VII- REFLEXÃO DOMINICAL II
"O CÉU
DE MARIA!"
Nesse Domingo a Igreja celebra a festa da Assunção de Nossa
Senhora..
Maria foi assunta ao céu, elevada para junto de Deus em corpo e
alma. Se Jesus nos abriu as portas do céu que estavam fechadas, Maria foi o
primeiro ser vivente a entrar por ela. Na verdade, em Maria os Filhos
degredados de Eva puderam sentir o “gostinho” da volta ao Paraíso e viver de
novo na plenitude da comunhão com Deus, como era antes do pecado original. Na
vida de Maria, desde o seu nascimento, até a sua “dormição” como preferem
denominar o término da sua vida terrena os católicos ortodoxos, a gente vai
aprendendo que o céu, dom de Deus, é também uma conquista do homem.
A partir de Jesus nos tornamos todos combatentes “Pois é preciso
que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo dos seus pés. O
último inimigo a ser derrotado é a morte” afirma o apóstolo Paulo na segunda
leitura desse domingo em 1Cor 15, 20-27, mostrando-nos que a conquista do céu
vai acontecendo na medida em que, em nossa caminhada vamos combatendo e
destruindo as forças do mal, que querem nos levar à morte, para longe de Deus e
do seu Paraíso, que é o nosso destino glorioso.
É assim que a vitória de Cristo vai sendo confirmada, pois
quando falamos que o céu é dom que Deus nos concede, estaríamos sendo ingênuos
se imaginarmos que podemos conquistá-lo sem nenhum esforço. Mas o que mais nos
surpreende nessa liturgia Mariana é a bela visão apocalíptica de João na
primeira leitura, que vê no céu o sinal de uma mulher Guerreira, destemida e
Vitoriosa, imagem que a Igreja atribuiu a Maria, pois para chegar vitoriosa no
céu, Maria foi também vitoriosa na terra, aliás, a partir da obra que Deus
realizou em Maria, o céu desceu a terra. “Uma mulher vestida de sol, tendo a
lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.
A visão do mal sempre é aterradora, mesmo em uma linguagem
simbólica e figurativa como a de João “Um Dragão de sete cabeças e dez chifres,
e sobre a cabeça sete coroas” Quem é que não se assusta diante de um bicho feio
como este, com tanta força e poder?! Quem é que não se assusta com o mal hoje
presente no mundo, marcado por tanta violência, medo, insegurança e o terror?
Mas no espaço do céu, que é o lugar de Deus, esse mal tem o poder limitado.
“Sua cauda varria apenas um terço das estrelas, atirando-as sobre a terra”, ou
seja, a força do bem presente em Maria, consegue neutralizar as forças
avassaladoras do mal. Mas quem é essa mulher ousada e vitoriosa, que chamamos
de Mãe?
No evangelho festivo da Festa da Assunção, na catequese de Lucas
percebemos algo encantador, que faz a diferença na vida de Maria, e que faz a
diferença nossa vida também: A Força do Espírito de Deus! Prestemos atenção nas
expressões verbais colocadas por Lucas, e que indicam uma ação imediata: Maria
partiu – dirigindo-se apressadamente – entrou na casa e cumprimentou Isabel.
Maria, essa mulher Guerreira e Vitoriosa, deixa-se mover no dinamismo do
Espírito de Deus. Sua vida pacata na pequena Nazaré passa por uma “sacudida”, a
partir de então, ela se moverá a partir do Espírito de Deus presente nela e que
irá impulsioná-la a sair de Nazaré e a sair de si mesma, abrindo-se cada vez
mais para Deus e os irmãos e Maria diante da revelação do anjo descobre a sua vocação
de servir “Eis aqui a serva do Senhor...”
Tudo começou quando ela se fez pequena diante de Deus, é aí que
o céu já começa a acontecer em sua vida. Quando os homens descobrem nessa vida
a vocação para o amor, o céu já se faz presente. A entrada de Maria no céu, na
Festa da Assunção, é apenas uma referência de sua glória, esta glória do Senhor
que a envolveu totalmente, fazendo-a viver para Deus, sem deixar de viver para
os irmãos. E quais são as conseqüências, na vida de Maria e em nossa vida,
quando nos deixamos mover pelo Espírito Santo presente em nós? Isso é fácil de
perceber nessa catequese de Lucas, olhando para a reação de Isabel - “Logo que
a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria em meu
ventre”. Quem é de Deus e a ele pertence e se entrega, transmite a paz
verdadeira, o Shalon que traz alegria.
Quando o evangelho narra que Maria saudou Isabel, não foi uma
saudação costumeira de Bom Dia ou Boa Tarde, mas sim a saudação desejando a
Paz. Maria é anunciadora da Paz e portadora da Salvação, pois ali, naquela
região montanhosa em casa de Israel, o Espírito de Deus transbordante em Maria,
preenche também a Isabel e lhe revela: Chegou o Salvador, Deus já está entre
vós! João dá cambalhotas no ventre de sua mãe e com ele a humanidade inteira
pode pular e cantar, dançar e extravasar sua alegria: Jesus já chegou! Chegou
através dos pobres e pequenos como Maria e Isabel.
Nossos sonhos e esperança de chegar a esse céu das plenitudes
como Maria, já começa a se tornar feliz realidade quando descobrimos a nossa
vocação para o amor e o serviço, tornando-nos também portadores dessa Paz e
alegria, que vem do Espírito de Deus presente em nós.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0369.htm#msg01
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