REFLEXÃO DOMINICAL I
CRISTO,
A VIDEIRA. NÓS, OS SEUS RAMOS
“Eu sou a videira, vós os ramos. Quem
permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15, 5), lemos no
Evangelho da Missa. Jesus emprega a imagem da videira e dos ramos num sentido
totalmente novo. Cristo é a verdadeira videira, que comunica a sua própria vida
aos ramos. É a vida da graça que flui de Cristo e se comunica a todos os
membros do seu Corpo, que é a Igreja: sem essa seiva nova, esses membros não produzem
fruto algum, pois estão secos, mortos. É uma vida de valor tão alto que Jesus
derramou até a última gota do seu sangue para que pudéssemos recebê-la. O
Senhor Jesus nos faz participar da própria vida divina! Quando somos batizados,
dá-se uma transformação no mais profundo do nosso ser: é como se nascêssemos de
novo, tornamo- -nos filho de Deus, irmãos de Cristo e membros do seu Corpo que
é a Igreja. Esta vida nova chega até nós e se fortalece especialmente pelos
sacramentos, que o Senhor quis instituir para que a Redenção pudesse chegar a
todos os homens de uma maneira simples e acessível. Nesses sete sinais eficazes
da graça encontramos Cristo, o manancial de todas as graças. “Todo ramo que não
der fruto em mim, ele o cortará; e todo aquele que der fruto, ele o podará para
que dê mais fruto (Jo 15, 2). O cristão que inutiliza os canais pelos quais lhe
chega a graça – a oração e os sacramentos – fica sem alimento para a sua alma,
e então, a sua esterilidade é total, pois não dá nenhum fruto. A vontade do
Senhor, no entanto, é que demos fruto e o demos abundantemente (cfr. Jo 15, 8).
É por isso que Ele poda o sarmento. É interessante observar que o Senhor
utiliza o mesmo verbo para falar da poda dos ramos e, logo a seguir, da limpeza
dos seus discípulos: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho
anunciado” (Jo 15, 3). Ao pé da letra, a tradução poderia ser esta: “E todo
aquele que der fruto, ele o limpará para que dê mais fruto”. Temos que dizer
sinceramente ao Senhor que estamos dispostos a deixar que Ele arranque tudo o
que em nós for obstáculo à sua ação: defeitos do caráter, apegos ao nosso
critério ou aos bens materiais, respeitos humanos, pontos de comodismo ou de
sensualidade...; que estamos decididos, ainda que nos custe, a deixar-nos limpar
de todo esse peso morto, porque queremos dar mais frutos de santidade e de
apostolado. Jesus ensina outra consequência dessa imagem: a vida de união com o
Senhor ultrapassa o âmbito pessoal e manifesta-se no modo de trabalhar, no
convívio com os colegas, nas atenções para com a família..., em tudo. Uma vez
que Cristo é “a fonte e origem de todo o apostolado da Igreja, torna-se
evidente que a fecundidade do apostolado dos leigos depende da sua união vital
com Cristo. Pois é o Senhor quem diz: Quem permanece em mim e eu nele, esse dá
muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15, 5). Esta vida de união
íntima com Cristo na Igreja alimenta- -se de auxílios espirituais comuns a
todos os fiéis... Os leigos devem servir-se de tal sorte desses auxílios que,
enquanto cumprem com esmero as suas obrigações no meio do mundo, nas condições
ordinárias da vida, não separem a união com Cristo da sua vida privada, mas
cresçam intensamente nessa união, realizando as suas tarefas segundo a vontade
de Deus” (Concílio Vaticano II, Apostolicam actuositatem, n. 4). Estamos dando
os frutos que Jesus espera de nós? Os nossos amigos têm-se aproximado de Deus,
por nosso intermédio? Damos frutos de paz e de alegria no meio daqueles com
quem mais convivemos? São perguntas que po¬de¬riam ajudar-nos a concretizar
algum propósito neste domingo.
Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São
Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-30-5o-domingo-de-pascoa.pdf
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