sexta-feira, 1 de novembro de 2024

XV-SANTO AGOSTINHO E A LUTA PELA CASTIDADE

 

 

XV-SANTO AGOSTINHO E A LUTA PELA CASTIDADE

Que Santo Agostinho enfrentava problemas para viver a castidade não é novidade para quase ninguém. Entretanto, nós somos católicos e não nos prendemos nas dificuldades, acreditamos no Deus do impossível! Acreditamos na santidade! Por isso nesse artigo meditaremos sobre o processo de Santo Agostinho na conquista da continência.

Santo Agostinho viveu um processo de conversão dessemelhante ao que estamos acostumados. Esse processo iniciou-se por uma inquietação, uma busca, a busca pela verdade.

Desde seus 19 anos, ao ler o livro Hortensius, de Cícero (obra da qual não se tem mais notícia), inquieto pelo o que escrevera o autor, Agostinho foi interiormente impelido a buscar a verdade. A verdade, por ela faria sentido viver, não por mais nenhuma coisa efêmera desse mundo.

Assim, Santo Agostinho passou a estudar filosofia. Juntou-se aos maniqueus, seita que adaptara Deus a sua crença dualista e materialista, mas desiludira-se com o bispo maniqueu Fausto, afundou-se então no ceticismo (que afirma ser preciso duvidar de tudo e que o homem nada pode compreender da verdade) com os acadêmicos, depois encontrou a filosofia dos neoplatônicos, nisso percebeu que existe sim uma verdade que pode ser contemplada através da luz natural da razão que consequentemente leva o homem a relacionar-se com Deus, que é a verdade. Até em fim, decorridos 14 anos Agostinho é tocado ao ouvir as pregações de Santo Ambrósio e começa a mergulhar na verdade que nos é revelada pela Santa Madre Igreja.

Em fim Agostinho tinha encontrado aquilo que ele tanto procurava, finalmente ele havia se encontrado com a verdade! Entretanto, isso não foi inicialmente suficiente para o fazer mudar de vida.

Você pode se perguntar: “Mas como assim? Ele ficou 14 anos nessa busca incessante e em fim encontrou o que procurava! Por que ele não deixou todas as suas mentiras para se conformar logo de uma vez com a verdade? ”

Sobre isso Santo Agostinho relata em suas confissões que ele era “dilacerado” por duas vontades contrastantes. Ele ouvia falar e via pessoas que se converteram e mudaram de vida, ele tinha o desejo de mudar, mas como ele mesmo relata:

“Também eu queria fazer o mesmo, porém era impedido, não por grilhões alheios, mas por minha própria vontade férrea. O inimigo dominava-me o querer e forjava uma cadeia que me mantinha preso. Da vontade pervertida nasce a paixão; servindo-se à paixão, adquire-se o hábito, e, não resistindo ao hábito, cria-se a necessidade. Com essa espécie de anéis entrelaçados, mantinha-me ligado à dura escravidão. A nova vontade apenas despontava; a vontade de servir-te e de gozar-te, ó meu Deus, única felicidade segura, ainda não era capaz de vencer a vontade anterior, fortalecida pelo tempo”. (Confissões VIII,5)

Agostinho era escravo de uma antiga vontade pervertida pelo mal. Agora, por conhecer a verdade, ele também desejava mudar de vida. Mas, foram tantas as vezes que Agostinho já havia cedido à sua vontade pervertida, ou seja, ao pecado, que isso se tornou um hábito, um vício. E mais do que um vício, uma necessidade que o mantinha prisioneiro do demônio.

“Assim também, quando a eternidade nos atrai para o alto, e o prazer temporal nos retém embaixo, é a mesma alma que quer este ou aquele objeto, porém sem vontade plena. Daí as angustiosas perplexidades que a dilaceram, pois preferiria a eternidade por sua verdade, mas o hábito não lhe permite deixar o prazer temporal”. (Confissões VIII, 10)

Aí está a importância de não ceder nenhuma vez ao pecado! Nesse artigo estamos expondo a realidade que Santo Agostinho enfrentou, onde uma de suas maiores lutas foi pela castidade, mas isso vale para qualquer tipo de pecado.

Não adianta falar, “vai ser só uma vezinha só”, “só vou ver um vídeozinho e só”, “só vou encontrar fulano ou fulana mais uma vez e coloco um fim nisso”. Será que vale a pena colocar o nosso Tudo em jogo por momentos de prazer momentâneo que tem raízes infernais?

Nas confissões de Santo Agostinho podemos ler as suas experiências, a dor que ele sentira ao se ver acorrentado aos seus vícios. Tomemos isso como um santo alerta! Não vamos dar brechas para nos acorrentarmos ao pecado pois, uma vez que isso acontece torna-se ainda mais difícil tornar-se livre novamente.

Assim como Santo Agostinho foi, nós também somos esse campo de batalha entre essas duas vontades que lutam, as da carne e as do espírito.

“Realizava-se essa disputa no íntimo do meu espírito; tratava-se de mim contra mim mesmo” (Confissões VIII,11)

E quando pecamos revelamos o quanto a nossa vontade de amar é fraca (apesar de já termos conhecido o Deus que se entregou por nós). Ainda mais se pecamos contra a castidade que é uma verdadeira guardiã do amor verdadeiro.

Nós sabemos que a luta pela virtude da castidade não é fácil, ainda mais no mundo obsceno e impuro de hoje, como dizia Santo Agostinho:

“O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara”. (Serm. 293)

Mas, não podemos esquecer que Deus nos quer santos!

“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3a)

Santidade é amar a Deus de todo o coração! A santidade é uma transformação no coração de uma pessoa, operada pela graça Divina que faz com que aquela pessoa ame a Deus com todo o coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a perfeição.

Deus não quer que sejamos santos por conta própria, isso é impossível! Ele quer que sejamos santo através dEle, é a graça que tudo opera!

Santo Agostinho não conquistou a castidade com as próprias forças. Sua luta foi árdua, ele sentia como se os vícios o desafiassem e escarnecessem dele:

“Ficava preso às mais insignificantes bagatelas, às vaidades das vaidades, minhas velhas amigas que me solicitavam a natureza carnal, murmurando: ‘Tu nos vais abandonar’? E também: ‘De agora em diante, nunca mais estaremos contigo’. E ainda: ‘De agora em diante não poderás mais fazer isso e aquilo’! E que pensamentos me sugeriam, meu Deus, ao dizerem: ‘Isto ou aquilo’” (Confissões VIII, 11)

Mas também percebia que a continência o exortava. Com relação aos santos exemplos das pessoas que levavam vida casta era como se ela dissesse:

“Foi por ventura pela própria força que o fizeram ou pela virtude de seu Deus e Senhor? Foi o Senhor Deus que me entregou a eles. Por que queres apoiar-te em ti mesmo, ficando sem apoio? Lança-te nele e não temas. Ele não fugirá de ti, e não cairás. Atira-te sem reservas, e ele te receberá e te curará” (Confissões VIII,11)

Era isso a única coisa necessária a se fazer: Lançar-se a Deus.

“Tu me ordenas a continência: concede-me o que me ordenas, e ordenas o que quiseres” (Confissões X,29)

No caso de Santo Agostinho, a graça e a aceitação da graça foi tanta que ele surpreendeu a todos. Até mesmo a própria mãe, Santa Mônica, mulher santa e de oração que conhecia os prodígios de Deus. Santo Agostinho além de ser purificado de suas impurezas se decidiu por viver o celibato. Ele consagrou-se a vida sacerdotal, tornou-se bispo, santo e doutor da Igreja! Se Santo Agostinho, após uma vida de imundícies, conseguiu ser fiel, por que você não conseguiria?

Que possamos nos lançar em Deus a fim de que não sejamos nunca mais escravos de nenhum pecado! Tomemos a decisão de viver a vontade de Deus, de lutar contra as nossas vontades contrastantes, na certeza de que o Senhor nos dá a graça de realizar tudo o que Ele nos ordena, e de que a vontade Divina é sempre: a melhor!

Santo Agostinho, rogai por nós!

 https://jovensdacruz.com.br/santo-agostinho-e-a-luta-pela-castidade/

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