XII- DICAS DE LEITURAS
1. O QUE A IGREJA ENSINA SOBRE A MORTE
(Prof. Felipe Aquino)
A
Igreja ensina que, em consequência do pecado original, o homem deve sofrer “a
morte corporal, à qual teria sido subtraído se não tivesse pecado” (Gaudium et
Spes, 18; Gn 2,17). Não passaríamos pela morte como ela é hoje se não houvesse
o pecado.
A Igreja reconhece que “é diante da morte que
o enigma da condição humana atinge o seu ponto mais alto” (idem). São Paulo
ensina que “o salário do pecado é morte” (Rm 6, 23); é dele que advém todo
sofrimento da criatura humana; mas que para os que morrem na graça de Cristo, é
uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também de sua
Ressurreição (Rom 6, 3-9).
Embora o homem tivesse uma natureza mortal,
Deus o destinava a não morrer. “Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e
o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte
entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão” (Sab 2, 23).
A morte foi, portanto, contrária aos
desígnios de Deus criador e entrou no mundo como consequência do pecado; e será
o “último inimigo” do homem a ser vencido (1Cor 15,26).
A realidade inexorável da morte deve
recordar-nos de que temos um tempo limitado para realizar nossa vida:
“Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (…) antes que o pó volte à
terra de onde veio, e o sopro volte a Deus que o concedeu” (Eclo 12, 2.7).
Mas a morte foi transformada por Cristo.
Jesus, o Filho de Deus, sofreu Ele também a morte, própria da condição humana;
assumiu-a em um ato de submissão total e livre à vontade de seu Pai. A
obediência de Jesus transformou a maldição da morte em bênção (Rom 5, 19-21).
Por isso, graças a Cristo a morte cristã tem um sentido positivo. São Paulo
disse: “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1, 21). “Fiel é esta
palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos” (2Tm 2, 11).
O Catecismo ensina que “A novidade essencial
da morte cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente
“morto com Cristo” para viver uma vida nova; e, se morrermos na graça de
Cristo, a morte física consuma esse “morrer com Cristo” e completa, assim,
nossa incorporação a ele em seu ato redentor” (§1010).
Deus chama o homem a si em sua morte. São
Paulo estava certo disso: “O meu desejo é partir e estar com Cristo” (Fl 1,
23); então, o cristão deve transformar sua morte em um ato de obediência e de amor
ao Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23, 46). Santa Teresinha dizia: “Não morro,
entro para a vida”. A visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na
liturgia da Igreja: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas
transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo
imperecível”.
A morte encerra o “tempo de graça e de
misericórdia” que Deus oferece a cada um para realizar sua vida terrestre
segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Não existe
reencarnação; ensina a Igreja que: Quando tiver terminado “o único curso de
nossa vida terrestre” (LG, 48), não voltaremos mais a outras vidas terrestres.
“Os homens devem morrer uma só vez” (Hb 9,27).
Pela morte, a alma é separada do corpo, mas
na ressurreição Deus restituirá a vida incorruptível ao nosso corpo
transformado, unindo-o novamente à nossa alma (cf. Cat. §1016).
Que
é “ressuscitar”?
Na morte, que é separação da alma e do corpo,
o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que a sua alma vai ao encontro de
Deus, ficando à espera de ser novamente unida ao seu corpo glorificado. Deus na
sua onipotência restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos
corpos unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus. (Cat.
§997)
Todos os homens que morreram ressuscitarão.
“Os que tiverem feito o bem sairão para uma ressurreição de vida; os que
tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento” (Jo 5, 29; cf. Dn
12,2).
Cristo ressuscitou com o seu próprio Corpo:
“Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu!” (Lc 24, 39). Mas ele não voltou a
uma vida terrestre. Da mesma forma nele “todos ressuscitarão com seu próprio
corpo, que tem agora”, ensinou o IV Concílio do Latrão, (DS, 801); porém, este
corpo será “transfigurado em corpo de glória” (Fl 3,21), em “corpo espiritual”
(1Cor 15,44).
Quando
será a ressurreição?
O
Catecismo responde: Definitivamente no último dia (Jo 6, 39-40.44.54;11,24);
“no fim do mundo” (LG, 48). A ressurreição dos mortos está intimamente
associada à Parusia de Cristo (§1001).
A “Imitação de Cristo” nos ensina: “Em todas
as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se
tivesses de morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranquila, não terias
muito medo da morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não
estás preparado hoje, como o estarás amanhã?”
E São Francisco de Assis, no “Cântico das
Criaturas”, assim rezou:
“Louvado sejais, meu Senhor, por nossa irmã,
a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em
pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa santíssima
vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal”.
Prof.
Felipe Aquino
https://cleofas.com.br/o-que-a-igreja-ensina-sobre-a-morte/
2.
O Sentido da Morte Cristã
– Catecismo da Igreja Católica
1010 Graças a
Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. “Para mim, a vida é Cristo, e
morrer é lucro” (Fl 1,21). “Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele
viveremos” (2Tm 1,11). A novidade essencial da morte cristã
está nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente “morto
com Cristo”, para Viver de uma vida nova; e, se morrermos na graça de Cristo, a
morte física consuma este “morrer com Cristo” e completa, assim, nossa
incorporação a ele em seu ato redentor:
É bom para mim morrer em
(“eis”) Cristo Jesus, melhor do que reinar até as extremidades da terra. É a
Ele que procuro, Ele que morreu por nós: é Ele que quero, Ele que ressuscitou
por nós. Meu nascimento aproxima-se. (…) Deixai-me receber a pura luz; quando
tiver chegado lá, serei homem.
1011 Na
morte, Deus chama o homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em
relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: “O meu desejo é partir e
ir estar com Cristo” (Fl 1,23); e pode transformar sua própria morte em um ato
de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo:
Meu desejo terrestre foi
crucificado; (…) há em mim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim:
“Vem para o Pai”.
Quero ver a Deus, e para
vê-lo é preciso morrer.
Eu não morro, entro na
vida.
1012 A
visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja:
Senhor, para os que crêem
em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal,
nos é dado, nos céus, um corpo imperecível
1013 A
morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de
misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o
projeto divino e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado “o
único curso de nossa vida terrestre”, não voltaremos mais a outras vidas
terrestres. “Os homens devem morrer uma só vez” (Hb 9,27). Não existe “reencarnação”
depois da morte.
1014 A
Igreja nos encoraja à preparação da hora de nossa morte (“Livra-nos, Senhor, de
uma morte súbita e imprevista”: antiga ladainha de todos os santos, a pedir à
Mãe de Deus que interceda por nós “na hora de nossa morte” (oração da
“Ave-Maria”) e a entregar-nos a São José, padroeiro da boa morte:
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