sexta-feira, 11 de julho de 2025

VIII REFLEXÃO DOMINICAL II QUEM É O MEU PRÓXIMO?

 

 

VIII          REFLEXÃO DOMINICAL II

QUEM É O MEU PRÓXIMO?

O Sacerdote e o Levita são membros da hierarquia e, portanto representantes oficiais da igreja, Lucas menciona que eles passaram adiante, não falando o motivo, os dois são conhecedores da Lei de Deus e o que ela ensina em relação a Deus e ao próximo. Com toda certeza não pararam porque estavam sem tempo, porque iam ao templo exercer suas funções sagradas, mas também pode ser, porque julgaram que o homem estivesse morto e a lei proibia-os de se aproximar e tocar em um morto, por causa da questão da Impureza, ainda mais quando no exercício do sacerdócio.

Em nossas comunidades cristãs, em sua grande maioria, não há uma estrutura para atendimento de emergência a alguém ferido, indigente, faminto ou enfermo, dos muitos que perambulam pelas nossas ruas e praças das grandes cidades, mesmo porque, quando alguém insiste em algum projeto assim, vozes veementes defendem a igreja, alegando que tal atribuição pertence ao estado. Um ministro da igreja, que ao se dirigir para o culto, se depara com alguém caído abeira do caminho, poderá no mínimo usar o celular para solicitar o resgate, e isso se tiver tempo... Na comunidade temos a pastoral dos enfermos e os vicentinos que oficialmente assumem essa assistência aos pobres e enfermos e assim, muitas vezes, sempre por absoluta falta de tempo, delegamos ou terceirizamos a caridade. Também não vamos desmerecer as lideranças religiosas, os ministros da igreja, talvez ao chegarem à comunidade, para exercerem as suas funções, irão comunicar a pastoral responsável, para que tome providências em relação ao homem ferido na beira do caminho.

Aquele doutor da lei, que abordou Jesus fazendo a clássica pergunta “O que devo fazer para ir para o céu”, esbanjou conhecimento teológico respondendo exatamente o que dizia a lei, a respeito do amor a Deus e ao próximo. Foi realmente brilhante na prova oral, porém, na aula de laboratório, que envolve a prática, o sabidão tremeu na base, quando Jesus lhe propôs: “Vá e faze o mesmo!” e perguntando “com ares de importante:” "E quem é o meu próximo?” Geralmente não sabemos quem é o nosso próximo, muito embora às vezes esteja tão perto...”.

O Samaritano é alguém “desqualificado” e em uma prova oral, sobre o conhecimento da lei, certamente iria levar “bomba”, pois além de não pertencer à religião oficial, muito menos freqüentava a gloriosa escola dos mestres da lei, e nem conhecia dogma ou doutrina, revelações divinas ou profecias. Entretanto compadeceu-se do homem ferido, que estava caído à beira da estrada, que talvez nem fosse “flor” que se cheirasse, algum dependente químico ou usuário de droga pesada, alguém fichado na polícia, vamos ser bem sinceros, quem vai perder tempo com um tipo desses, nos dias de hoje?

Mas em um coração compadecido não há lugar para dúvidas ou qualquer outro questionamento, e o samaritano, mal visto pelos judeus, deu aquele homem desconhecido um atendimento de primeira, prestou o primeiro socorro, amenizou a dor das feridas derramando óleo e vinho, carregou-o ao colo colocando-o sobre o seu próprio animal e o levou, não ao SUDS, mas para uma hospedagem particular, onde procurou o dono da pensão e pagou adiantadas duas moedas de prata, tendo recomendado que desse todo atendimento necessário aquele homem, e que ao retornar se sua viagem de negócios acertaria o restante da despesa pela hospedagem. O mais interessante é que Jesus deixa para o doutor da lei a incumbência de responder, qual dos três passantes agiu corretamente, segundo a vontade de Deus e neste momento, o samaritano desqualificado supera os membros oficiais da hierarquia, pois segundo a resposta daquele especialista em leis, ele fez a vontade de Deus porque agiu com misericórdia para com o próximo.

E assim podemos concluir que nesta vida somos a todo instante avaliados por Jesus, em uma prova prática, quando deparamos com pessoas feridas, que têm necessidades das mais diversas, e nem sempre precisamos procurar a beira do caminho, já que às vezes, esse ferido e semi morto está bem ao nosso lado, na família ou na comunidade.  Que o nosso amor seja sempre sem medidas, pois ele deve estar bem acima de qualquer lei, dogma ou conhecimento teológico, sendo este o culto verdadeiramente agradável a Deus, segundo a liturgia desse XV Domingo do Tempo Comum.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  
jotacruz3051@gmail.com

http://npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0087.htm#msg01

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