REFLEXÃO
II: Homilia para a Solenidade de Corpus Christi – Pe. Françoá Costa
Uma das inteligências mais
privilegiadas da história do pensamento humano foi, sem dúvida, Santo Tomás de
Aquino; já em vida, teve um enorme prestígio. A sua obra filosófica e teológica
continua sendo uma referência obrigatória. Quando o Papa Urbano IV lhe propôs
ser cardeal, Fr. Tomás não quis aceitar tal dignidade. O Papa perguntou-lhe se
recusava o título por razões de humildade, ao que Tomás de Aquino respondeu:
“-Não, Santo Padre. Na verdade, eu desejo algo maior”. O Papa surpreendido
disse: “-Você quer ser Papa?”. Então Santo Tomás manifestou o seu desejo: “-O
que eu quero é que a festa de Corpus
Christi se estenda a toda a Igreja”. O Papa, antes de
responder, ficou um pouco meditativo; depois lhe disse: “-Pedis muito, Tomás,
mas o farei se me prometerdes encarregar-vos da composição da liturgia da
festa”. E assim foi! A festa de Corpus Christi começou a celebrar-se em toda a
Igreja Católica por meio da Bula Transiturus,
de Urbano IV, do dia 8 de setembro de 1264, e os belíssimos textos que a
liturgia da Igreja tem para essa solenidade, tanto na Missa como na Liturgia
das Horas, foram escritos por esse grande Santo.
No dia de hoje, ao
participarmos da Santa Missa e sairmos às ruas em Procissão, façamo-lo com fé,
com amor, com devoção, com dignidade, em espírito de adoração. Sejamos
esmeradamente cuidadosos com o Corpo e o Sangue de Deus. Somente se soubermos
cuidar o Corpo Eucarístico do Senhor, cuidaremos da maneira que convém do Corpo
Místico de Cristo, que é a Igreja, e dos nossos irmãos numa verdadeira
fraternidade e solidariedade. Dediquemos ao culto eucarístico os nossos
melhores esforços, os melhores ornamentos, os melhores cálices, os melhores
cantos. Tudo para Deus!
Como outrora, Jesus nos recebe
e nos fala do Reino, cura as nossas enfermidades e nos dá de comer (cfr. Lc
9,11-17). No Sacramento da Eucaristia podemos experimentar essa realidade: Deus
está não somente perto de nós, mas dentro de nós. “O Senhor esteja convosco” –
nos diz o sacerdote em cada celebração da Eucaristia. Agradecemos a Deus pela
sua presença, pelo seu amor, pela sua misericórdia, pela sua amizade?
Recordemos: no momento em que o
sacerdote pronuncia as palavras da consagração sobre o pão e o vinho, esses
elementos se convertem no Corpo e no Sangue adoráveis de Jesus Cristo. Depois
da consagração já não há mais pão, há somente o Corpo de Cristo; não há mais
vinho, mas tão somente o Sangue de Cristo. Junto com Jesus, se fazem presentes
o Pai e o Espírito Santo porque onde está uma Pessoa da Santíssima Trindade
estão as outras duas. Na espécie do pão está todo o Cristo, na do vinho também. Em
cada fragmento das espécies do pão e em cada gota da espécie do vinho está
Cristo inteiro. Quem comunga somente a espécie do pão, recebe também o seu
Sangue e toda a realidade que comporta esse sacramento; quem recebe somente a
espécie do vinho, recebe também todo o Cristo. Ao partir-se a hóstia, não
partimos a Cristo, pois não se trata de uma presença física de Cristo, mas de
uma presença misteriosa, que a teologia chama de presença substancial.
Diante da presença de Jesus
Cristo, sejamos educados, corteses, elegantes. Ao entrar na igreja, não nos
esqueçamos de usar um pouco da água benta disposta nas paróquias para esse fim,
a água benta nos lembra o nosso batismo e nos livra das ciladas do demônio. Em
seguida, procuremos onde está o Sacrário e façamos uma genuflexão pausada
diante do nosso Deus; que seja uma genuflexão bem feita, isto é, dobrando
joelho direito até o chão (não é jeitoso benzer-se ao mesmo tempo, primeiro se
faz a genuflexão e depois se benze, ou ao contrário). Não conversemos dentro da
Igreja, caso seja necessário falar algo com alguém, façamo-lo em voz baixa. É
de boa educação chegar uns minutinhos antes na Missa, dessa maneira
manifestamos que nós esperamos a Jesus. Escutemos com atenção as leituras. Às
palavras da consagração, está previsto que nos ajoelhemos e não que fiquemos de
pé (a não ser que haja alguma causa justa; neste caso, pelo menos façamos uma
“inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração”);
caso se receba a comunhão de pé, é bom fazer alguma reverência antes de
recebê-la. Depois da comunhão, não nos esqueçamos de dar graças a Deus,
normalmente se recomenda pelo menos uns 10 minutinhos em oração depois de
comungar. Também seria muito bom se nos acostumássemos a fazer visitas a Jesus
no Sacrário, pois frequentemente o Senhor está muito sozinho nos Sacrários das
nossas igrejas e, além do mais, ele está aí por você e por mim. Enfim, tenho
certeza que o amor a Deus que está em nossos corações nos sugerirá outros
detalhes de carinho para com Jesus na Santíssima Eucaristia. Quem ama é
criativo!
Pe. Françoá Rodrigues
Figueiredo Costa
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