azcona no território. Em 13 de
dezembro, via redes sociais, os sacerdotes da prelazia divulgaram
nota não
apenas defendendo que o bispo emérito pudesse ficar na ilha, mas também solicitando
esclarecimentos da nunciatura apostólica no Brasil sobre a determinação de que
o prelado saísse do território.
A reversão da decisão, divulgada nesta semana, veio acompanhada
pela sugestão, de parte do Dicastério dos Bispos, de que a data da posse
canônica do novo bispo, dom José Ionilton, “seja adiada e que a nova data seja
marcada com o núncio apostólico”.
Quem é dom José Luís Azcona
Espanhol de Pamplona, onde nasceu em 28 de março de 1940, dom
Azcona é religioso da ordem dos agostinianos recoletos e veio para o Brasil em
1985, tendo cumprido a missão como bispo de Marajó de 1987 até 2016, quando
renunciou por idade. Ele continua vivendo na ilha desde então.
Em 2009, dom Azcona denunciou gravíssimos casos de pedofilia e
exploração sexual de crianças e adolescentes na ilha, um crime que envolveria
políticos e empresários locais. A gravidade da denúncia levou à criação de uma
comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Pará e no
próprio Congresso Nacional. Dom Azcona passou a sofrer ameaças
de morte em
decorrência das suas denúncias.
Dom Azcona também se manifestou enfaticamente contrário a pautas
do Sínodo da Amazônia de 2019, com críticas ao instrumentum laboris e ao documento
final. Ele lamentou, por exemplo, a “ausência de Cristo Crucificado” no instrumentum laboris, denunciando o que
considerou como a omissão da essência do anúncio
evangelizador no documento de trabalho do sínodo.
https://pt.aleteia.org/2023/12/28/dom-azcona-nao-sera-mais-obrigado-a-sair-da-ilha-de-marajo/
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