segunda-feira, 29 de julho de 2024

iii-Liturgia do 17.º Domingo do Tempo Comum– Ano B

 

 

 

iii-Liturgia do 17.º Domingo  do Tempo Comum– Ano B

- Na primeira leitura, o milagre de Eliseu é uma prefiguração do sinal realizado por Jesus: a multiplicação dos pães. Esse sinal aponta para uma realidade maior, a Eucaristia. Nutridos por um só pão, o Corpo do Senhor, formamos um só corpo místico de Cristo. Essa realidade é o fundamento da comunhão e da prática cristã mencionada aos Efésios, quando Paulo exorta os fiéis a "conservar a unidade do espírito no vínculo da paz". Essa comunhão é ação de Deus em nós e se traduz em serviço que ultrapassa as fronteiras da Igreja como instituição. Estamos a serviço da construção do mundo fraterno, não importa quão pequenos sejamos ou com quão pouco tenhamos a contribuir.

 - No Evangelho, Jesus realiza o sinal do pão, muito significativo para a compreensão de sua identidade e missão. O ambiente em que a cena se desenrola é importante para a compreensão da importância e do alcance da mensagem veiculada por esse sinal. A Páscoa estava próxima, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Estes três elementos mostram Jesus como o Mestre. A montanha é o lugar da revelação divina, onde Moisés recebeu a Lei, a instrução para o povo. O sentar-se é atitude própria do mestre quando vai ensinar seus discípulos. A menção à Páscoa indica o ensinamento novo de Jesus por meio do sinal do pão.

- Jesus instrui os discípulos sobre como resolver o problema de alimentar a multidão. Primeiramente, o que Jesus ressalta é o reconhecimento do que é ofertado: é pouco, mas há docilidade para a oferta. O ofertante é anônimo, o que pressupõe que qualquer pessoa pode ofertar algo a Deus e, assim, mediar a ação de Deus em prol da salvação do mundo. O sinal apresentado é a Eucaristia, retratada nas palavras da tradição: "tomou os pães e, depois de ter dado graças, os distribuiu".

- A distribuição do pão feita pelos discípulos significa que eles devem difundir o que receberam do Senhor: o Batismo, representado pelo "peixe", e a Eucaristia, "os pães". Essas realidades sacramentais são a fonte da pertença à comunidade e da vida cristã. Após se fartarem, os discípulos juntaram 12 cestos, o suficiente para alimentar todo o Israel, a quem deveria ser primeiramente anunciado o Evangelho. E nada poderia se perder, ou seja, a vontade de Deus é que ninguém se perca.

- Ainda hoje se faz necessário entender esse sinal para compreender a vida e missão de Jesus, que condensou a sua vida no sinal do pão. Como o trigo é triturado para fazer o pão, Jesus é o trigo triturado que gera vida plena. Sua oferta de vida, sua entrega plena na cruz, é sinal do amor de Deus pela humanidade. Por isso, Batismo e Eucaristia são oferecidos a todos como caminho para a salvação. Por eles, somos inseridos no mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus. Somos feitos participantes dessa entrega por amor que gera vida plena. Jesus triturou sua vida, ofertando-a no pão. Somos chamados, pela participação na Eucaristia, a fazer o mesmo: ofertar nossa vida para que ninguém se perca, mas que todos ressuscitem no último dia.

- Na primeira leitura vimos que os pães que o homem trouxe para Eliseu eram uma oferenda a Deus a ser entregue pelas mãos do profeta. Eram pães feitos com as primícias, isto é, com os primeiros e melhores grãos da colheita. O profeta ordena que o ofertante distribua os pães. O homem reconhece que tem tão pouco para ofertar e há tanta gente para alimentar. O profeta reitera a ordem assegurando que Deus fará com que todos sejam saciados e ainda sobrará. A palavra dita pelo profeta foi cumprida quando o ofertante mudou o foco dos próprios pensamentos: deixou de centralizar-se na consideração do pouco que tinha e passou a confiar na ação de Deus. Os sábios de Israel viram nessa passagem bíblica não apenas a providência de Deus, mas a importância da participação humana na obra conjunta com Ele. A partilha é a efetivação da vocação humana à comunhão fraterna. Todo gesto de partilha não passará sem uma resposta de Deus.

- No capítulo 4 da carta aos Efésios encontramos a exortação sobre a vida cristã na prática. Os cristãos devem levar uma vida digna da vocação que receberam: serem outro Cristo. "Suportai-vos uns aos outros no amor" significa que o amor ao próximo deve ser vivido para que ninguém venha a cair. "Pelo vínculo da paz" quer dizer que o Shalom é o elo no mesmo ideal, pois formamos um só corpo. O egoísmo sequestra a dignidade da vocação à comunhão, que se efetiva em gestos concretos no dia a dia.

- Aquele que faz autêntica experiência com Deus torna-se mais preocupado com o ser humano e mais dócil à ação divina. Quem tem verdadeiro encontro com Ele põe-se a seu serviço em favor do próximo. A mesquinharia, o egoísmo e o indiferentismo são sinais de que a pessoa está longe de ser religiosa, ou seja, de estar ligada a Deus. Aproximar-se da Mesa Eucarística com um coração indiferente às necessidades alheias é uma ofensa à misericórdia de Deus

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