VIII-REFLEXÃO
DOMINICAL III
DEUS É COMPAIXÃO E
TERNURA
A
cada encontro com os padres da porção da Arquidiocese a mim confiada como bispo
auxiliar sou grato com os relatos inspiradores de seus feitos que são tantos.
Cada um contribui de acordo com suas capacidades, e é isso que me faz lembrar
das palavras de Antoine de Saint-Exupéry, “é preciso exigir, de cada um, o que
cada um pode dar, a autoridade repousa sobre a razão”. Por vezes, diante da
correria e do trabalho realizado com afinco, surge em mim uma preocupação com a
saúde física, psíquica e espiritual desses dedicados pastores. Sempre os
aconselho a fazerem pausas, a descansarem, a participarem de retiros para
renovarem suas forças, de modo a continuarem com vigor o seu pastoreio e
missão. Por vezes me deparo com respostas que refletem as urgências do
ministério: a impossibilidade de uma folga devido a condução de exéquias,
visitar um paroquiano enfermo para rezar e administrar a unção dos enfermos, ou
ainda prestar socorro em momentos de emergência, como incêndios em favelas. São
muitos os gritos da multidão clamando um pastoreio. Nesse momento, o que dizer?
É necessário descansar, contemplar e ter compaixão! Essas e outras situações me
ajudam a refletir a liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum, que nos lembra da
presença constante e amorosa de Deus em nossas vidas, como um pastor cuidadoso,
que conhece cada uma de suas ovelhas pelo nome e se preocupa profundamente com
o bem-estar delas. Na leitura do profeta Jeremias (Jr 23,1-6), somos
apresentados a um Deus compassivo, que promete reunir seu rebanho disperso e
dar-lhes pastores segundo o seu coração. Este Deus não se esquece das ovelhas
perdidas e sofredoras, estendendo sua mão salvadora para cuidar das feridas,
fortalecer os fracos e guiar as ovelhas perdidas e guiando-as de volta ao
redil. O Salmo responsorial (Sl 22) reforça essa mensagem de confiança e
esperança na misericórdia divina, “Sois meu refúgio, Senhor; daime a alegria da
vossa salvação,” lembrando-nos que, em Deus, encontramos um refúgio seguro
contra as tempestades da vida. No Evangelho, Jesus, mesmo em busca de um
momento de descanso para seus discípulos após uma intensa atividade
evangelizadora, acolhe as multidões famintas e sedentas por ouvir as Palavras
de vida que Ele proclama, vendo nelas não apenas uma multidão faminta, mas
almas sedentas de esperança e de amor. Ele os ensina, cura e alimenta,
mostrando que o Reino de Deus está próximo. Jesus é o Bom Pastor que conhece
suas ovelhas e se sacrifica por elas. Que possamos ser verdadeiros pastores uns
dos outros, cuidando com zelo e orientando aqueles que Deus colocou em nosso
caminho. Que a graça de Deus fortaleça e nos impulsione para viver segundo o
exemplo do Bom Pastor, Jesus Cristo, nosso Senhor. Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar de São Paulo.
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