sexta-feira, 26 de abril de 2024

REFLEXÃO DOMINICAL I CRISTO, A VIDEIRA. NÓS, OS SEUS RAMOS

 

REFLEXÃO DOMINICAL I

CRISTO, A VIDEIRA. NÓS, OS SEUS RAMOS

“Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15, 5), lemos no Evangelho da Missa. Jesus emprega a imagem da videira e dos ramos num sentido totalmente novo. Cristo é a verdadeira videira, que comunica a sua própria vida aos ramos. É a vida da graça que flui de Cristo e se comunica a todos os membros do seu Corpo, que é a Igreja: sem essa seiva nova, esses membros não produzem fruto algum, pois estão secos, mortos. É uma vida de valor tão alto que Jesus derramou até a última gota do seu sangue para que pudéssemos recebê-la. O Senhor Jesus nos faz participar da própria vida divina! Quando somos batizados, dá-se uma transformação no mais profundo do nosso ser: é como se nascêssemos de novo, tornamo- -nos filho de Deus, irmãos de Cristo e membros do seu Corpo que é a Igreja. Esta vida nova chega até nós e se fortalece especialmente pelos sacramentos, que o Senhor quis instituir para que a Redenção pudesse chegar a todos os homens de uma maneira simples e acessível. Nesses sete sinais eficazes da graça encontramos Cristo, o manancial de todas as graças. “Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e todo aquele que der fruto, ele o podará para que dê mais fruto (Jo 15, 2). O cristão que inutiliza os canais pelos quais lhe chega a graça – a oração e os sacramentos – fica sem alimento para a sua alma, e então, a sua esterilidade é total, pois não dá nenhum fruto. A vontade do Senhor, no entanto, é que demos fruto e o demos abundantemente (cfr. Jo 15, 8). É por isso que Ele poda o sarmento. É interessante observar que o Senhor utiliza o mesmo verbo para falar da poda dos ramos e, logo a seguir, da limpeza dos seus discípulos: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho anunciado” (Jo 15, 3). Ao pé da letra, a tradução poderia ser esta: “E todo aquele que der fruto, ele o limpará para que dê mais fruto”. Temos que dizer sinceramente ao Senhor que estamos dispostos a deixar que Ele arranque tudo o que em nós for obstáculo à sua ação: defeitos do caráter, apegos ao nosso critério ou aos bens materiais, respeitos humanos, pontos de comodismo ou de sensualidade...; que estamos decididos, ainda que nos custe, a deixar-nos limpar de todo esse peso morto, porque queremos dar mais frutos de santidade e de apostolado. Jesus ensina outra consequência dessa imagem: a vida de união com o Senhor ultrapassa o âmbito pessoal e manifesta-se no modo de trabalhar, no convívio com os colegas, nas atenções para com a família..., em tudo. Uma vez que Cristo é “a fonte e origem de todo o apostolado da Igreja, torna-se evidente que a fecundidade do apostolado dos leigos depende da sua união vital com Cristo. Pois é o Senhor quem diz: Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15, 5). Esta vida de união íntima com Cristo na Igreja alimenta- -se de auxílios espirituais comuns a todos os fiéis... Os leigos devem servir-se de tal sorte desses auxílios que, enquanto cumprem com esmero as suas obrigações no meio do mundo, nas condições ordinárias da vida, não separem a união com Cristo da sua vida privada, mas cresçam intensamente nessa união, realizando as suas tarefas segundo a vontade de Deus” (Concílio Vaticano II, Apostolicam actuositatem, n. 4). Estamos dando os frutos que Jesus espera de nós? Os nossos amigos têm-se aproximado de Deus, por nosso intermédio? Damos frutos de paz e de alegria no meio daqueles com quem mais convivemos? São perguntas que po¬de¬riam ajudar-nos a concretizar algum propósito neste domingo.

 Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-30-5o-domingo-de-pascoa.pdf

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