REFLEXÃO DOMINICAL I
AMAI-VOS
UNS AOS OUTROS
Estamos no tempo
litúrgico da Páscoa. Todo este período é uma profunda celebração da Páscoa de
Cristo, que passa da morte à vida. É também a Páscoa da Igreja, Corpo de
Cristo, que passa para a vida nova em Cristo. É um tempo que prolonga a alegria
inigualável da ressurreição e aguarda a vinda do Espírito Santo. Neste domingo
somos chamados a acolher aquela que é a essência da vida de Deus, e nossa, o
amor. O Pai ama o Filho comunicando-lhe o Espírito Santo. Jesus nos ama
profundamente e nos dá o seu Espírito, tornando- -nos seus amigos, para que
vivamos e façamos o que ele mesmo viveu e fez. Na Trindade formamos a
comunidade, pois é o amor que gera comunidade, na unidade vivemos a comunhão.
Amar é nossa vocação e missão. Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (At
10,25-26.34-35.44- 48) temos a conversão do centurião Cornélio, um homem justo
e temente a Deus. O anúncio do Evangelho se amplia, é endereçado ao mundo todo,
a todos os povos. Pedro reconhece sua pequenez e com humildade diz: “estou
compreendendo que Deus não faz discriminação entre as pessoas”. Como discípulos
e discípulas do Senhor devemos vencer todos os preconceitos que impedem outros
de serem acolhidos no projeto de Deus, experimentar a sua misericórdia, e o seu
amor. Não existem fronteiras nem limites para o amor de Deus, que aceita quem o
teme e pratica a justiça. A salvação é aberta para todos os povos e nações. No
Evangelho de João (Jo 15, 9-17) encontramos o mandamento maior, pois é preciso
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Chamados a
permanecer em Cristo, necessariamente temos que ir ao encontro dos outros:
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Quanto é
maravilhoso viver amorosamente em comunidade, na comunhão entre irmãos e irmãs.
O Pai ama o Filho, o Filho nos ama, logo, devemos amar-nos uns aos outros. O
amor é a base e o fundamento que dá unidade a todo o corpo, somos o Corpo de
Cristo. De fato, “ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida por seus
amigos”. Trata-se de um amor imensurável, sem interesses, desprendido, a
serviço de cada irmão e da comunidade. Em Jesus, que nos amou e nos escolheu
para produzir bons frutos, somos chamados a amar e a nos entregar sem medidas
para a salvação de todos. A segunda leitura (1Jo 4,7-10) nos recorda que somos
os filhos amados de Deus, logo, “amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de
Deus”. O amor gera amor, produz vida, cria novas relações de amor verdadeiro.
Somos filhos do mesmo Pai, em Cristo. Somos chamados a viver o amor recíproco
porque a fonte do amor é o próprio Deus. Quem é filho de Deus já recebeu o dom
do amor que lhe permite amar os irmãos e também conhecer o próprio Deus. E o
maior gesto de amor de Deus foi ter enviado o seu Filho ao mundo para nos
salvar e dar a vida por amor. Em que consiste, pois o amor, senão que Ele
“enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados”? Portanto,
amar a Deus e amar uns aos outros são faces da mesma realidade, complementares
e essenciais, para compreender que, sem amor, nada somos, nada seremos.
Dom Angelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo Auxiliar de São
Paulo
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