sábado, 13 de setembro de 2025

Vl- REFLEXÃO DOMINICAL I “VITÓRIA, TU REINARÁS! Ó CRUZ, TU NOS SALVARÁS!”

 

Vl-     REFLEXÃO DOMINICAL I

 

“VITÓRIA, TU REINARÁS! Ó CRUZ, TU NOS SALVARÁS!”

 

No Evangelho de hoje, ouvimos parte da conversa entre um importante líder dos judeus, chamado Nicodemos, e Jesus. Temendo por sua reputação, Nicodemos procura a Jesus na calada da noite e Ele se deixa encontrar. Toda pessoa de boa vontade procura a verdade e a verdade é Jesus. A narrativa muito conhecida da serpente que fora elevada em uma haste por Moisés no deserto como sinal de cura, era para os judeus a prova do poder divino, capaz de transformar o mal em bem, a morte em vida. Jesus ressignifica essa tradição como profecia de seu próprio destino. A serpente significou para o povo da bíblia a materialização do mal. Astuta, sorrateira, “inimiga da humanidade” (Gn 3,15), escondia-se na areia atacando traiçoeiramente o caminhante incauto, cravando as presas em seu calcanhar e injetando veneno. A morte era certa e marcada por grande sofrimento. Assim como nossa jornada neste mundo, atravessar o deserto em busca da terra prometida supõe o enfrentamento de riscos, desafios e desapegos. Se nos deixamos levar apenas por nossos instintos e a satisfação de nossos desejos, seduzidos pela busca de segurança, prestígio e conforto a qualquer preço, perdemos o sentido de nossa vida, a eternidade, que só em Deus se pode realizar. Na primeira leitura, ouvimos como um povo ferido pelas consequências de seu pecado suplica pela intervenção divina. O que é o pecado se não a recusa ao plano de Deus? O Senhor os atende enviando-lhes um antídoto contra o veneno mortal, a própria serpente levantada numa haste como um sinal para que todo aquele que para ela olhar reconheça o poder de Deus sobre o pecado e a morte. O Senhor, sempre bondoso e compassivo, perdoava-lhes a infidelidade, curando seus males, mesmo sabendo quando apenas o honravam com seus lábios, mas mentiam a Ele com suas línguas, conforme o Salmo 77, entoado na liturgia hoje. A vida eterna não é mérito nosso, mas graça de Deus que a todos quer salvar. Na segunda leitura, o apóstolo Paulo nos ensina que Jesus, tendo vivido nossa condição humana, mesmo sem ter cometido nenhum pecado, foi tratado por Deus como se tivesse cometido todos os pecados do mundo: “Aquele que não conheceu o pecado, o fez pecado por nós, para que nele, fossemos feitos justiça para Deus” (2Cor 5,21). Inocente, Jesus abraçou livremente a paixão, entregando-se à morte e morte de cruz para a salvação do mundo. Desde seu nascimento Ele esteve entre os últimos da terra, assumindo nossas dores e a pena pelos nossos pecados. Por seu sacrifício somos resgatados para Deus. Por isso, diz São Paulo, e nós cremos: “Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima todo nome”. Nós exaltamos a sagrada Cruz, adoramos e bendizemos, porque dela pendeu a salvação do mundo. Não qualquer cruz, que vazia e sem vestígios do sangue de nosso Senhor poderia significar as muitas formas de sofrimento e morte a que estamos sujeitos, mas sem o influxo da ressurreição. Veneramos a cruz de Jesus Cristo e preservamos os sinais de seu sacrifício por nós. Nas palavras do saudoso Papa Francisco: “O crucifixo não é um ornamento, uma obra de arte, como se vê por aí. O crucifixo é o mistério do aniquilamento de Deus, por amor. Não feito por magia, não. Foi feito com o sofrimento do Filho do Homem, torturado, um Deus esvaziado de sua divindade, sujo pelo pecado que, ao se aniquilar, destrói para sempre o poder do mal, elevando a humanidade até o céu”.

Pe. Jorge Bernardes Vigário Episcopal e Geral para a Região Ipiranga

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