PROFISSIONAL
DISCERNIMENTO VOCACIONAL:
POR
QUE ESSE ALINHAMENTO É TÃO FUNDAMENTAL E ESSENCIAL" (Parte II)
Obs.:
com esta segunda parte se complementa e se conclui a primeira, de mesmo
título.
Lindolivo
Soares Moura (*)
"O caminho largo é aquele que todas as pessoas fazem. Você precisa encontrar seu caminho pessoal e único. Somente ele vai levá-lo ao crescimento e conduzí-lo para a vida verdadeira"(Anselm Gr:un).
"Nossos desejos são como crianças
pequenas: quanto mais lhes cedemos, mais exigentes se
tornam" (Provérbio Chinês).
"Onde as necessidades do mundo e
os seus
talentos se cruzam, ai´está
a sua vocação”. [Aristóteles]
Pais
ou aqueles que lhes fazem as vezes são: "imagos" estruturantes da
personalidade dos filhos, de acordo com a Psicanálise; as pessoas mais próximas
e mais importantes do espaço vital ou campo psicológico do indivíduo, de acordo
com a Teoria de Campo de Kurt Lewin; as pessoas de maior e mais imediato apego
para o recém-nascido e a criança, sobretudo no período considerado crítico -
sexto ao vigésimo quarto mês - de seu desenvolvimento, de acordo com a Teoria
do Apego, de John Bowlby. Não é de admirar portanto que os pais ou quem as
vezes lhes faz sejam figuras e "imagos" determinantes tanto na
estruturação do vínculo afetivo-emocional dos filhos, quanto em suas contínuas
buscas e conquistas por crescimento e autonomia. O mesmo se pode dizer em
relação às suas escolhas, preferências e decisões. Quanto mais estreito e forte
for o vínculo, maior tende a ser a influência exercida. Agora vem a parte
perigosa dessa história: essa influência - "pátrio e mátrio poder",
mais que mero exercício de autoridade - pode acabar sendo determinante e decisiva
tanto para o bem quanto para o mal. A natureza, a estreiteza e a profundidade
desse tipo específico de "vínculo" dificultam e muito o rompimento do
"círculo de influência" que se estrutura entre as partes, quando esse
rompimento se mostra necessário. Esse é o caso de pais que não apenas
"depositam" mas literalmente "projetam" sobre os filhos
seus sonhos, anseios e expectativas, que podem ter pouco ou absolutamente nada
a ver com os sonhos, anseios e expectativas que os filhos trazem consigo. Quando
isso ocorre, a linha fronteiriça entre estímulo e apoio por um lado, pressão e
constrangimento por outro, costuma ser tênue e pouquíssimo perceptível tanto
pelos pais como pelos filhos. Aqui a principal diferença é que são eles, os
filhos, a arcar com as consequências. Configura-se dessa forma um estranho
paradoxo: os pais, ou quem as vezes lhes faz, ora atuam como os principais
"incentivadores" e "facilitadores" ora como
"entraves" e os maiores "complicadores" na trajetória de
busca por realização e cumprimento de sua vocação por parte dos filhos. Quando
o fator econômico-financeiro entra em cena na condição de ator principal o
nível de complicação aumenta ainda mais, fazendo com que as consequências sejam
imprevisíveis. E o triste é saber que ele costuma invadir com frequência esse
espaço, em geral sob a forma camuflada de duas modalidades predominantes:
primeiro - não necessariamente nessa ordem de importância - quando os pais ou
quem as vezes lhes faz insistem em convencer os filhos de que o critério
determinante da escolha profissional e de carreira não pode ser outro senão o
do "retorno econômico-financeiro"; segundo, quando são justamente os
pais os primeiros a fazer uso da pressão econômico-financeira - num momento em
que os filhos não conquistaram ainda sua "autonomia" nessa área -
para literalmente constranger e pressionar os filhos a optar por esta ou aquela
carreira em específico, que eles, e não os filhos, consideram de maior
interesse, sendo que também aqui o fator econômico-financeiro quase sempre
continua falando mais alto. "Tendências" "disposições" e
"inclinações" inatas e naturais acabam sendo termos e conceitos
ausentes ou simplesmente "deletados" do dicionário particular dos
pais nessas ocasiões, numa fase da vida que pode estar sendo crucial para os
filhos. Se os pais inconscientemente ou não, carregam consigo a percepção de
que não podem vir a faltar - morrer, falando mais claramente - senão após ter a
garantia e poder constatar "com seus próprios olhos" o sucesso e a
realização dos filhos em sua carreira profissional, o constrangimento e a
pressão acabam sendo ainda maiores. Talvez não haja nada pior, mais angustiante
e estressante para os filhos, do que o momento em que esse tipo de pressão
começa a se transformar em verdadeira "o"pressão. Dada a particular
importância desse tópico, concederemos a ele um parágrafo a mais.
Se
perguntarmos por quais razões muitos pais ou quem as vezes lhes faz chegam a
ser tão "invasivos" na vida dos filhos, ainda que na maioria das
vezes repletos de boa intenção e sem conseguir enxergar a situação pelo prisma
da invasividade, vamos nos deparar com a presença de um novo e estranho
paradoxo: pais costumam agir dessa estranha forma por dois motivos principais
diametralmente opostos: tanto pelo fato de terem se dado muito bem na profissão
que escolheram para si - e exatamente
por isso terminam pressionando os filhos a fazer o mesmo percurso - quanto pela razão inversa, isto é, por terem se dado
tão mal que agora, conscientemente ou não, pretendem se ver realizados - uma
espécie de "segunda chance" -
através do esperado êxito e sucesso dos filhos "refazendo" a
trajetória. No primeiro caso o lema e o sentimento que subliminarmente estão
presentes são o de que "filho de peixe peixinho é"; já no segundo,
"peixinhos" podem ser os próprios pais e não os filhos. O fato de
muitos deles não terem passado de "girinos" no exercício da profissão
ou carreira que escolheram para si, pode produzir neles a expectativa de que os
filhos, ao "re"fazer o mesmo percurso, se tornem verdadeiros
"tubarões". O anseio velado e inconsciente de se ter na família um
profissional formado numa carreira específica, qualquer que seja ela, pode
agravar ainda mais essa estranha e lastimável forma de "projeção".
"Pode-se amar alguém não só por aquilo que se tem, senão, literalmente,
por aquilo de que se carece", afirmava Lacan ao falar da "falta"
e das lacunas - e por que não dos insucessos e fracassos, diríamos nós - que o
desejo humano porta consigo. Já perigosa e nociva quando enraizada em qualquer
tipo de vínculo que estabelecemos vida afora - amizade, coleguismo,
relacionamento amoroso, dentre outros - essa espécie de "realização por
tabela" pode acabar se tornando "devastadora" quando se trata do
vínculo "paterno e materno-filial", em razão, como já o dissemos, do
grau de estreiteza e de profundidade que em situações normais e desejáveis
caracterizam tal tipo de vínculo. Apenas ter
conhecimento e consciência do emaranhado que tal círculo em sua vertente
"viciosa" porta consigo pode não ser suficiente. Para desfazer esse
verdadeiro "nó de marinheiro" - "escota dupla" - pode ser
necessário recorrer à ajuda extra de um profissional especializado. Ainda
assim, quando isso ocorre é preciso contar com a sorte: o profissional
escolhido precisa ser ele mesmo uma pessoa bem sucedida e realizada, capaz de
sentir e demonstrar seu grau de satisfação e de realização na escolha e no
exercício da profissão que escolheu. Caso contrário serão duas vacas - ou
conforme o caso, dois bois, ou ainda uma
vaca e um boi - caminhando juntos em direção a um único e mesmo brejo. No caso
dessa ajuda ser prestada por um Religioso, Sacerdote, Pastor ou Ministro do
sagrado "desqualificado profissionalmente", a probabilidade desse
"suicídio coletivo" ou em "dose dupla" aumenta;
exponencialmente.
É
provável que você já tenha ouvido falar da área de "biologia" e das
diversas profissões ou vocações que nela têm sua origem, tais como
"Biomedicina", "Biólogo", "Zootecnia" e outras
mais. Mas você já ouviu a expressão "vocação biológica"? Se não
ouviu, tranquilize-se: nem eu. E provavelmente ninguém mais. Estou sugerindo
esse novo conceito por considerá-lo adequado para falar de um tipo específico
de vocação cujo conteúdo costuma ser classificado como altamente
"complexo", quando na verdade poderia e deveria ser tido como um dos
mais simples em termos de abordagem e do uso que dele se faz. Refiro-me ao que
chamarei de "vocação biológica afetiva", ou se se preferir, a
dimensão biológica do afeto, já que naturalmente nele outras dimensões estão envolvidas.
O fato é que aquilo que nos demais seres vivos e sensientes não passa de
"determinismo biológico", nos seres humanos podemos muito
apropriadamente chamar de "vocação"; por que não!? Pois bem: é
imperativo compreender, de uma vez por todas de preferência, que ser
"hétero" ou ser "homo" afetivo - herança que
concomitantemente nos "predispõe" para a "hétero" ou a
"homo" sexualidade e suas vertentes correspondentes, e não o
contrário - não é uma "escolha" ou "opção" como querem
muitos, e sim apenas um entre os tantos "determinismos" de nossa
natureza biológica, contra os quais qualquer luta ou batalha são inúteis, e
ainda que que não o fossem, estando certamente fadadas a culminar numa
autêntica "vitória de Pirro", como nos adverte Francisco Daudt, ponto
para com o qual Freud está longe de demonstrar qualquer discordância. Haja
vista a resposta francamente negativa e desoladora dada por ele, Freud, a uma
mãe norte- americana que solicitara a ajuda da recém-criada Psicanálise no
sentido de "reverter" a homossexualidade de seu filho - em toda a
extensão de sua carta a mãe sequer faz uso do termo. Freud deixa muito claro
que para com aquela solicitação específica ele e a Psicanálise nada poderiam
contribuir, exceto conscientizar a mãe em como lidar adequadamente com o fato e
com o filho. Nesse sentido podemos, sim, falar de uma autêntica
"vocação" ou "chamado biológico" orientando a afetividade
humana, seja ela "hétero" ou "homo" afetiva, e não de um
simples e mero "determinismo biológico". A recomendação aos tecnocratas
do genoma humano, bem como aos guardiães da moralidade e aos fundamentalistas
de plantão não poderia ser outra senão: mais que determinismo biológico,
"hétero" e "homoafetividade" são respostas a um chamado da
natureza, a uma verdadeira e autêntica "vocação", seja ela
considerada divina ou não. "Vocação" esta que se coloca entre as mais
importantes a que todos e cada um de nós somos convocados, cuja resposta exige
porém uma postura diametralmente oposta àquela que a cultura, os costumes, e
sobretudo a religião têm assumido. "Sou um homem ; não considero alheio a
mim nada do que é humano", afirma Terêncio. "Os sentimentos humanos
são palavras expressas no corpo humano", nos ensina Aristóteles. Portanto,
em se tratando de nossa "vocação biológica afetiva", "tolerância
é o mínimo, "respeito" é fundamental, mas a excelência - que não é
senão a medida que buscamos em cada virtude - chama-se "celebração".
É a isso que no fundo todos somos chamados: celebrar nossas diferenças! Sem
preconceitos, estereótipos ou discriminação.
À
guisa de conclusão: por vezes ouvimos ainda a afirmação de que existem dois
tipos principais de "vocação", conceito central com o qual viemos
trabalhando ao longo da presente reflexão: um de natureza
"sobrenatural", e outro que em ausência de um melhor termo chamaremos
de "natural". Ao contrário do que a princípio possa parecer e nos
querem fazer crer, esses dois conceitos não são de todo divergentes e menos
ainda mutuamente excludentes. Isso parece ficar bastante claro quando se opta
por um conceito de "espiritualidade" mais amplo e portanto mais
abrangente, como é o caso de Kimeron Harding. Em sua definição de
espiritualidade o vínculo de semelhança e proximidade entre o que é da ordem do
"natural" e o que é da ordem do "sobrenatural" é tão
estreito e profundo, que parece difícil vislumbrar qualquer diferença ou
distância significativas entre eles. Eis a definição de
"espiritualidade" que Harding nos sugere: "espiritualidade não
significa que você deva acreditar num Deus ou Deuses, ou em espíritos que
rondam a Terra. A espiritualidade [...] incluindo ou não o conceito de um Deus
ou de um poder superior, envolve o desenvolvimento de um sistema de crenças que
o faça sentir que você pertence, merece ser incluído, e tem um importante papel
no planeta". Nessa definição ou nesse conceito estão claramente
contemplados uma tríade de sentimentos: de pertença - "você pertence"
- de inclusão - "merece ser incluído" - e de missão - "e tem um
importante papel no planeta". Se isso pode parecer pouco, refletir sobre
as seguintes palavras de Anselm Grün pode nos fazer mudar de opinião. Ele
escreveu: "a existência humana está atrelada a um medo primordial que até
a psicologia é incapaz de dissolver. É o medo causado pela finitude do ser, o
medo de não ter direito à existência, de não estar fundado dentro de si mesmo,
mas de depender das outras pessoas". Nesse sentido, se saber ouvir e
interpretar os sinais que a natureza nos envia pode ser vital - o ser humano já
fez isso com muito mais propriedade em tempos que não eram tão líquidos e
efêmeros quanto os atuais - saber ouvir, alscultar e interpretar os sinais que
a nossa própria natureza nos comunica pode ser ainda mais crucial. Cada ser
humano é singular e único em meio aos bilhões de sua espécie que habitam o planeta,
e traz consigo disposições e aptidões, tendências e inclinações que requerem
atenção diferenciada. Elas atuam como uma espécie de "bússola", que
nos orienta o tempo todo indicando o norte de nossa vida e os rumos de nossa
jornada. Mas é preciso que estejamos atentos. O mesmo Grün nos lembra que
"não é natural e automático que nossa vida dê certo. Tornar-se humano
significa preocupar-se em viver a própria vida, ter um olhar profundo para tudo
que se formou em mim, para a história de minha vida, para minhas inclinações,
bem como aprender a escutar atentamente os impulsos internos através dos quais
Deus me mostra o que espera de mim e como minha vida pode desabrochar. Isso -
conclui Grün - não é outra coisa senão a autorrealização do serviço humano".
Se
os conceitos de "vocação" e de "autorrealização" se
encontram inextrincavelmente conectados, é preciso ainda estar atento a uma
particularidade envolvendo o nosso processo de autorrealização que pode
facilmente nos passar desapercebida. Quem sobre isso nos adverte é Karim
Khoury. De acordo com ele nossa autoestima -
e com ela nosso grau de satisfação, qualidade de vida e realização -
pode variar e muito em função do aspecto ou área de nossa vida que é avaliado,
assim como da importância que atribuímos a ele. Ora, é notório que a absoluta
maioria das pessoas atribuem ao sucesso e à realização profissional um peso e
uma importância muito superiores àqueles que são atribuídos aos demais aspectos
e áreas de suas vidas. Até certo ponto e limite, como já vimos, isso é
compreensível, em razão da urgência e pressão que nossas necessidades primárias
e imediatas de sobrevivência exercem sobre nós. Passa a ser ilógico e
irracional quando esse ponto e esse limite se transformam em fanatismo e obsessão, fazendo com que outros
aspectos e áreas, tão importantes quanto, ou até mais, passam a ser
negligenciados e receber um mínimo de cuidado e de atenção. "Fanático é
aquele que perdeu de vista o seu ideal, e se desdobra em esforços para
alcançá-lo", nos lembra John Powell. Sucesso profissional" e
"sucesso na carreira" certamente tendem a trazer "realização
pessoal", mas ambos são apenas um dos fatores ou quesitos que o conceito
de "autorrealização" pressupõe e exige, justamente por ser um
conceito muito mais amplo e complexo que os demais.
Na
prática isso significa que qualquer um de nós pode ser um verdadeiro Bill Gates
ou um Steven Jobs no campo da realização profissional e de carreira, e um
tremendo fracassado no campo amoroso e sentimental, por exemplo. Isso para
ficarmos apenas em um dos aspectos de nossa vida que é potencialmente capaz de
rebaixar a autoestima e a qualidade de vida de uma pessoa a níveis precários e
por vezes insuportáveis, quando há uma percepção e um sentimento de fracasso
nessa área. Assassinatos e suicídios por questões afetivas, amorosas e
sentimentais disputam palmo a palmo os espaços midiáticos com os crimes mais
hediondos que se possa imaginar, muitas vezes envolvendo pessoas públicas,
profissionalmente gabaritadas e muito bem sucedidas. Pais, avós e cuidadores
precisamos portanto estar muito atentos não só na "criação" de nossos
filhos e netos, mas também e sobretudo na "formação" e
"orientação" que a eles dispensamos. "Vocação" não é um
conceito a ser trabalhado com responsabilidade e afinco apenas e tão somente
quando se trata da vida religiosa, ministerial ou sacerdotal. Se a
"profissão" é o meio, "vocação" é o rumo, a direção. Parafraseando Einstein - ou Leibniz como
querem alguns - "a profissão sem a vocação é cega, a vocação sem a
profissão é paralítica". Como ser multifacetado que é, o ser humano não se
satisfaz e muito menos "se realiza" apenas com aquilo que uma exitosa
profissão ou carreira podem lhe proporcionar. Como muito bem sugeriu Leonardo
Boff, em "A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana",
"somos águias, nascemos, crescemos e teremos sempre um coração de águia, e
não de galinha! Jamais nos contentaremos com os grãos que nos forem jogados ao
chão para ciscar".
P.S.: Dedico essa reflexão a todos
aqueles e aquelas que buscam ocupar sua missão no mundo e seu papel no planeta
em busca da realização de si e do bem de todos os demais, e em especial aos
formadores, formandos, já formados, e em
vias de formação da Escola de Formação Diaconal Santo Estevão, de Cachoeiro do
Itapemirim, ES, com quem - um bom número deles - eu e meu nhã companheira
Margareth de Oliveira KUSTER pudemos ter a alegria e a satisfação de
compartilhar nossas próprias buscas, bem como acompanhar um pouco mais de perto
as buscas de cada um deles.
P.S.: dedico essa reflexão a todos aqueles
e aquelas que buscam ocupar sua missão no mundo e seu papel no planeta em busca
da realização de si e do bem de todos os demais, e em especial aos
formadores, formandos, já formados, e em
vias de formação da Escola de Formação Diaconal Santo Estevão, de Cachoeiro do
Itapemirim, ES, com quem - um bom número deles - eu e minha companheira
Margareth de Oliveira KUSTER pudemos ter a alegria e a satisfação de compartilhar
nossas próprias buscas, bem como acompanhar um pouco mais de perto as buscas de
cada um deles.
(*) Texto
enviado pelo autor, via whatsapp, Viitória (ES).
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