VVIII-REFLEXÃO
DOMINICAL I
–ADVENTO:TEMPO DE FELIZ ESPERANÇA
Iniciamos
com a liturgia de hoje um novo ano litúrgico, bem como um novo tempo litúrgico:
o Advento, du- rante o qual a Igreja nos conduzirá para a celebração do
mistério de Cris- to, Filho de Deus, que veio entre nós para nos salvar.
Recordemos o Con- cílio Vaticano II: “A Santa Mãe Igreja considera seu dever
celebrar, em de- terminados dias do ano, a memória sagrada da obra de salvação
do seu divino Esposo. Em cada semana, ela distribui a totalidade do mistério de
Cristo, desde a Encarnação e o Natal, até à Ascensão, ao dia de Pentecos- tes e
à espera da feliz esperança do regresso do Senhor” (cf. SC, n. 102). Assim,
este novo tempo (kayrós) que iniciamos, é mais um convite a man- termos o olhar
voltado para Jesus, na esperança certa de sua vinda. Um tempo particularmente significativo
para o caminho espiritual que cada cristão pretende empreender não só em vista
do Natal do Senhor, mas de todo o ano novo que Ele nos dá para conduzi-lo sob a
égide da fé e na ora- ção. Este tempo não é um tempo pe- nitencial (como é o
tempo da quares- ma), mas um tempo de alegre expec- tativa, de uma alegre
esperança pela vinda do salvador que quis entrar na história. Neste percurso
litúrgico – denominado Ano C –, a Igreja propõe a leitura do Evangelho de
Lucas, cujo objetivo é claro desde o início: apre- sentar de forma pragmática a
razão do mistério de Jesus, o Filho de Deus e de sua encarnação para a salvação
da humanidade. Dessa forma, iniciamos o Advento indo ao encontro d'Aquele que
vem! E a atitude correta para este momen- to é a do salmista (24): “A vós, meu
Deus, elevo a minha alma”, “porque se aproxima a vossa libertação” (Lc 21,28).
O Advento deve começar com a elevação da nossa alma à Deus; não olhando o
passado como um “fantas- ma”, mas olhando firmes para o fu- turo, para um novo
caminho na gra- ça que Deus nos reserva neste novo tempo. Na liturgia da
Palavra do Pri- meiro Domingo do Advento, encon- tramos Jesus em Jerusalém que,
na pena do Evangelista Lucas, apresenta o discurso escatológico e insere as
passagens relativas à vinda do Filho do Homem e à vigilância, respectiva-
mente. Relatando a previsão de uma impressionante série de sinais que precedem
a vinda do Filho amado do Pai, o evangelista escreve: “Haverá si- nais no sol,
na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do
barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo só em pensar no que
vai acon- tecer ao mundo, por as forças do céu serão abaladas” (Lc 21,26).
Estes si- nais são antes de tudo de carácter cósmico e são parcialmente paralelos
aos que precedem a queda de Jeru- salém. Entretanto, os sinais premonitórios
dão lugar imediatamente ao aconte- cimento escatológico: “Então eles ve- rão o
Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e grande glória” (Lc 21,27).
Este evento escato- lógico é o sinal que precede imedia- tamente a vinda do
Filho do Homem; ao vê-los, os discípulos deverão mu- dar completamente de
atitude: deverão endireitar-se e erguer a cabeça porque a sua redenção se
aproxima. Para os seguidores de Jesus, os even- tos que precedem a vinda da
figura celeste não devem ser motivo de ter- ror, mas de esperança, porque são o
prelúdio de um acontecimento que marcará o seu triunfo. A “libertação”, ou
melhor, a redenção que conquis- tarão, consistirá no pleno cumpri- mento das
promessas feitas por Deus ao seu povo. Por fim, o evangelista Lucas relata o
apelo à vigilância e à esperança, propícios para o tempo do Advento. “Tende
cuidado para que os vossos corações não fiquem pesados com a dissipação, a
embriaguez e as preo- cupações da vida e que esse dia não caia sobre vós
inesperadamente; cai- rá como uma armadilha sobre todos os que vivem na face de
toda a terra”. Assim, o Advento, tem a finalidade de nos acompanhar passo a
passo rumo à memória da primeira vinda de Jesus na sua verdadeira carne, além
de nos animar para a Sua alegre vinda defini- tiva. Por isso, na alegria da
memória da primeira vinda do Senhor, aguar- damos com esperança a segunda vin-
da, quando Jesus “virá julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim”.
Portanto, vivamos nossa vida toda ela como Advento, na feliz espe- rança de que
a nossa vida é um en- contro com Aquele que vem. Que o nosso Advento seja um
encontro com o Cristo da fé, com Jesus de Nazaré, Aquele que veio para redimir
cada homem e cada mulher.
Dom Cícero Alves de França Bispo
Auxiliar de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46c-01-1o-domingo-do-advento.pdf
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