IV- LITURGIA DO 15,º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C
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Na primeira leitura estamos diante de
um convite para aderir, com todo o coração e com todo o ser, às propostas e aos
mandamentos de Deus. No entanto, perguntavam os exilados: como encontrar o
caminho e descobrir o que Deus propõe? Como saber o que Deus quer de nós, de
modo que não voltemos mais à escravidão do pecado? Os teólogos deuteronomistas
estavam convencidos de que não é necessário procurar muito longe, nem no céu
(v. 12), nem no mar (v. 13), nem em qualquer outro lugar inacessível ao ser
humano. O caminho que Deus propõe não é escondido, misterioso ou reservado
apenas aos iniciados ou iluminados; é um caminho claramente inscrito no coração
e na consciência de cada pessoa. A mensagem apresentada, portanto, nos diz:
para compreender o projeto de salvação, de liberdade e de felicidade que Deus
tem para nós, basta olhar para o nosso próprio coração e para a nossa
consciência. É aí que Deus fala, e é aí que podemos escutar suas propostas e
orientações. Resta-nos estar disponíveis para escutar e discernir o que o
Senhor nos diz, e como Ele nos fala. Pode acontecer, porém, que nossos
interesses egoístas, nossas ambições, paixões, esquemas e projetos pessoais
abafem a voz de Deus e nos impeçam de ouvir suas propostas. Quais são, para
mim, essas outras "vozes" que calam a voz de Deus? Que lugar ocupam
em minha vida?
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A segunda leitura é um hino escrito
por Paulo, da prisão, para a comunidade de Colossos. Um hino que apresenta
Cristo como a referência fundamental, o centro em torno do qual se constrói a
história e a vida de cada crente. Embora o texto fuja um pouco da temática
geral das outras duas leituras, a catequese sobre a centralidade de Cristo nos
leva a refletir sobre a importância do que Ele nos diz no Evangelho de hoje. Se
Cristo é o centro a partir do qual tudo se organiza, devemos escutá-lo com
atenção e fazer do amor a Deus e ao próximo uma exigência fundamental do nosso
caminho de fé. Cristo deve ser o centro de nossas vidas, mas muitas vezes
deixamos que outros ocupem esse lugar: os bens materiais, as realizações
pessoais, o desejo desenfreado de poder e de possuir. Tudo isso nos afasta de
Deus e de seu Reino. - No Evangelho que acabamos de escutar, seguimos "a
caminho de Jerusalém", enquanto Jesus prepara os discípulos para serem
testemunhas do Reino após sua partida deste mundo. É nesse contexto pedagógico
que surge a parábola do Bom Samaritano. O que está em jogo no texto é a
pergunta feita por um mestre da Lei: "O que devo fazer para herdar a vida
eterna?" Ele mesmo responde: amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo. Jesus concorda, mas, querendo colocá-lo à prova, o
mestre pergunta: "E quem é o meu próximo?" Para responder, Jesus
narra a parábola do Bom Samaritano. Vale destacar que samaritanos e judeus, à
época, não se davam bem. Portanto, não é por acaso que o personagem positivo da
parábola seja um samaritano. Ao longo de uma estrada, ele encontra um homem
roubado e espancado por assaltantes. Antes dele, haviam passado por ali um
sacerdote e um levita, pessoas dedicadas ao culto de Deus, mas não pararam. O
único que socorre o ferido é justamente o samaritano, aquele considerado
estrangeiro e sem fé. O Bom Samaritano viu, sentiu compaixão e cuidou do homem.
Ser capazes de sentir compaixão: esta é a chave. Se, diante de uma pessoa
necessitada, seu coração não se comove, algo não está funcionando bem. Fiquemos
atentos. Não nos deixemos levar pela indiferença egoísta. A capacidade de
compaixão tornou-se a medida do verdadeiro cristão, ou melhor, do ensinamento
de Jesus.
- E quem é o meu
próximo?
São irmãos e irmãs à beira do caminho, esquecidos, invisibilizados. Devemos ser
capazes de ver Jesus nesses rostos. Às vezes, dentro da nossa própria família,
há alguém à beira do caminho. Precisamos ver, sentir compaixão e cuidar! Só
assim herdaremos a vida eterna!
https://diocesedesaomateus.org.br/wpcontent/uploads/2025/06/13_07_25.pdf
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