sexta-feira, 18 de julho de 2025

- Vi -LITURGIA DO 16.º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

 

 

II-       Vi -LITURGIA DO 16.º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C

 

- O coração da liturgia da Palavra de hoje é o tema da hospitalidade: "Eu era estrangeiro e me acolhestes em casa" (Mt 25,35). A Igreja em saída é também uma Igreja de portas abertas. Como recorda o Papa Francisco: "Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza de uma porta fechada" (EG 47).

- Na Primeira Leitura, vemos Abraão como o grande modelo de hospitalidade no Antigo Testamento. Para os povos antigos, a hospitalidade era algo sagrado, pois se acreditava que os deuses visitavam os homens para provar sua benevolência. O texto bíblico já nos antecipa que quem visita Abraão é o próprio Senhor; no entanto, ele vê apenas três homens. Sem fazer questionamentos, corre ao encontro deles, prostra-se e os acolhe com grande generosidade. Como recompensa por esse gesto, recebe a promessa de um filho: Isaac, fruto de seu matrimônio com Sara. Como diz Jesus: "E quem der, ainda que seja um copo de água fresca, a um destes pequenos por serem discípulos, eu garanto a vocês: não perderá a sua recompensa" (Mt 10,42). Jesus, o Verbo Encarnado, também se apresenta como hóspede. Sem ter "onde reclinar a cabeça", Ele está sempre a caminho, esperando ser acolhido pelos seus. É um "forasteiro" desde o início: rejeitado nas hospedarias de Belém, passando pelo ministério itinerante, até se manifestar, ressuscitado, como peregrino da estrada de Emaús, sendo acolhido e, só então, reconhecido pelos discípulos.

- De muitas formas, o Senhor continua a se apresentar como o Estrangeiro, o Forasteiro, o Peregrino, e espera de nós uma acolhida sincera. Ele não se impõe, mas procura abrigo nos corações. No caminho do discipulado, a primeira atitude de quem se deixa encontrar por Ele é acolher sua Palavra como Maria, que escolheu a melhor parte. Isso não significa desvalorizar o serviço, o "fazer", mas sim reconhecer que, sem escutar a Palavra, o serviço cristão corre o risco de se tornar mero assistencialismo ou uma ONG caritativa, como advertia o Papa Francisco. Abraão ofereceu um banquete, ficou de pé, não comeu: cumpria seu papel de servo. Jesus faz o mesmo: hóspede divino, vem para oferecer, não para receber; Ele nos dá o banquete de sua Palavra e da Eucaristia, esperando nossa atenção e disponibilidade.

- Na Segunda Leitura, Paulo nos recorda que recebemos de Deus a missão de transmitir a sua Palavra em plenitude. Como ele, somos chamados a servir esse banquete sagrado a todos, sem excluir ninguém. Este é o mistério agora revelado: Cristo está presente em todos (cf. Cl 1,27). A Regra de São Bento ensina que "todo hóspede seja recebido como o próprio Cristo, pois um dia Ele dirá: 'Fui hóspede e me recebestes'" (RB 53,1). Acolher o outro, portanto, é um gesto profundamente cristológico. O irmão que chega é o próprio Cristo!

 - É urgente que cultivemos, em nossas comunidades, essa hospitalidade evangélica. Desde um sorriso acolhedor na porta da Igreja até o compromisso de "gastar tempo" com os irmãos. A hospitalidade está em crise em nossa sociedade. O egoísmo, o isolamento, a cultura do "salve-se quem puder" e do "cada um por si" tomam conta da convivência. Enquanto isso, crescem o número dos perdidos e não acolhidos, os que dormem sem um teto nossas cidades, e ainda os que procuram nos consultórios psicológicos uma mínima escuta ou sinal de atenção.

 - Somos chamados a redescobrir o essencial: o encontro com Cristo, que nos convida a escutá-lo, a estar com ele, a nos alimentar de seu Banquete, e sair saciados. Para Paulo, o único necessário é Cristo: sua vida, sua cruz, seu amor entregue, sua ressurreição. Maria e Abraão não desperdiçaram a oportunidade de acolher o Senhor. Desocupemo-nos, pois, um pouco de nossos inúmeros afazeres. Gastemos mais tempo com o Senhor e com os irmãos. Para que, um dia, no Reino dos Céus, possamos ouvir das palavras do Mestre: "Fui hóspede e me recebestes" (Mt 25,35

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