sábado, 30 de novembro de 2024

VIII-REFLEXÃO DOMINICAL I –ADVENTO:TEMPO DE FELIZ ESPERANÇA

 

VVIII-REFLEXÃO DOMINICAL I

 

 –ADVENTO:TEMPO DE FELIZ ESPERANÇA

 

Iniciamos com a liturgia de hoje um novo ano litúrgico, bem como um novo tempo litúrgico: o Advento, du- rante o qual a Igreja nos conduzirá para a celebração do mistério de Cris- to, Filho de Deus, que veio entre nós para nos salvar. Recordemos o Con- cílio Vaticano II: “A Santa Mãe Igreja considera seu dever celebrar, em de- terminados dias do ano, a memória sagrada da obra de salvação do seu divino Esposo. Em cada semana, ela distribui a totalidade do mistério de Cristo, desde a Encarnação e o Natal, até à Ascensão, ao dia de Pentecos- tes e à espera da feliz esperança do regresso do Senhor” (cf. SC, n. 102). Assim, este novo tempo (kayrós) que iniciamos, é mais um convite a man- termos o olhar voltado para Jesus, na esperança certa de sua vinda. Um tempo particularmente significativo para o caminho espiritual que cada cristão pretende empreender não só em vista do Natal do Senhor, mas de todo o ano novo que Ele nos dá para conduzi-lo sob a égide da fé e na ora- ção. Este tempo não é um tempo pe- nitencial (como é o tempo da quares- ma), mas um tempo de alegre expec- tativa, de uma alegre esperança pela vinda do salvador que quis entrar na história. Neste percurso litúrgico – denominado Ano C –, a Igreja propõe a leitura do Evangelho de Lucas, cujo objetivo é claro desde o início: apre- sentar de forma pragmática a razão do mistério de Jesus, o Filho de Deus e de sua encarnação para a salvação da humanidade. Dessa forma, iniciamos o Advento indo ao encontro d'Aquele que vem! E a atitude correta para este momen- to é a do salmista (24): “A vós, meu Deus, elevo a minha alma”, “porque se aproxima a vossa libertação” (Lc 21,28). O Advento deve começar com a elevação da nossa alma à Deus; não olhando o passado como um “fantas- ma”, mas olhando firmes para o fu- turo, para um novo caminho na gra- ça que Deus nos reserva neste novo tempo. Na liturgia da Palavra do Pri- meiro Domingo do Advento, encon- tramos Jesus em Jerusalém que, na pena do Evangelista Lucas, apresenta o discurso escatológico e insere as passagens relativas à vinda do Filho do Homem e à vigilância, respectiva- mente. Relatando a previsão de uma impressionante série de sinais que precedem a vinda do Filho amado do Pai, o evangelista escreve: “Haverá si- nais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo só em pensar no que vai acon- tecer ao mundo, por as forças do céu serão abaladas” (Lc 21,26). Estes si- nais são antes de tudo de carácter cósmico e são parcialmente paralelos aos que precedem a queda de Jeru- salém. Entretanto, os sinais premonitórios dão lugar imediatamente ao aconte- cimento escatológico: “Então eles ve- rão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e grande glória” (Lc 21,27). Este evento escato- lógico é o sinal que precede imedia- tamente a vinda do Filho do Homem; ao vê-los, os discípulos deverão mu- dar completamente de atitude: deverão endireitar-se e erguer a cabeça porque a sua redenção se aproxima. Para os seguidores de Jesus, os even- tos que precedem a vinda da figura celeste não devem ser motivo de ter- ror, mas de esperança, porque são o prelúdio de um acontecimento que marcará o seu triunfo. A “libertação”, ou melhor, a redenção que conquis- tarão, consistirá no pleno cumpri- mento das promessas feitas por Deus ao seu povo. Por fim, o evangelista Lucas relata o apelo à vigilância e à esperança, propícios para o tempo do Advento. “Tende cuidado para que os vossos corações não fiquem pesados com a dissipação, a embriaguez e as preo- cupações da vida e que esse dia não caia sobre vós inesperadamente; cai- rá como uma armadilha sobre todos os que vivem na face de toda a terra”. Assim, o Advento, tem a finalidade de nos acompanhar passo a passo rumo à memória da primeira vinda de Jesus na sua verdadeira carne, além de nos animar para a Sua alegre vinda defini- tiva. Por isso, na alegria da memória da primeira vinda do Senhor, aguar- damos com esperança a segunda vin- da, quando Jesus “virá julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim”. Portanto, vivamos nossa vida toda ela como Advento, na feliz espe- rança de que a nossa vida é um en- contro com Aquele que vem. Que o nosso Advento seja um encontro com o Cristo da fé, com Jesus de Nazaré, Aquele que veio para redimir cada homem e cada mulher.

 

Dom Cícero Alves de França Bispo Auxiliar de São Paulo

 

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46c-01-1o-domingo-do-advento.pdf

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